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Serviço Social

Por:   •  16/4/2019  •  Trabalho acadêmico  •  1.440 Palavras (6 Páginas)  •  141 Visualizações

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UFMA. CCSO.  CURSO  DE  SERVIÇO SOCIAL

DISCIPLINA:  Teoria  Política

PROFESSORA:  Ilse  Gomes  Silva    

ESTUDANTE:   Laryssa Sousa da  Silva            

RANCIÈRE, Jacques. Ódio à democracia: Da democracia vitoriosa à democracia criminosa. São Paulo: Boitempo, 2014. 34 f.

No capítulo analisado o autor faz menção a democracia enquanto algo positivo para sociedade, como também algo negativo- que beira do totalitarismo, fundamentando esses dois pontos. Logo no inicio o autor conclui que levar a democracia a outro povo, implica também levar o caos- “crise da democracia”. A partir desse pressuposto infere-se que há um paradoxo no uso desta palavra, e que a democracia possui dois adversários: o governo arbitrário (tirânico) e o governo capaz de controlar a vida democrática (“o bom governo”). Sobre este segundo ponto, tem-se enquanto crise da democracia a exacerbada vida democrática que beira ao princípio anarquista- o poder do povo. A solução para este excesso consiste em desviar a energia dos indivíduos para a vida material e a busca da felicidade individual e das relações sociais. Contudo essa solução trás consigo um efeito duplo: tornavam os cidadãos indiferentes ao bem público e minavam a autoridade do governo. Isto é, o duplo vínculo que o enfrentamento da vitalidade democrática poderia trazer era ampla participação dos indivíduos na vida pública- e isso era ruim- ou o “descaso” com o bem público, que também era ruim. Para poder organizar esses processos e evitar os excessos, os intelectuais instauraram um “paradoxo empírico” com o propósito de transformar a palavra democracia em algo negativo; de um mal social, um exemplo: enquanto os exércitos norte-americanos estavam  numa missão para levar a democracia para o Iraque, na França estavam sendo feitos livros que criminalizavam a democracia. Dessa maneira, a democracia toma um sentido de ilimitação, ou seja, destruição do limite político legitimado pela própria sociedade moderna.  Ainda sobre democracia, o autor discute a falta dela- o totalitarismo. Sendo este a negação/contrário da democracia, em que em nome da coletividade, o Estado suprime os direitos dos indivíduos e forma institucionais da expressão da coletividade: eleições livres, liberdade de expressão e associação. Sendo assim, dois modelos surgem enquanto paradigmas desse processo: o nazismo (Estado fundamentado na raça) e comunismo. Sobre este primeiro, se abre uma nova discussão sobre o que foi o nazismo e o discurso totalitário sendo este, a partir de uma análise moderna, chamada de “discurso antidemocrático”. Essa desfiguração e recomposição nasceram da guerra fria, mais precisamente em 1980, para que o discurso democrático pudesse ascender novamente. Uma vez que o termo totalitarismo não estava mais em uso a oposição entre a boa democracia fundamentada nos direitos humanos e nas liberdades fundamentais e a má democracia igualitária e coletivista também se tornou obsoleta. Nesse ínterim, o processo mercantil ascende, transformando o que era antes “indivíduos egoístas” em “consumidores ávidos”, a partir daí torna-se fácil transformar exploração em igualdade. E com o desenvolvimento desse consumo de massa a realização pessoal como prêmio se mantém como objeto de controle que evite a intensificação da vida democrática e promova a perfeita harmonia. Porém, nesse momento, nasce um novo debate: as desigualdades. Primeiro configura-se no espaço educacional, fazendo com que as crianças tenham chances desiguais e posteriormente um homem sem cultura, ou melhor, preso a “cultura de supermercado”- este sendo produto do individualismo democrático. E assim o duplo vínculo democrático torna-se obsoleta, perdendo espaço para a vida apolítica do consumidor indiferente de mercadorias, dos direitos das minorias, da indústria cultural e bebês produzidos em laboratório.

ARENDT, Hannah. Origens do totalitarismo. 3 Ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1989. Cap 4. Tradução de: Roberto Raposo.

