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RESENHA CRÍTICA SOBRE O DOCUMENTÁRIO: GALILEU E A BATALHA PELO CÉU

Trabalho Universitário: RESENHA CRÍTICA SOBRE O DOCUMENTÁRIO: GALILEU E A BATALHA PELO CÉU. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  18/1/2014  •  2.693 Palavras (11 Páginas)  •  15.970 Visualizações

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RESENHA CRÍTICA SOBRE O DOCUMENTÁRIO: GALILEU E A BATALHA PELO CÉU

1.0 Introdução

O presente resenha destina-se a análise dos principais pontos abordados no documentário “Galileu e a Batalha Pelo Céu”, exibido pela Simon Callow, narrado por Liev Schreiber, escrito e produzido por David Axelrod, e dirigido por Peter Jones.

2.0 Objeto da resenha

Os principais pontos abordados no documentário em questão são os seguintes: o Sistema Geocêntrico e o movimento circular como dogmas da Igreja Católica, a influência dos estudos de Nicolau Copérnico, bem com do Sistema Heliocêntrico por ele proposto nos estudos e descobertas de Galileu Galilei, os conflitos históricos entre Galileu Galilei e o alto clero cristão ortodoxo, e sobretudo a contribuição de Galileu e a primazia a ele atribuída como pai do método científico e precursor da física clássica.

3.0 Considerações Iniciais

Eram tempos difíceis para o catolicismo, ameaças internas como a reforma protestante punham em cheque o monopólio espiritual do catolicismo no mundo ocidental, de modo que a Igreja tentava a todo custo reafirmar a sua autoridade mediante o terror da Santa Inquisição. Nessa atmosfera de turbulência, surge como maior expoente da ciência em paragens européias Galileu Galilei, que pelo seu legado intelectual, sobretudo no que diz respeito ao uso da Matemática na abordagem de fenômenos naturais, acabou por receber os louros como criador do método científico. Considerado um pensador completo por conciliar teoria e prática, Galileu possuía como traço marcante de sua personalidade a ambição. Ambição essa comprovada pelo seu empreendedorismo, já que o mesmo vendeu os objetos e equipamentos que desenvolvia por somas consideráveis (os telescópios que aperfeiçoou é um bom exemplo), bem como pela sua ousada tentativa de contrapor-se aos rigorosos dogmas da Igreja Católica. Galileu iniciou seus estudos como estudante de medicina na Universidade de Pisa em 1581, mas em virtude do rigoroso controle da igreja nos currículos que por sua vez deveriam ser aprovados pelas autoridades jesuítas em Roma, Galileu abandonou a medicina e começou a estudar matemática. Tornou-se um grande entusiasta de tal ciência. Direcionou seus estudos matemáticos para a universidade de Pádua a 65 Km de Veneza, com o objetivo de escapar do controle e da influência jesuíta, como também de seus currículos oficialmente aprovados. A Universidade de Pádua representava o local de máxima liberdade acadêmica na Europa daquela época, já que não fora criada por decreto de nenhum rei ou papa, mas sim por estudantes.

Como Veneza ficava a uma curta distância de Pádua, Galileu acabou passando ali muitos feriados vivenciando a boemia, teve um caso com uma veneziana chamada Marina Gamba, tal relacionamento gerou uma filha bastarda da qual pouco se sabe. Isso lhe trouxe alguns problemas, mas não fez dele uma mal católico, já que na época até mesmo os papas tinham filhos ilegítimos.

Fato digno de registro, como também irônico, é a acentuada religiosidade de Galileu, que pensou em ser padre quando jovem, e que chegou a entregar sua filha Virgínia para servir à igreja. A farta correspondência estabelecida entre Virgínia e Galileu não só demonstra a preocupação da mesma com a angustia do pai, como também serviram de importantes fontes biográficas de Galileu. Galileu afirmou que a Bíblia realmente continha a palavra de Deus, entretanto, que não era um bom livro de astronomia. Os trabalhos escritos de Galileu foram banidos pela Igreja por séculos, através do que ficou conhecido como Index Librorvm Prohibitorvm (espécie de sistema de censura). O Vaticano acreditava que a Astronomia investigava as obras de Deus, nas universidades católicas, antes de estudar Filosofia ou Teologia, os estudantes deveriam ser aprovados em sete matérias, dentre as quais constava a Astronomia. Havia a crença de que estudar os astros tirava os estudantes do senso comum para um mundo mais transcendente, dotado de perfeição e beleza, batizado por Aristóteles como mundo supra lunar.

