Saber Profissional e Poder Institucional
Por: DUDAMWR • 12/3/2020 • Bibliografia • 689 Palavras (3 Páginas) • 219 Visualizações
Na obra Saber Profissional e Poder Institucional Faleiros faz uma análise profunda sobre as relações estabelecidas nos marcos do capitalismo entre Estado e sociedade civil, assistentes sociais e usuários das políticas sociais e entre instituições, aqueles e estes.
Destaca que a profissão emergiu no contexto da era monopólica do desenvolvimento capitalista para enfrentar as expressões da “questão social” postas em evidência pela luta e mobilização política da classe trabalhadora. Para tal o Estado requisita a mão de obra qualificada de profissionais que executassem políticas sociais atendendo as demandas da classe subalterna, sendo os assistentes sociais seus principais operacionalizadores. Surge assim um conjunto de instituições empregadoras de assistentes sociais, as quais se configuram como espaços de lutas, conflitos e disputas de interesses divergentes entre os próprios profissionais - que disputam poder e status na hierarquia de funções -, e entre a instituição e os usuários dos seus serviços.
Tais instituições enquanto aparelhos ideológicos e de hegemonia da classe dominante, burguesia representada pelo Estado, buscam através de mediações desmobilizar e desarticular a organização e as lutas das classes subordinadas visando o seu consentimento e compreensão para a manutenção dos mecanismos de exploração e dominação e das relações sociais de produção, os quais permitem a expansão da acumulação ampliada do capital. Neste processo o saber profissional dos assistentes sociais favoreceu historicamente a classe dominante na medida em que estes difundiam a ideologia capitalista buscando o consenso daqueles com quem trabalhavam no seu cotidiano, fragmentando as suas manifestações, deslegitimando-as e procurando resigná-los à sua condição de submissos e explorados.
O autor enfatiza que as instituições são engendradas enquanto mecanismos de controlar, cercear, refrear e diminuir os problemas sociais que são vistos sob a ótica do capital como desvios de conduta e caráter, como disfunções que precisam ser combatidas quando põem em cheque a ordem social vigente, o equilíbrio e a coesão desta e a reprodução da força de trabalho. Portanto, as instituições exercem um poder de controle social sobre os diversos grupos de indivíduos que vivenciam em seu cotidiano as expressões da questão social advindas do processo de acumulação capitalista através de recursos, benefícios, programas e projetos – que assumem nesta conjuntura um caráter paternalista e clientelista fundado na ideia de filantropia e caridade -, e mediante o conhecimento profissional dos assistentes sociais que os possibilita executar tais projetos, programas e benefícios. Além disso, estes utilizam de várias técnicas para manipular e enquadrar os sujeitos “rebeldes” aos valores e ditames da ordem posta, bem como a entrevista, os formulários, as visitas domiciliares - que os possibilitam conhecer as condições de vida dos “clientes”, como eles se organizam politicamente, quais mediações utilizam para tal, e quais as formas mais adequadas para desorganiza-los -, dentre outros mecanismos de controle. Com as mudanças no mundo do trabalho e da produção e no âmbito do Estado, no que se refere ao seu papel nas relações entre a sociedade civil, as instituições também sofreram mudanças significativas e passaram por um processo de modernização, o que exigiu-se uma
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