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Brasil: O mito fundador e sociedade autoritária

Por:   •  3/9/2015  •  Resenha  •  487 Palavras (2 Páginas)  •  2.341 Visualizações

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O objetivo principal da autora Marilena Chauí no livro Brasil: O mito fundador e sociedade autoritária é discutir o ‘mito fundador’ do Brasil, uma representação simbólico-ideológica que consegue fazer com que haja de parte de brasileiros um sentimento de pertença, de enaltação das riquezas naturais, de identificação pela língua nesta mistura multicor, embora as condições sociais nem sempre indiquem tal pertença, inclusão e participação cidadã. No primeiro capítulo, Com fé e orgulho (p.5-10), a autora descreve diversas expressões presentes no imaginário popular brasileiro a respeito do país Brasil, suas qualidades, riquezas e potencialidades. Trata-se de uma crença generalizada que tem uma grande força de persuação no sentido de resolver “imaginariamente uma tensão social” e produzir uma “contradição que passa despercebida”. A autora usa o termo mito fundador como conceito teórico para trabalhar essas questões. Sua definição para mito é: “solução imaginária para tensões, conflitos e contradições que não encontram caminhos para serem resolvidos no nível da realidade” (p.9). Mitos não é somente solução imaginária, mas narrativas que querem instaurar valores de comportamentos. Na fusão dos sentidos, a autora chega a um consenso que mito nada mais é que “aquele que não cessa de encontrar novos meios para exprimir-se, novas linguagens, novos valores e idéias, de tal modo que, quanto mais parece ser outra coisa, tanto mais é a repetição de si mesmo” (p.9). No segundo capítulo, a autora argumenta a questão da Nação como semióforo. Semióforo é uma palavra grega, onde semeion “sinal” e phoros “trazer para frente”, “expor” e “pegar”. O significado do conceito é expresso pela autora da seguinte forma: “um signo trazido à frente ou empunhado para indicar algo que significa alguma outra coisa e cujo valor não é medido por sua materialidade e sim por sua força simbólica” (p.12). Mas adiante a autora defende que um semióforo não pode ser produzido na sociedade capitalista, logo que sua tendência é reduzir a mercantilidade. Um semióforo também traz o sentido de poder e prestígio na sociedade moderna na qual o poder político toma o papel de semióforo principal. Neste sentido, o semióforo-matriz ou fundamental, como lugar e guardião dos semióforos públicos, é a nação. Sobre nação, a autora afirma tratar-se de uma invenção histórica recente, cujo nascimento pode ser datado por volta de 1830. Através do autor Eric Hobsbawn, ela discute a construção do semióforo nação. Tendo como fundamento três bases: de 1830 a 1880 fala-se de ‘princípio de nacionalidade’(vincula nação e território), de 1880 a 1918, de ‘idéia nacional’(articula nação com língua, religião e raça) e de 1918 a 1950-60, de ‘questão nacional’ (consciência nacional, defendida por um conjunto de lealdades políticas). Para terminar o capítulo, a autora discute as celebrações dos ‘500 anos’ como um semióforo historicamente produzido por tratar-se de uma entidade mítica, uma reatualização de nosso mito fundador. Contudo, por meio destas discussões esboçadas por Chauí, podemos pensar que o conceito de semióforo abarca também uma relação entre mito e identidade.

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