Antes de aprofundarmos nossa discussão a respeito do trabalho de Galileu, é mister fazermos um passeio histórico a fim de compreender como se deu o avanço da ciência.

4.0 Desenvolvimento histórico das concepções de mundo

A idéia de que a terra se move ao redor do sol contraria o senso comum, uma vez que através de observações empíricas, somos levados a crença de que o sol é que se move ao redor da terra. Se considerarmos a experiência de uma dona de casa, inferiremos que ela possui uma noção intuitiva de que o Sol move-se ao redor da Terra, pois quando estende suas roupas, acaba por considerar a possibilidade de ter que mudá-las de lugar com o surgimento da sombra. Notadamente tal fenômeno a faz pensar que essa ocorrência deve-se ao fato do Sol mover-se ao redor da Terra. Foi utilizando raciocínio análogo que o filósofo grego Aristóteles concluiu que a Terra ficava no centro do universo e que todos os demais corpos celestes giravam ao seu redor, descrevendo órbitas circulares perfeitas – o movimento circular era tido como sinônimo de perfeição inclusive pela cristandade. O astrônomo grego Cláudio Ptolomeu também convenceu-se de que a Terra estava imóvel no centro do universo e que ao seu redor giravam a Lua, o Sol, os planetas e as estrelas. Esse é o chamado Sistema Geocêntrico.

Aproximadamente mil e trezentos anos mais tarde, o monge Nicolau Copérnico começou a fazer suas observações atinentes aos astros, e a estudar os antigos escritos de Aristóteles e Ptolomeu, do que resultou a conclusão de que o Sistema Geocêntrico apresentava problemas inexplicáveis. Depois de muito estudar, Copérnico acaba postulando uma nova teoria, em que o Sol é colocado no centro do Sistema Solar, e todos os outros astros inclusive a terra, giram em torno dele. Esse é o chamado Modelo Heliocêntrico, pois coloca o Sol, “Helios” em grego, no centro do sistema solar. Naquela época a discussão entre os defensores das duas teorias estimulou muitas pessoas a coletarem dados astronômicos mais precisos. Uma dessas pessoas foi o astrônomo Tycho Brahe, que observou e catalogou os astros de forma incomparável. Tycho percebeu que o Modelo Heliocêntrico possibilitava previsões muito mais precisas do que o Modelo Geocêntrico. Yohannes Kepler complementou o trabalho de Brahe com o seu inconfundível talento matemático. De posse das anotações de Tycho Brahe, Kepler pode perceber com a ajuda de seus cálculos que todo planeta descreve uma órbita elíptica ao redor do Sol, estando este num dos focos da elipse. Essa afirmação é conhecida como 1ª lei de Kepler. A Terra descreve uma elipse ao redor do Sol com uma excentricidade tão pequena que podemos dizer que sua órbita é quase circular. Kepler percebeu também que a área que une um planeta ao sol varre áreas iguais em intervalos de tempo iguais, o que ficou conhecido como sua 2ª lei. A 3ª lei de Kepler afirma que quanto mais distante estiver um planeta do sol maior será seu período. Com as três supramencionadas leis, Kleper tirou definitivamente a Terra do centro do universo.

