APLICAÇÃO DE TÉCNICAS QUÍMICO-MINERALÓGICAS PARA O ESTUDO DE SUPORTES ROCHOSOS DE SÍTIOS DE ARTE RUPESTRE.

INTRODUÇÃO

A maior importância de estudar e preservar o patrimônio arqueológico brasileiro é porque ele

permite o contato entre o hoje e o passado. É através da comunicação entre os vestígios pré-

históricos e o estudo de seus significados, que se pode elucidar importantes questões de como era a

vida de nossos antepassados, que não estão mais aqui para nos dizer, nem tampouco deixaram

documentos escritos para descrevê-los. É portanto apenas pela arqueologia que se pode obter

algumas informações sobre esse passado que a cada dia se apresenta mais longínquo e

interessante.

A Arqueometria é uma área de pesquisa dentro da arqueologia em que se faz estudo de

artefatos através de técnicas das ciências exatas, dentre elas a química e a física, é nessa área que

se tem métodos químicos e físicos como ferramentas adequadas para obtenção de informações de

grande importância para que se tenha o entendimento de parte da história do homem existente em

objetos e construções por eles deixados há muito tempo atrás (FELICÍSSIMO et al. , 2004).

O longo tempo de exposição de um painel rupestre termina por criar uma alteração superficial

às camadas de pinturas e/ou gravuras elaboradas pelo homem. Tal depósito é chamado de pátina e

sua espessura é diretamente proporcional ao tempo de exposição que a obra ficou. É importante

ressaltar que tal depósito pode ser intencional ou não. Dentre os naturais o mais comum é devido a

presença de poeira. Há também outros depósitos naturais como por exemplo, ninhos ou casas de

insetos construtores como os cupins, as vespas e os dejetos de roedores, que sobrepõem as

pinturas, dificultando sua visualização e seus estudos, porém são não intencionais (WEIL, 2006;

Lage, 2007). O objetivo principal do presente estudo foi o de efetuar a análise químico-mineralógica

dos diferentes depósitos de alteração, principalmente do tipo pátina natural, visando o fornecimento

de dados para os trabalhos de conservação dos sítios de arte rupestre.

O fundamento base na conservação de sítios arqueológicos é o reconhecimento da

singularidade dos registros rupestres ali presente, onde nem a instância estética, nem a histórica

pode ser restaurada, sob castigo de perda de autenticidade (LAGE et al., 2009).

É essencial que se tenha o conhecimento dos fatores responsáveis pela degradação dos

painéis pré-históricos. Porque irá permitir que ações interventoras sejam realizadas para preservar os

registros ainda existentes. O estado em que se encontram os sítios arqueológicos é algo que tem

sido motivo de grande preocupação, já que alguns deles encontram-se em situações de risco, alguns

até em estado de destruição total (ALVES, 2010).METODOLOGIA

As amostras coletadas para análise foram tiradas no Sítio Toca da Onça, que fica no

Povoado Pico dos André, localizado a 25 quilômetros da sede do Município de Castelo do Piauí, o

acesso se dá pela PI 322 que liga o município a Buriti dos Montes, nesse sítio encontra-se pinturas e

gravuras rupestres.

Primeiramente houve a ida ao campo, para coletar os dados sobre o painel rochoso. Para a

chegada ao sítio fez-se necessário a presença de um morador local para que este pudesse auxiliar

como guia local e ajudar no reconhecimento da vegetação e dos animais do entorno. Em seguida

realizou-se o levantamento fotográfico com escala IFRAO. As amostras foram coletadas sobre o

painel rochoso utilizando-se de instrumentos pontiagudos e com todo o cuidado para que não fossem

causados quaisquer danos ao suporte, o procedimento utilizado não comprometeu a preservação do

painel, devido a pequena quantidade de amostra coletada.

Todas as amostras foram retiradas do Sítio Toca da Onça, em seguida as mesmas foram

analisadas em laboratório com a técnica analítica Espectroscopia de Infravermelho.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O sítio arqueológico Toca da Onça, trata-se de um abrigo sob-rocha arenítica, com elevado

estado de degradação natural. O principal problema de conservação encontrado foi a presença de

eflorescência salina que causa o desplacamento e como consequência tem-se a perda do registro

rupestre.

Minerais como o quartzo fez-se presente em todas as amostras analisadas e a dickita nas

amostras I e II; porém minerais como, calcário, mica, arnito, sienito, diabásico, halita, ankerita, calcita,

goethita e muscovita não foram identificados por não possuírem database de espectros de

infravermelho.

De acordo com Cavalcante (2008) em meio a origem natural têm-se o que se dá através da

própria formação do suporte rochoso (infiltrações, desplacamento e rachaduras), depósitos