Primeiro Registro De Drosophila Suzukii No Brasil

Primeiro registro de Drosophila suzukii no Brasil

Daniele Silva de Souza; Felipe Berti Valer2; Juliana Cordeiro3, Marco Silva Gottschalk4

1Universidade Federal de Pelotas, Instituto de Biologia – [e-mail] 2Universidade Federal de Pelotas, Instituto de Biologia – [e-mail] 3Universidade Federal de Pelotas, Instituto de Biologia, Departamento de Ecologia, Zoologia e Genética – [e-mail]

4Universidade Federal de Pelotas, Instituto de Biologia, Departamento de Ecologia, Zoologia e Genética – [e-mail]

1. INTRODUÇÃO

Drosophila suzukii (Matsumura, 1931) teve seu primeiro registro no Japão em 1916 e, desde então, vem ampliando sua distribuição em outros países como China, Taiwan, Coréia do Sul, Coréia do Norte, Paquistão, Tailândia, Rússia e Índia. Recentemente, também foi registrada em alguns países da América do Norte e Europa (CINI et al., 2012). Esta espécie invasora é conhecida pelos danos que causam em grandes plantações de frutas de pele fina, como mirtilo, cereja e amora. As fêmeas depositam seus ovos em frutas, causando o apodrecimento e impossibilitando a sua comercialização (WALSH et al., 2011). Logo, o conhecimento sobre sua distribuição, comportamento e métodos de controle, é importante para amenizar os danos causados pela dispersão desta espécie em áreas de plantação, uma vez que nos últimos anos D. suzukii vem ampliando sua área de ocorrência para regiões do Novo Mundo (HAUSER, 2011).

Neste sentido, realizamos um inventariamento em área florestal utilizando armadilhas sugeridas para coleta de D. suzukii.

2. METODOLOGIA

A amostragem foi realizada em setembro de 2013 em uma área florestal com 23ha no Horto Botânico Irmão Teodoro Luís (HBITL) (31°48'54''S; 52°25'48''O) RS, Brasil. Foram confeccionadas dez armadilhas recomendadas para a captura de D. suzukii (LANDOLT et al., 2011), sendo cinco delas utilizando como atrativo 50ml de vinagre maçã e cinco utilizando 25ml de vinagre maçã e 25ml de vinho branco. As armadilhas foram dispostas a 1,5m de altura e distanciadas 60m entre si. Após 72 horas, foram recolhidas e os espécimes capturados foram armazenados em etanol 70%. A identificação das espécies foi baseada na morfologia externa e análise da genitália masculina, seguindo os procedimentos sugeridos por BÄCHLI et al. (2004).

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Em uma coleta anterior realizada pelo nosso grupo de pesquisa, utilizando armadilhas com isca de banana, um macho de D. suzukii foi coletado. Esse registro nos levou a realizar nova amostragem com as iscas recomendadas para a captura desta espécie. A Tab. 1 relata as espécies de Drosophila amostradas com estas armadilhas.

Nesta amostragem, D. suzukii foi a espécie mais abundante, perfazendo 21 dos 44 indivíduos capturados. Além de D. suzukii, pelo menos mais sete espécies foram registradas, todas comumente coletadas no HBITL (dados não publicados), com a exceção de D. sp.GORD (GOTTSCHALK et al., 2007).

Com base nos resultados obtidos foi possível identificar o primeiro registro de D. suzukii no Brasil, sendo este relato de grande importância pelo caráter invasor da espécie.

Tabela 1. Espécies de Drosophila coletadas com armadilhas de vinagre e vinho no Horto Botânico Irmão Teodoro Luís, Capão do Leão, RS, Brasil.

Táxon

Machos

Fêmeas

Total

grupo immigrans

Drosophila immigrans Sturtevant,1921

3

1

4

grupo guarani

D. ornatifrons Duda,1927

3

0

3

não determinadas

0

1

1

grupo melanogaster

D. suzukii* (Matsumura,1931)

11

10

21

grupo replete

D. onca (Dobzhansky e Pavan, 1943)

6

0

6

não determinadas

0

5

5

grupo saltans

não determinadas

0

1