O SERVIÇO SOCIAL E O PAPEL DO ASSISTENTE SOCIAL
Por: lanna3 • 3/9/2015 • Pesquisas Acadêmicas • 2.616 Palavras (11 Páginas) • 650 Visualizações
O SERVIÇO SOCIAL E O PAPEL DO ASSISTENTE SOCIAL
O SERVIÇO SOCIAL E O PAPEL DO ASSISTENTE SOCIAL
O serviço social tem sua origem fundamental com o surgimento do capitalismo e da exploração da mão de obra dos trabalhadores. Com a Revolução Industrial e o inchaço populacional das metrópoles, cresce a pobreza e a exploração da mão de obra. Para conter as massas trabalhadoras e os pauperizados insatisfeitos e explorados que se rebelavam contra a burguesia capitalista, o Estado intervinha com ações de mediação assistencialistas, criando a figura de um profissional que atuaria como mediador das relações estabelecidas entre classe trabalhadora e burguesia. Surge o assistente social, que, historicamente, foi recrutado pelo Estado no seio das práticas caritativas da Igreja Católica.
A tarefa de racionalizar a assistência impusera-se ao final da primeira metade do século XIX, pois os trabalhadores revelavam-se inarredáveis de sua causa, não obstante tivessem sofrido importantes derrotas naquele momento. Da aliança da alta burguesia inglesa com a Igreja e com o Estado nascera, sob a iniciativa da primeira, a Sociedade de Organização da Caridade. Em seus esforços de racionalizar a assistência, ela criara a primeira proposta de prática para o Serviço Social no terço final do século XIX. Entendia a Sociedade que só coibindo as práticas de classe dos trabalhadores, impedindo suas manifestações coletivas e mantendo um controle sobre a “questão social” é que se poderia assegurar o funcionamento social adequado. (MARTINELLI, 1997, p. 99)
A história do serviço social, que tem quase dois séculos de existência, passou por uma dinâmica, assumindo várias faces até chegar ao que é hoje. Foram excluídas e inseridas idéias e formas de atuação que atendessem às demandas sociais vigentes em cada época.
Os profissionais precisaram assumir novos posicionamentos, que iriam refletir em novas formas de conduta, bem como em novas maneiras de lidar com os problemas.
O serviço social, enquanto profissão criada para cumprir determinada tarefa na sociedade capitalista, carrega no seu interior contradições e antagonismos que se explicitam na análise da sua trajetória histórica de prática com as classes sociais.
Assumindo a atribuição de realizar a intermediação entre o poder institucional que executa as políticas oficiais e a população “receptora” dessas políticas, o serviço social, como produto histórico, é condicionado pela configuração estrutural da sociedade na qual se desenvolve e pelo movimento tenso e conflitual das conjunturas particulares de cada período (RAICHELIS, 1988, p. 62).
Do início do serviço social no Brasil, com a fundação da primeira Escolaem São Paulo, 1936, até os dias atuais, há um contexto de muitas mudanças econômicas e políticas que impulsionaram um novo desenho social; isso acarretou diferentes demandas a serem respondidas pelo serviço social. E as respostas a estas demandas tiveram que surgir,
A criação da primeira escola de serviço social do Brasil se dáem São Pauloem 1936, num contexto político conturbado, às vésperas da ditadura que implanta o Estado Novo, quando o processo de repressão ao movimento popular, particularmente o operário, alcança níveis insustentáveis. (RAICHELIS, 1988, p.64)
Desde a criação da primeira escola de Serviço Social no Brasil até o momento atual, a profissão passou por mudanças consideráveis, mas, sem dúvida, o grande marco dessas mudanças foi o movimento de reconceituação.
Para Marilda V. Iamamoto, o movimento de reconceituação é definido como:
O movimento de reconceituação, tal como se expressou em sua tônica dominante na América Latina, representou um marco decisivo no desencadeamento do processo de revisão crítica do Serviço Social no continente... foi, na sua especificidade, um fenômeno tipicamente latino-americano. Dominado pela contestação ao tradicionalismo profissional, implicou um questionamento global da profissão: de seus fundamentos ídeo-teóricos, de suas raízes sociopolíticas, da direção social da prática profissional e de seu modus operandi... Recusa-se o caráter paliativo, burocratizado e inespecífico da prática profissional e fundamentalmente o seu alheamento das questões sociais e históricas da América Latina. Os “modelos de intervenção” importados são submetidos ao crivo da crítica, que aponta a inadequação e inoperância do arsenal operativo voltada para uma atuação microscópica ante os “problemas sociais”, metamorfoseados em problemas dos indivíduos isolados, tidos como fundamentos de uma ordem social naturalizada (IAMAMOTO, 2007, p. 205 e 206)
O movimento de reconceituação ocorrido dentro do serviço social, mobilizou profissionais de toda a América Latina, sendo o início de um processo de reconhecimento da realidade social, bem como do reposicionamento dos Assistentes Sociais diante dos contextos socioeconômicos, identificando-os como profissionais inseridos na luta de classes.
Era um momento de mudanças de comportamento devido ao expansionismo do capitalismo e, sobretudo, pelas lutas de classes amparadas pelos ideais socialistas. Reavaliar a profissão e romper com os conceitos comportamentais e tradicionalistas europeus foi a principal bandeira do movimento de reconceituação; movimento de denúncia e de questionamento social.
Apesar da temática de rompimento com o tradicionalismo, o movimento de reconceituação não foi homogêneo em toda a América Latina. Os contextos sociopolíticos e econômicos distintos atribuíram traços de diversidade ao movimento. Mas, não deixaram de contribuir positivamente para a formação de um novo serviço social.
Um esforço de teorização do Serviço Social era imperativo inadiável, nesta fase da sua evolução no Brasil. Esse esforço compreenderia a busca de análise e síntese dos seus componentes universais, dos seus elementos de especificidade e de sua adequação ao contexto econômico social da realidade brasileira.
O Comitê Brasileiro da Conferência Internacional de Serviço Social (CBCISS) deliberou convocar um grupo de assistentes sociais, representativo das várias regiões do país, vinculados aos diferentes campos e níveis de atuação, portadores das mais variadas experiências profissionais, para solidariamente tentar responder àquele imperativo. (CBCISS,1986, p.19 e 20 )
Três encontros fizeram parte do movimento de reconceituação do serviço social, num processo de definir teorização, metodologia e cientificidade da profissão. Em cada encontro, identificados como Seminários I, II e III, os assistentes sociais formularam documentos importantes com diretrizes de bases para sua prática profissional.
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