Projeto - O Ensino de Libras para Crianças Ouvintes
Por: Rayanne Andrade • 18/6/2017 • Seminário • 2.662 Palavras (11 Páginas) • 3.123 Visualizações
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PROJETO: LIBRAS – TRABALHANDO A DIVERSIDADE E INCLUSÃO NA ESCOLA
Lucineide Tavares dos Santos
Rayanne Mara de Arruda de Andrade
Thaís Aquino Sigarini Botelho
1. INTRODUÇÃO
No momento em que começamos a atuar na escola percebemos que esta atende a vários alunos, dentre estes, o aluno surdo. Em cada sala com aluno surdo é disponibilizado um intérprete que o auxilia na comunicação e no processo de ensino-aprendizagem. Nas salas em que havia o aluno surdo e o intérprete percebemos certa inquietação por parte dos demais alunos. Esses se mostravam curiosos ao ver a maneira pela qual se comunicavam, que era totalmente diferente da comunicação usual e que, por várias vezes, mostravam interesse em aprender.
Assim, se de um lado temos a educação escolar na perspectiva de uma escola inclusiva e, de outro, os alunos dispostos a aprender novas linguagens que propiciam a interação entre os pares. Então, porque não aproveitamos essa curiosidade e essas vivências para ensinar Língua Brasileira de Sinais (Libras)?
Assim, o presente projeto surgiu da possível oportunidade de favorecer a aquisição de novos conhecimentos que estimulem os desenvolvimentos cognitivo/linguístico e sócio afetivo necessários para o pleno desenvolvimento da criança, por meio do uso da Libras. A Libras se apresenta como um facilitador na interação professor-aluno e aluno-aluno, sendo esta de extrema importância para a inclusão e socialização.
A socialização da Libras oportuniza a abertura de portas na comunicação do surdo para com os demais ouvintes, tanto no âmbito escolar como no âmbito social. Atualmente, mais do que nunca nos encontramos em uma sociedade que luta pela inclusão e pela igualdade de direitos. O fato do aluno surdo frequentar uma escola comum não lhe garante a inclusão total, pois o mesmo fica preso somente ao intérprete que muitas vezes é o único que se comunica com o aluno. Desta forma, percebe-se a necessidade de difundir tais conhecimentos para que de fato ocorra a inclusão deste aluno para com o professor e com seus pares.
Portanto, este projeto visa propor situações de vivências e experiências usando a Libras, mediante o desenvolvimento de atividades voltadas para os alunos do terceiro e quarto ano do Ensino Fundamental.
3. JUSTIFICATIVA
Para elaborar um projeto voltado para o atendimento de crianças que se encontram no terceiro e quarto ano do Ensino Fundamental, devemos primeiramente destacar o que é o Ensino Fundamental, quais as concepções desta educação. O Ensino Fundamental se configura como a segunda etapa da educação básica, cuja finalidade está voltada para o desenvolvimento integral da criança.
Segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos (2010, p.9), nesta fase da educação, a criança: “[...] desenvolve a capacidade de representação, indispensável para a aprendizagem da leitura, dos conceitos matemáticos básicos e para a compreensão da realidade que a cerca, [...].”
Desta forma acrescentamos que o Ensino Fundamental deve favorecer à criança a oportunidade de explorar o mundo, a estimulação adequada para o desenvolvimento das linguagens, o apoio na aquisição de novas habilidades e conhecimentos, criando oportunidades de desenvolver a autonomia e independência, ajuda para aprender a entender e controlar o próprio comportamento, e a oportunidade diária de brincar e manipular livremente uma variedade de objetos cotidianos.
Nesta etapa da educação básica, a criança se constitui como sujeito participante, sendo resguardada pelo direito de aprender e conviver. E é nesta perspectiva de educação que a criança deve ter a liberdade de construir o conhecimento, através de suas vivências e experiências sociais que a levem à reflexão e aquisição por saberes antes desconhecidos, de forma que gere o sentimento de pertença e cujos aprendizados lhes sejam significativos.
Para a criança, o mundo é percebido em todos os sentidos, permitindo a ela o conhecimento das várias linguagens e o contato com diversas experiências, sendo que isso ajuda a refletir, desenvolver sentimentos, emoções, valores e a criticidade do mundo que a cerca. O seguinte projeto compactua com a concepção de criança, exposta no Referencial Curricular da Educação Infantil:
[...] sujeito social e histórico e faz parte de uma organização familiar que está inserida em uma sociedade, com uma determinada cultura, em um determinado momento histórico. É profundamente marcada pelo meio social em que se desenvolve, mas também o marca. [...] as crianças possuem uma natureza singular, que as caracteriza como seres que sentem e pensam o mundo de um jeito próprio. (BRASIL, 1998, V.1, p. 21)
Para aproveitar essa curiosidade na aquisição de conhecimentos será realizada uma breve contextualização sobre o que é e onde surgiu a Libras, bem como a necessidade de se aprender, visando a quebra de barreiras para a comunicação com o surdo. Levando em consideração a necessidade da comunicação no âmbito educativo, favorecendo ambos os lados: dos ouvintes e dos surdos. A única forma de comunicação da criança surda, ocorre através da Libras, dessa forma é de extrema importância disseminar estes conhecimentos para que de fato ocorra a inclusão e socialização da criança surda com seus pares.
De acordo com Araújo, Silva e Sousa (2006), no princípio, os surdos eram afastados da sociedade, sendo muitas vezes abandonados ou sacrificados. Por tempos acreditou-se que a surdez causava inferioridade na capacidade cognitiva, com isso o surdo foi visto como uma pessoa incapaz de ser ensinada. No entanto, a diferença entre um surdo e um ouvinte é de que o surdo apenas se comunica de forma diferente, sendo suas capacidades cognitivas as mesmas de um ouvinte, ou seja, já não são tratados como deficientes.
Uma das maiores dificuldades dessa inclusão na área da educação é a comunicação. Neste contexto, o intérprete é de extrema importância para que esta comunicação ocorra e para que o processo de ensino e aprendizagem se efetive, no entanto não podemos focar somente no intérprete, devemos considerar que em uma escola o surdo também está cercado por colegas ouvintes.
Na pesquisa das autoras Araújo, Silva e Sousa (2006) foi analisado que os estudantes ouvintes apresentam desejo em aprender a Libras, dessa forma criando possibilidades de interação, socialização e comunicação para com a comunidade escolar. Tendo como resultado a inclusão visando o crescimento pessoal e profissional de todos.
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