Deans: Um grito de justiça
Por: Gessica Chaves • 10/3/2019 • Trabalho acadêmico • 792 Palavras (4 Páginas) • 154 Visualizações
O filme 'Daens, um grito de justiça' se passa em Allst, Bélgica, no final do século XIX, em plena revolução industrial e gira em torno da vida dos trabalhadores da cidade e as mudanças que a própria revolução industrial trouxe. Baseado na novela intitulada 'Pieter Daens' de Louis Paul Boon, o filme retrata questões comuns aos textos de Renato Ortiz e Octavio Ianni, e importantes do período, tais como: divisão e luta de classes, condições e relações de trabalho, pauperismo, entre outros.
Vemos em ambos os suportes que o século XIX foi marcado por descobertas e avanços em vários campos, o que possibilitou avanços tecnológicos significantes, como a mecanização das indústrias, sobretudo as têxteis, e a criação de ferrovias. Esta última principalmente foi elemento fundamental no desenvolvimento capitalista, pois impulsionou a indústria de metalurgia e facilitou a distribuição de mercadorias. Dessa forma, fica claro que o desenvolvimento econômico está diretamente relacionado ao progresso da técnica, e à medida que novas tecnologias aparecem, vão ocorrendo mudanças na organização da sociedade e na cultura.
Sabe-se que à medida que o capitalismo avança, a comunidade, comunitário, vai sendo substituída pela ideia de sociedade, e com isso a própria forma de sociabilidade muda. As formas de se relacionar mudam, e tradições vão perdendo importância na sociedade urbano-industrial, burguesa, e de classes.
Tudo se torna mercadoria, e a força do capital dita às relações.
Na base dessa sociedade, que o filme retrata e os textos ajudam a entender, está o trabalhador, que sustenta o sistema capitalista submetendo-se a jornadas de trabalho mais que árduas, a troco de um salário quase inexistente, vivendo por consequência em absoluta miséria. Assim vê-se o processo de pauperização do trabalhador.
Com salários muito baixos e o aumento da produção nas fábricas possibilitada inclusive pelo advento das máquinas, a população não tinha condições financeiras de consumir toda a mercadoria produzida. Assim fica claro que há um descompasso entre o que é produzido e de fato consumido, resultando na crise citada no filme.
A diferença social é algo destacado, com sua separação em classes, a burguesia e o proletariado mostra como essas massas eram tratadas durante o período. A miséria ao lado da classe trabalhadora, esta que foi obrigada a sair do campo para acompanhar a ‘evolução’, no interior de uma paris superpovoada, sufocante e miserável’’ - descrição citada no texto de Ortiz, Os Dois Séculos, (1998) - mortes por acidentes nas indústrias, por fome, congelamento entre vários outros, evidenciam a separação do povo.
De um processo longo, onde gradualmente a indústria se difunde com o campo, a tecnologia automatiza alguns processos fazendo os trabalhadores se retirarem de um trabalho artesanal agora inexistente e inseridos na industrialização sendo obrigados a se adequar a esse avanço. Eles são jogados em uma sociedade onde a igualdade não passava de uma utopia.
Mesmo como base da sociedade, a paris dos operários onde se instalava as fabricas, que cresciam a economia parisiense, era vista como obscura, por seu ‘’não desenvolvimento’’ social, que de certa forma era tomado da classe já que nem a educação eles tinham acesso, ao contrario da burguesia que era
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