5.0 Principais diferenças entre o pensamento de Galileu e de Aristóteles presentes no documentário

Ao mesmo tempo em que Kepler trabalhava em Praga para mostrar que a Terra não era o centro do universo, outro homem trabalhava na Itália no mesmo problema, Galileu Galilei, e aqui retomaremos a discussão sobre o seu trabalho e sobre as diferenças entre suas idéias e as idéias de Aristóteles. A primeira grande diferença diz respeito à concepção de mundo dos dois, pois Galileu acreditava que o Sol era o centro do universo, bem como que a Lua, a Terra e os demais planetas giravam ao seu redor. Nos estudos sobre queda livre, Galileu derrubou outra sólida concepção aristotélica. Segundo sua teoria o tempo de queda de um corpo não depende de sua massa, pois é a resistência do ar que faz com que corpos mais leves levem mais tempo para cair do que os corpos mais pesados. Ou seja, se estiverem no vácuo, uma pena de ave e um bloco de chumbo levarão o mesmo tempo para cair de uma mesma altura. Isso difere seu pensamento do de Aristóteles, pois a física aristotélica desprezava a existência do vazio (vácuo), além disso considerava o meio (ar) como sendo o mantenedor dos movimentos. Para Galileu, os seres humanos, a Terra e tudo que há no universo estão sujeitos a leis naturais que só a Física e a Matemática podem descrever. Sendo assim, a Terra e todos os objetos em sua superfície estão em constante movimento de rotação e de translação, ou seja. O estado natural de tudo que se encontra na Terra é o movimento. Foi Galileu que evidenciou que a terra exerce uma força de atração sobre os outros corpos, chamada mais tarde de Força Gravitacional. Também estudou o movimento de projéteis, do que lhe resultou a conclusão de que a trajetória de qualquer projétil perto da superfície da Terra é um arco de parábola, em função da combinação entre força gravitacional e o estado de inércia do corpo.

É interessante notarmos que após ter aperfeiçoado o telescópio, que até então era utilizado como brinquedo para entreter as pessoas, Galileu passou oito semanas trabalhando incessantemente e sem dormir observando a Lua. De modo que todas as observações que fez - diferentemente de Aristóteles que recorria ao empirismo - foram baseadas em fatos concretos, mediante os quais pôde efetivamente constatar as reais características dos corpos celestes. Tais observações fizeram do jardim de sua casa o primeiro observatório astronômico. Ademais, pode perceber através de seu telescópio que a superfície da Lua não era lisa e uniforme como alguns filósofos antigos acreditavam, descobriu que além da Lua os corpos celestes eram duros e cheios de cavidades e proeminências, ou seja, que eram bem semelhantes à superfície da Terra, como demonstraram os desenhos que ele fazia com perfeição. Galileu inferiu que se a superfície da Terra e dos corpos celestes não era tão diferente como se acreditada em sua época, então seria possível utiliza ar matemática para descrever todos eles.

Após lançar o seu livro – Mensageiro das Estrelas – Galileu torna-se famoso em toda a Europa, e isso o põe em rota de colisão com a Igreja Católica, bem como lhe rende a má fama de arrogante. Galileu já havia lido a obra de Nicolau Copérnico e suspeitava que este estivesse certo, no entanto, mesmo com o auxílio de seu telescópio, ainda não havia encontrado uma forma de provar que a terra e os demais planetas giravam em torno do Sol, o que para ele era um enorme problema, já que considerava a demonstração como um marco fundamental da ciência, e para ele, algo só contava como afirmação científica se pudesse ser demonstrado. Galileu decidiu então partir para Florença (terra que revelou virtuosos como Dante e Michelangelo), a fim de tentar fazer dos Médici – governantes de Florença a séculos - seus patronos. Com vistas a isso, sabiamente batiza as quatro luas ao redor de Júpiter por ele recém descobertas com o nome dos quatro irmãos Médici, além disso envia-lhes um de seus melhores telescópios e um exemplar de seu livro. Junto com tais objetos seguiu também uma declaração pessoal, na qual demonstra todo o seu descontentamento com Pádua, com os estudantes e com o excesso de trabalho e solicita a apreciação da possibilidade dedicar-se a pesquisa em favor do governante Médici. Poucas semanas depois Galileu fora convidado para servir como filósofo e matemático a corte Médici. A família Médici era rica e culta, mas devia favores a Igreja, através de sua ligação com o Vaticano a família havia gerado muitos papas e cardiais. A chave para provar que a teoria de Copérnico estava correta viria através de uma carta enviada a Galileu por um de seus seguidores, Benedito Castelli.

Em um determinado episódio, ao perceber que a grã-duquesa Christina Médici, a mãe do Grão-Duque Cosimo, estava vacilante quanto à crença em sua teoria, Galileu escreve-lhe uma carta muito franca a respeito do papel da Bíblia. Tal carta fora mal interpretada e acabou chegando as mãos da Santa Inquisição, Galileu acabou sendo acusado de heresia e proibido de expandir a teoria defendida por Copérnico. Numa tentativa desesperada de reverter à situação, Galileu tenta novamente provar a sua teoria de que a Terra gira em torno do Sol através do fenômeno das marés. Temendo cair em conjecturas ocultistas ou astrológicas, acaba desprezando a possibilidade da lua exercer algum tipo de influência sobre as marés, e esse notadamente foi o maior erro de toda a sua carreira.

