Os Contornos Da Violência Contra A Mulher E O Serviço Social

SERVIÇO SOCIAL

LETICIA NASCIMENTO PINHEIRO

OS CONTORNOS DA VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER E O SERVIÇO SOCIAL

Dianópolis - Tocantins

2021

LETICIA NASCIMENTO PINHEIRO

OS CONTORNOS DA VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER E O SERVIÇO SOCIAL

Portfólio apresentado como produção textual interdisciplinar às disciplinas de Metodologia Científica; Responsabilidade Social e Ambiental; Homem, Cultura e Sociedade; Psicologia e Políticas Públicas.

Dianópolis - Tocantins

2021

Sumário

1 Introdução        2

2 Os contornos da violência contra a mulher e o Serviço social        3

3 Conclusão        6

Referências        7

1 Introdução

Para compreender a violência doméstica contra a mulher é preciso de antemão estabelecer que não se trata apenas de um problema social, mas de um fenômeno que possui raízes extremamente profundas e que o discurso que se construiu ao longo da formação da sociedade tornou-se inerente às mais diversas camadas dessa sociedade. Deste modo, a violência doméstica contra a mulher é um fenômeno que pode ser observado diante de algumas distintas perspectivas e que, ainda assim, tem como origem, a princípio, um pensamento que foi reproduzido e reforçado ainda que sutilmente ao longo dos anos.

A violência doméstica contra a mulher trata-se de um fenômeno muito mais complexo do que se pode presumir em um olhar superficial do assunto, sendo além de um problema social, também um problema de saúde pública, um problema que é infelizmente, cultural, intrínseco então, a identidade de diversos povos ao redor do mundo.

De acordo com o Instituto Patrícia Galvão:

A Violência Doméstica contra mulheres ocorre em todo o mundo e perpassa as classes sociais, as diferentes etnias e independe do grau de escolaridade. Ela recebe o nome de doméstica porque sucede, geralmente, dentro de casa e o autor da violência mantém ou já manteve relação íntima com a mulher agredida. São maridos, companheiros, namorados, incluindo ex. (2004, p.25)

Mediante a gravidade dos problemas, os esforços para encontrar e desenvolver soluções capazes de diminuir e amenizar os números e casos parte daqueles que atuam na elaboração de políticas públicas, ações sociais e medidas legais. Neste sentido, o profissional em Serviço Social desempenha um papel de suma importância ao serem capazes de apoiar as vítimas de violência, bem como desenvolver estratégias que poderão auxiliar no enfrentamento da situação.

Em uma exposição mais detalhada, Czapski (2012) sobre as funções do profissional em assistência social:

aos assistentes sociais cabe a clareza de saber se apropriar dos instrumentais de forma correta, e fazer uma ponte com as orientações teórico-metodológicas, sempre pautadas no projeto ético-político da profissão, a fim de na atuação junto às vítimas de violência doméstica poder estimular a denúncia, esclarecer os direitos, incentivar o registro da queixa, orientar sobre os exames de corpo delito, realizar dinâmicas e reuniões para resgatar a auto-estima, elaborar pareceres, encaminhar as vítimas aos programas assistenciais e também para as ações da rede de saúde, e por fim exercitar o trabalho em rede nos diversos tipos de atendimento necessários à mulher vítima de violência doméstica. (p. 326)

Destarte, o objetivo deste trabalho é apresentar categoricamente uma proposta de intervenção que terá como intuito contemplar o atendimento e proteção às mulheres em situação de violência e considerar ainda, a punição do agressor.

2 Os contornos da violência contra a mulher e o Serviço social

Antes de apresentar as reflexões que se desencadearam dos questionamentos levantados acerca da temática, será traçado um breve caminho sobre aquelas que podem ser consideradas as principais causas da violência doméstica contra as mulheres, a fim de tornar evidente quais são os principais pontos de enfrentamento que devem ser levados em conta ao pensar sobre este fenômeno e consequentemente sobre suas consequências e quais as maneiras mais adequadas de lidar com situações como essas, no âmbito do serviço social. Nesta perspectiva, adiante serão expostas algumas das que podem ser consideradas principais origens da violência contra as mulheres.

Historicamente, o desenvolvimento das sociedades e culturas ao redor do mundo sempre teve como um contraponto às desigualdades, quase como um processo natural que desempenha um papel de reforçar e estabelecer relações de poder, presente em distintas categorias, o sistema de desigualdades abrange fatores como a classe social e econômica, o gênero, a cor, a crença e o grupo social.

Para além de dividir os grupos, a desigualdade, faz com que os indivíduos que pertençam ou possuam uma ou várias características dos grupos inferiorizados, também sejam subjugados e sintam-se coagidos e marginalizados, mas principalmente, dificultam o acesso a direitos e oportunidades.

A violência contra a mulher pode ocorrer independente do nível social ao qual a mesma pertence, pois apesar da classe econômica ser, sim, um aspecto que também influencia nesse processo, trata-se, em uma perspectiva muito maior, de uma violência que se estabelece por meio da desigualdade de gênero e ganha contornos muito mais fortes por conta de uma sociedade que se forma por meio de um discurso patriarcal, machista, racista e capitalista.

No que tange a desigualdade de gênero, existem questões que estão associadas majoritariamente aos papéis que foram atribuídos aos homens e as mulheres ao longo dos séculos, tanto por meio de decisões políticas, quanto por representações do feminino e do masculino em obras da cultura humana, por exemplo, a literatura, as pinturas, as músicas e o cinema, nas quais o homem sempre se sobrepõem e domina a mulher. Em algum nível, as desigualdades têm seus sistemas continuamente retroalimentados.