REFLEXO CUTÂNEO-PLANTAR: A CONSAGRAÇÃO DE BABINSKI
Trabalho Universitário: REFLEXO CUTÂNEO-PLANTAR: A CONSAGRAÇÃO DE BABINSKI. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: andrelopez13 • 4/5/2013 • 2.380 Palavras (10 Páginas) • 1.157 Visualizações
REFLEXO CUTÂNEO-PLANTAR: A CONSAGRAÇÃO DE BABINSKI
“EXTENSOR PLANTAR REFLEX: BABINSKI`S CONSECRATION”
Carlos Umberto Pereira1, Antônio de Souza Andrade Filho2 e Egmond Alves Silva Santos3
RESUMO
Joseph François Félix Babinski nasceu em Paris, em 1857. Descreveu o reflexo cutâneo-plantar em extensão em 1896. Sem dúvida, o principal sinal da neurologia clínica. Os autores deste trabalho discutem aspectos históricos da vida de Babinski, o valor semiológico deste sinal e sua correta interpretação.
Palavras-Chaves: Babinski, Reflexo cutâneo-plantar, Semiologia
ABSTRACT
Joseph François Félix Babinski was born in Paris, in 1857. Described the extensor plantar reflex in 1896. No doubt, the principle sign in clinical neurology. The authors discuss historic aspects of Babinski´s life, the semiologic value this sign and its correct interpretation.
Keywords: Babinski, Extensor Plantar reflex, Semiology
1. Professor Adjunto Doutor do Departamento de Medicina da Universidade Federal de
Sergipe. Aracaju - Sergipe.
2. Professor Titular da Disciplina de Neurologia da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública(EBM-SP); Professor Adjunto(IV) Doutor do Departamento de Neuropsiquiatria(FAMED-UFBA) - Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia. Chefe do Serviço de Neurologia do Hospital Universitário Professor Edgar Santos(HUPES-UFBA). Presidente da Fundação de Neurologia e Neurocirurgia - Instituto do Cérebro(FNN-IC).
3. Doutorando de Medicina da Universidade Federal de Sergipe. Aracaju - Sergipe.
INTRODUÇÃO
Joseph François Félix Babinski (Fig 1) nasceu em Paris, em 185710,12,13. Filho de pais poloneses, Babinski teve apenas um irmão, Henri10,13. Devido à luta contra a dominação russa no século XIX, os pais de Babinski foram obrigados a sair da Polônia10,13. Em Paris, Babinski cresceu em condições muito simples10. Apesar disso, conseguiu estudar medicina e graduou-se pela Universidade de Paris em 188510,12,13. Babinski adquiriu grande interesse pela neurologia devido aos estímulos do neurologista Edme Felix Alfred Vulpian, o qual acompanhou durante sua graduação no Hospital de Paris 10,12,13. Trabalhou para Jean-Martin Charcot como chefe clínico no Hospital de Salpêtrière até 1890, quando saiu para ser chefe de neurologia do Hospital de Pitié até 1922, ano em que se aposentou com 65 anos de idade 10,12,13. Obteve seu doutorado estudando pacientes com esclerose múltipla, quando descreveu a correlação clinicopatológica entre a topografia das lesões e a sintomatologia desses pacientes 10,12,13.
Fig 1. Babinski com aproximadamente 40 anos.
Babinski não se dedicou apenas à neurologia. Antes disso, contribuiu com estudos sobre febre tifóide, aneurisma de aorta, histeria, anormalidades da pupila na neurossífilis e vertigem10. Um ano antes de Alfred Frölich, em 1900, Babinski publicou um caso de síndrome adiposogenital e sua relação com disfunções da hipófise e hipotálamo 10,12. Também estudou a microscopia do tecido nervoso e devido aos estudos em esclerose múltipla, que muito contribuíram com Jean Nageotte em suas pesquisas sobre lesões medulares, acabou por descrever a síndrome de Babinski-Nageotte 6,10,12. Durante seus estudos sobre o cerebelo, introduziu os conceitos de assinergia e adiadococinesia10. Em 1914, descreveu anosognosia, conhecida síndrome de Babinski-Anton10. A sua contribuição para a neurocirurgia vem das pesquisas sobre as localizações clínicas de tumores e também através da cirurgia de descompressão para hipertensão intracraniana 10,12,13. No entanto, a maior contribuição de Babinski para a ciência, segundo o próprio até mais importante do que a interpretação do reflexo cutâneo-plantar em extensão, foi o estímulo desprendido para que Thierry De Martel e Clovis Vincent seguissem a carreira de neurocirurgiões10,12,13. Os dois se tornaram os pioneiros da moderna neurocirurgia na França e ficaram conhecidos devido, entre outros temas, ao tratamento dos abscessos cerebrais em dois tempos 10,12.
Em 1900, junto com Edouard Brissaud, Pierre Marie e Joseph Dejerine, Babinski fundou a Sociedade de Neurologia de Paris e tornou-se presidente em 190710,12. Fez parte do conselho editorial das revistas Revue Neurologique e Neurologia Polska, além de ter sido autor de aproximadamente 288 trabalhos 10,12.
Em 22 de fevereiro de 1896, Babinski apresentou à Société de Biologie, a primeira comunicação com apenas 28 linhas sobre o reflexo cutâneo-plantar em extensão1,10,12,14. Em seu texto, escreve: “... Tenho observado, em alguns casos de hemiplegia ou de monoplegia crural ligadas a uma afecção orgânica do sistema nervoso central, uma perturbação do reflexo cutâneo-plantar, cuja descrição aqui está em poucas palavras. Do lado são, a picada da planta do pé provoca, como habitualmente sucede no estado normal, a flexão da coxa sobre a bacia, da perna sobre a coxa, do pé sobre a perna e dos artelhos sobre o metatarso. Do lado paralisado, excitação semelhante dá lugar, também, à flexão da coxa sobre a bacia, da perna sobre a coxa, do pé sobre a perna, mas os artelhos, ao invés de se fletirem, executam um movimento de extensão sobre o metatarso...”1. VIDAL e cols 21 fazem referência a alguns aspectos importantes dessa primeira descrição: 1º) não há referência à extensão do hálux ser a característica mais importante do reflexo; 2º) compara, em pacientes com hemiplegia, a resposta dos dedos do lado afetado com a resposta contralateral, utilizando o lado sadio como Controle; 3º) não está claro como Babinski estimula o reflexo na planta do pé; 4º) observa que todos os pacientes têm déficit motor no lado onde a extensão está presente; 5º) em pacientes com paraplegia ou paraparesia, ambos os pés apresentam o reflexo cutâneo-plantar após estimulação.
Babinski também observou que o sistema piramidal não estava completamente desenvolvido nas crianças e que o sinal era comum entre estas 10,12. No entanto, isto já havia sido observado e documentado há mais de 400 anos antes de Babinski por Sandro Botticelli em “Madona e a Criança com os Anjos” (Fig
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