Na incessante tentativa de provar que Copérnico estava certo, Galileu elaborou um experimento relativamente simples, utilizando um cavalo, um cavaleiro e uma esfera. Primeiramente o cavaleiro montado em seu cavalo, todavia em repouso, abandona a esfera e esta cai ao lado do cavalo. Em seguida, estando a galope, o cavaleiro novamente abandona a esfera. Observa-se então que a bola acaba caindo numa posição aproximadamente ao lado do cavalo, do que Galileu conclui que o homem antes de abandonar a bola transmite o seu movimento para ela, de modo que mesmo estando em queda, continua a se deslocar para frente até alcançar o solo. De igual modo, se a terra e todas as demais coisas estivessem compartilhando o mesmo movimento, tal movimento seria imperceptível, sugeriu Galileu.

Aos 60 anos de idade, Galileu recebe a empolgante notícia de que seu antigo admirador havia ascendido ao papado, tratava-se do papa Urbano VIII. Tal acontecimento reanima Galileu a retomar a luta pela comprovação das idéias de Nicolau Copérnico, já que o papa recém empossado era fã de seu trabalho, tendo inclusive dedicado poemas a Galileu. Em audiência com o Supremo Pontífice, Galileu solicita-lhe permissão para escrever um livro com as suas descobertas que corroboravam com as idéias de Copérnico. Obtendo do papa parecer favorável, com a única ressalva de fazê-lo de modo a expor a teoria de Nicolau Copérnico como sendo mais uma hipótese em meio a muitas outras, Galileu passa a dedicar-se de forma sanguinea e visceral com o intuito de levar a cabo aquela que seria a maior obra de toda a sua vida. Usando o Italiano invés do Latim e utilizando uma linguagem bastante acessível, a obra de Galileu logo tornou-se bastante popular. Chamou-a de “Diálogo Sobre os Dois Máximos Sistemas do Mundo”. A apreciação do livro pela censura do Vaticano fora atrasada pelo progressivo contágio e vitimização da Peste Bulbônica, que interrompeu o fluxo normal das correspondências italianas. Passada a peste, Galileu acaba descobrindo que o papa Urbano VIII, influenciado pelos seus conselheiros - dos quais Galileu parecia não gozar de nenhuma simpatia - havia ordenado que o caso de Galileu fosse submetido a apreciação da Inquisição.

Após um período de confinamento em aposentos da inquisição, Galileu foi julgado e sentenciado com a pena de prisão perpétua. O papa ainda se interessava pelo trabalho de Galileu, mas estava muito ocupado com a Guerra dos 30 anos e com os trabalhos da Contra-Reforma, e acima de tudo estava sendo observado e criticado como incompetente na sua tentativa de proteger o mundo cristão. Desta maneira, não poderia cogitar a possibilidade de defender o seu velho amigo Galileu. Após renunciar as suas convicções, meses depois Galileu é liberado para retornar a sua casa e permanecer em prisão domiciliar. Com a morte de sua filha, ao tudo indica, extinguiu-se a última razão que Galileu tinha para viver.

6.0 Conclusão

De modo conclusivo o documentário evidencia que mesmo debilitado, Galileu reviu muitos dos seus trabalhos da época de sua juventude, percebeu então que havia passado metade de sua vida tentando provar que o Sistema Heliocêntrico estava correto. Decidiu prosseguir com a análise dos seus escritos sobre o movimento, desenvolveu vários experimentos com planos inclinados para desacelerar os movimentos e poder estudá-los de forma mais pormenorizada. De tal estudo surgiram conclusões que influenciaram vários estudiosos, inclusive Isaac Newton. Por todos os seus grandes feitos Galileu é considerado com muita justiça um dos maiores gênios da humanidade.

Pelo elevado nível intelectual dos colaboradores do documentário em estudo (professores universitários das melhores instituições de ensino superior do mundo e biógrafos de Galileu), é possível compreender as razões que o levaram a ser adotado por diversas instituições como material auxiliar. Verifica-se também que a exposição dos fatos se dá de maneira tão didática e descomplicada que não poderia haver melhor material para estudantes recém iniciados nas ciências exatas.

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