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O Negro no mundo dos brancos

Por:   •  8/4/2018  •  Trabalho acadêmico  •  1.208 Palavras (5 Páginas)  •  296 Visualizações

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Durante a disciplina, abordamos o racismo como um dos temas principais do nosso estudo, por isso, este trabalho objetiva, por meio de uma entrevista com a Helena Bretas, uma estudante de Engenharia da Universidade Federal Fluminense e membro do movimento UNEGRO (União de Negros e Negras pela Igualdade), reiterar este assunto, ainda tão intrínseco e, principalmente, velado na formação da realidade brasileira.

Inicialmente, Helena nos introduziu sobre o que é a UNGERO. Esta entidade está organizada em 26 estados brasileiros, com sedes estaduais, municipais e uma nacional, tornou-se uma referência internacional e tem cerca de mais de 12 mil filiados em todo o país. A UNEGRO do Brasil foi fundada em 14 de julho de 1988, em Salvador, por um grupo de militantes do movimento negro para articular a luta contra o racismo, luta de classes e combater as desigualdades. Além disso, a UNEGRO também procura articular políticas públicas, pressionando o governo, para combater o racismo.

Helena conta que sua mãe foi quem fundou a UNEGRO no Rio de Janeiro e as duas militam na entidade há 4 anos, desde que sua mãe voltou, após se afastar por um período. Em uma de nossas primeiras perguntas, questionamos a Helena como ela se reconheceu como negra. Ela nos contou que desde pequena ela soube que teria que enfrentar o racismo, pois quando nasceu sua própria avó a rejeitou. Como a mesma disse, ela (a avó) sempre quis ter uma neta branca, porém, ela só foi ter noção e entendimento do racismo velado, quando cresceu e entrou numa escola pública, onde percebeu que, ali, todos tinham realidades muito parecidas ou até piores, por serem negros. Ela entendeu o valor que carregava consigo por conta da estética quando situações cotidianas a mostravam o racismo. Como, por exemplo, quando falavam a respeito de seu cabelo, que era bonito, mas que seria mais bonito se ela o alisasse.

Isso nos mostra muito do que estudamos em Florestan Fernandes, que as pessoas acreditam em uma “democracia racial” que não existe. A população branca tem dificuldade em aceitar, de fato, uma pessoa negra, e como Abdias Nascimento também propôs em sua obra, os brancos tentam embranquecer a população negra a todo custo. No entanto, deve-seressaltar que a questão racial no Brasil é fruto de fatores econômicos, sociais e culturais que perpassam as relações e fortalece o ideário de inferioridade em que o negro ainda é visto. De acordo com o artigo deClaudia Alves, a ilusão de uma democracia racial é difundida, inclusive, na Universidade. Porém, a desigualdade racial se faz presente tanto nas relações sociais e de trabalho, quanto no ingresso ao Ensino superior, e, sobretudo, na introdução aos cursos de Medicina, Direito, Engenharia, dentre outros. Nestes cursos superiores, os alunos costumam ter um preconceito, pois a maior parte das turmas é composta por uma elite branca, que se acha superior aos outros alunos, ainda mais quando estes outros são negros e cotistas.

A militante ainda diz de onde surgiu a sua vontade de militar, contando quesempre foi uma das pessoas nos ambientes escolares que não se reconhecia no mesmo. Tinha noção da desigualdade, porém, somentequando começou no ensino médio público, se identificou com as pessoas pois encontrou realidades parecidas com a sua. Não havia qualidade educacional. Quando passou para a universidade por meio das cotas, viu que o espaço da universidade não estava preparado para receber negros dentro da mesma, daí surgiu a vontade de lutar por um ambiente mais igualitário.

Helena continua dizendo que, um sistema maior estava por cima de todos e ela precisava fazer alguma coisa. É difícil ser mulher negra no curso (Engenharia), porém, hoje em dia, o quadro é um pouco diferente por conta do avanço das cotas. Antes não havia identificação alguma. Subestimam a capacidade da mulher, principalmente por ser negra, na Engenharia. As pessoas acham que o cotista diminui a qualidade da universidade, que não tem condições de estarem lá dentro. Em suas palavras, Helena discorre sobre o racismo entrelaçado na sociedade e também dentro da universidade, que por acharem que por ser negro, o aluno é incapacitado.

A militante da UNEGRO ainda ressalta sobre o debate na Engenharia, que, diferentemente do nosso curso (Serviço Social), não tem tanta conscientização a respeito das cotas como medida “inclusiva” dos negros no ambiente da Universidade. Muitos dos alunos acreditam que a cota é um atraso, estes não têm informações a respeito desta medida e a militante diz que ainda é um assunto sendo trabalhado aos poucos.Ela ainda nos diz que a todo momento o negro precisa se afirmar capaz para o branco. Estes não os reconhecem como capazes.

Helena

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