No capítulo exposto, a autora inicia a discussão caracterizando o regime totalitário: este sendo diferente das outras formas de opressão política, como: tirania, despotismo e ditadura. Quando no poder, os governantes totalitários criam instituições política novas, destroem todas as tradições sociais, legais e políticas do país, transformando as classes em massas. Mais recorrentes em períodos de crises, esses governos ascendem com a “missão” de controlar uma ameaça externa, que na verdade nem existe, e se existe não é tão intensa, segundo a autora- que propõe que essa crise não desaparecerá com a morte dos ditadores, ela também usa como exemplo Stalin. Ao interpretar o totalitarismo como uma forma moderna de tirania, características como essas se sobressaem: poder exercido por um só homem, um governo sem leis, poder arbitrário, sem freio das leis, exercido apenas pelo interesse do governante e contra o interesse dos governados; tendo como princípio fundamental de controle, o medo, sendo estes fatores destoantes do verdadeiro totalitarismo. Voltando para a conceituação do totalitarismo enquanto governo essencialmente diferente dos outros citados acima, ele não opera sem o direcionamento de uma lei, nem é arbitrário (como a comparação acima afirma), pois dizem seguir as leis da Natureza e da História, estas sendo a origem de todas as leis- também reconhecida enquanto lei divina. Além disso, ele ainda conta com o sacrifício dos interesses vitais e imediatos da coletividade à execução das leis da Natureza e da História em seu exercício de poder. Percebe-se então que a respeito dessas leis, em seu processo de execução não há reflexão sobre ser certo ou errado. Sendo assim a política totalitária afirma levar os indivíduos a se transformarem em portadores ativos e inquebráveis de uma lei a qual essas pessoas, em condições normais, jamais se submeteriam. Isto é, o regime totalitarista acredita que qualquer de suas decisões dispensa o consentimento básico dos homens (consensus iuris) e ainda sim não decair para o nível de estado tirânico, ilegal, arbitrário e do medo. Para o totalitarismo, as leis estão em movimento, embora falem em leis da natureza ou da história, a natureza e a história são fatores não estáticos e, portanto, estão em movimento, ou seja, é uma força estabilizadora da autoridade para as ações dos homens, mas que está em constante movimento. Sendo o movimento da Natureza e da História um só, a autora compara esses fatores com os estudos de Darwin e os escritos de Marx. Darwin foi o responsável pela introdução do conceito de evolução da natureza, em que o movimento biológico/natural não sendo cíclico, mas unilinear; entende-se então, o movimento da natureza enquanto produção histórica, por ela ser constante e infinita. Assim como a história. Sobre a evolução biológica no campo da natureza, Arendt, trás a mesma reflexão, porém no âmbito social definido por Marx no que se refere ao trabalho, ele entende como força natural-biológica, e consequentemente histórica. O movimento que ocorreu no século XX fez com que houvesse uma mudança de pensamento e a interpretação mediante a Natureza e a História ganhou caráter secundário, sendo assim a “lei” mudou de sentido passando a ser a própria representação da expressão do movimento. De maneira que as leis positivas foram substituídas pelo terror total. Sendo esta, o terror a nova essência do totalitarismo. Hannah caracteriza o terror como a realização do movimento, ou sua aceleração – atua como um catalisador- que tem por objetivo estabilizar os indivíduos a fim de liberar as forças da natureza ou da história. Dessa maneira, temos o terror como uma política que não busca o bem-estar dos homens, mas sim, a fabricação da humanidade- elimina os homens pelo bem da espécie. Ainda si, torna- se necessário o uso de artifícios de controle, visto que se em um governo democrático já se torna difícil inspirar os cidadãos, no governo totalitário não é diferente. Mesmo que o terror seja um mecanismo ele não é perfeitamente eficaz; é nesse sentindo que nasce a necessidade de destruir certas convicções dos cidadãos a partir de uma educação totalitária. É nessa continuidade que nascem as ideologias- filosofia científica. Elas pressupõem que uma idéia pode explicar o todo do desenvolvimento da premissa, sendo a experiência um processo desnecessário. Nessa perspectiva que tiramos a utilidade da ideologia no domínio totalitário: pretensão em explicar a totalidade - não do que é, mas do que pode vim a ser- não recorre à experiência- ou seja, desenvolve- se dentro do sentido proposto pelo empirismo; dedução – as ideologias não têm poder de modificar a realidade. Além de a ideologia ser um forte instrumento de controle dentro de um regime totalitário, a solidão/isolamento também é fortes bases para manter o controle, tirar os indivíduos de seus grupos promove uma sensação de vulnerabilidade que facilita o domínio. Sendo esta também o fator que treina os indivíduos de um regime não-totalitário para um regime totalitário. Atualmente, o contexto atual abre brechas para que esse regime se estabeleça ainda que este mesmo se autodestrua.

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