OBJETIVOS E OBJETOS DO SERVIÇO SOCIAL
Por: Taty Bonetti • 7/3/2016 • Trabalho acadêmico • 1.149 Palavras (5 Páginas) • 4.005 Visualizações
O trabalho e os objetivos da social
Para se compreender o Serviço Social e seu objetivo, faz-se necessário considerar as bases que fundamentaram a emergência da profissão e as modificações que se processaram ao longo do tempo.
Inicialmente, o Serviço Social se fundamentou numa perspectiva de adaptação do indivíduo à sociedade e às normas vigentes, permeando ações de caráter assistencialista meramente que não se aprofundavam no lócus dos problemas sociais. Sua função original se atrelou a uma atuação meramente executiva, já que não participava diretamente da formulação das políticas e objetivos. (DUARTE, 2010, p. 15; FALEIROS, 2011, p. 749; SOUSA, 2008, p. 120)
Entretanto, dados os movimentos sociais e as reivindicações de diferentes parcelas da população, outrora marginalizadas e excluídas da cadeia simbólica e produtiva, a prática social foi, paulatinamente, incorporando novos elementos que em sua essência primam pela consideração do sujeito como determinado por forças históricas e sociais que fundam as relações da sociedade, mas, também, como um elemento ativo que pode interferir em tais forças e instituir novas formas de ser, mais inclusivas. O sujeito, nesse ínterim, passa a ser não apenas aquele que se beneficia da atuação do Assistente Social, mas também o ator que determina sua práxis (DUARTE, 2011, p. 8).
Assim, a prática profissional deve se revestir de uma compreensão profunda das condições reais que determinam o sujeito. Sair do aparente e adentrar o cerne. Nesse sentido, o Serviço Social, hoje, possui como uma de suas características a flexibilidade e adaptabilidade à chamada “questão social”.
Mas o que vem a ser a “questão social”?
Iamamoto e Carvalho (2000, apud ALMEIDA, sd), assim a definem:
A questão social não é senão as expressões do processo da formação e desenvolvimento da classe operária e de seu ingresso no cenário político da sociedade, exigindo seu reconhecimento como classe por parte do empresariado e do Estado. É a manifestação, no cotidiano da vida social, da contradição entre o proletariado e a burguesia, a qual passa a exigir outros tipos de intervenção mais além da caridade e repressão. ( Carvalho e Iamamoto, 2000, p.77)
A questão social, portanto, se enraíza diretamente na distribuição de bens e no modo de vida capitalista, pautado por um sistema de exclusões – ou, mais apropriadamente, inclusão perversa – em que cada indivíduo é, a priori, inserido num mecanismo social cuja força motriz é a desigualdade em que a riqueza e o acesso pleno aos bens produzidos são, de fato, usufruídos por poucos.
Assim, o objeto primordial do Serviço Social é a chamada “questão social” e suas manifestações nos diferentes grupos em uma sociedade historicamente determinada. Seu objetivo é, em suma, instrumentalizar os sujeitos e grupos para a transformação de suas vidas e da realidade em que vivem e, de acordo com Faleiros (2011, p. 755) relaciona-se diretamente à concretização dos direitos humanos e justiça social.
Para tanto, Iamamoto (2004, apud SOUSA, 2008, p. 121-122) aponta que há três domínios essenciais a pautar o trabalho do Assistente Social, a saber:
- Competência ético-política que, em síntese, consiste na consideração inequívoca das relações de poder existentes nas relações sociais e como essas se imbricam diretamente na questão social e no lugar que os indivíduos ocupam;
- Competência teórico-metodológica que envolve aspectos de sua formação e o enfoque ampliado sobre seu trabalho e as diversas manifestações da questão social;
- Competência técnico-operativa, que se relaciona à própria ação e aplicação de técnicas que se mostrem pertinentes à realidade em que se pretende intervir.
Como a atuação do Assistente Social se desdobra no alcance dos seus objetivos? Quais as possibilidades de intervenção. Pertinente trazer à baila a concepção de Herrera (1976, p. 210), que detalha a práxis profissional em múltiplas possibilidades de intervenção nos indivíduos, famílias e comunidades, assinalando também seu aspecto preventivo e de ruptura, alem, obviamente, de seu caráter remediativo ante problemáticas já instaladas. Sousa (2008, p. 126-130) detalha uma série de instrumentos e técnicas que podem ser usadas pelo profissional no alcance de seus objetivos, tais como observação participante, reuniões, entrevistas individuais e grupais, dinâmicas de grupo, mobilização comunitária, visitas, livros de registro, diários de campo, parecer e relatório social.
Os artigos 4º e 5º da Lei 8662/93 – lei esta que traz diversos aspectos regulamentares da profissão no Brasil –, por sua vez, apontam uma série de competências e funções privativas do Assistente Social, que envolvem planejamento, implementação, execução e avaliação de políticas sociais; realização de orientação social quanto à defesa de direitos; prestar consultoria a órgãos públicos, empresas e movimentos sociais; realização de pesquisas diversas, apropriando-se do arcabouço científico da profissão; e também a realização de estudos sócio-econômicos.
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