O Serviço Social

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

LUIZA CRISTINA RODRIGUES SILVA

PESQUISA SOCIAL E SERVIÇO SOCIAL

Rio de Janeiro

2017

TRABALHO DE OBSERVAÇÃO – LUGAR FAMILIAR

Para realizar esse trabalho escolhi uma situação que faz parte do meu cotidiano, andar de metrô. Pego o metrô de segunda à sexta no horário da tarde, geralmente às 17h, para chegar à faculdade. O trajeto que eu faço de Irajá a Botafogo dura cerca de 40/45 minutos. Poderia observar muitas coisas ao longo desse percurso, mas, na maioria das vezes me encontro lendo algum texto da faculdade ou usando o celular, o que prende totalmente a minha atenção. No dia 20 de março, quando decidi que faria o trabalho de observação nesse ambiente, me deparei com momentos que jamais perceberia se não fosse tal proposta. Entrei no ultimo vagão do metrô sentido zona sul, já atrasada (por volta das 17h30) e não consegui lugar pra sentar, fiquei em pé ao lado da porta torcendo para que alguém descesse na próxima estação e eu pudesse me sentar. Quando um rapaz se levantou eu pude perceber que não era a única pessoa ali esperando por esse momento, pois, logo em seguida uma mulher veio depressa ocupar o lugar que ficou vago por breves segundos. Só consegui um lugar 4 estações depois. Ao meu redor pude perceber o silêncio que só era quebrado pelo anuncio da próxima estação. Silêncio que não perdurou por muito tempo, ao chegar na estação Nova América o vagão que eu estava encheu mais um pouco, duas moças se situaram a minha frente e conversaram sobre diferentes assuntos até uma delas descer 3 estações depois. A maioria das pessoas ali presente se distraiam com algo na tela de seus smartphones ou então usavam fones de ouvido. Identifiquei-me com dois jovens próximos a mim que ora usavam o celular, ora liam seus textos xerocados, provavelmente acadêmicos. Notei que a maior parte dos idosos naquele vagão permaneceram em silencio durante o seu trajeto, não usavam o celular (na verdade, nem sei se os tinham) como a maioria ali. O silêncio logo deu espaço a diferentes sons quando chegamos à estação Central, muitas pessoas saindo e o dobro entrando no vagão. Gente com as mais diversas características, desde o vendedor ambulante anunciando a “oferta imperdível” da caixinha de bala Mentos por um real ao turista francês tentando se comunicar em busca de informações. Aquele ambiente logo ficou repleto de homens e mulheres adultos vestindo roupas formais. Alguns conversaram entre si sobre o dia de trabalho, política e até assuntos pessoais, como a visita à casa da sogra no final de semana. Ao chegar na zonal sul o vagão começou a ficar menos cheio e como consequência, o frio tomou conta. Os desavisados, provavelmente não têm o hábito de usar esse meio de transporte (que está sempre congelando), sem agasalho comentam sobre a baixa temperatura do vagão mostrando a pele arrepiada de frio. Quando chegamos a Botafogo (ultima estação de transferência) todos são obrigados a sair do vagão, superlotando a plataforma e dificultando um pouco a passagem. Sigo então para a faculdade refletindo sobre como nós por vezes deixamos de perceber detalhes e observar o outro por simplesmente estarmos presos somente à nossa individualidade.

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