Serviço Social no âmbito da formação profissional
Por: CamilaUfal • 3/10/2016 • Artigo • 1.990 Palavras (8 Páginas) • 539 Visualizações
Serviço Social no Âmbito da Formação Profissional
Social Work in the Vocational Training Scope
Camila Rodrigues Nascimento; Taciane Clis Silva de Lima
Universidade Federal de Alagoas
Resumo
Este artigo traz a tentativa de problematizar e exemplificar os principais desafios da formação profissional do assistente social. Trataremos desde o surgimento da profissão, até a atualidade. O Serviço Social se originou dentro da Igreja Católica, com a intenção de preparar a grande massa pauperizada, para o capitalismo industrial, esse início da profissão é de cunho extremamente conservador, e estava calcado na necessidade de preparar a população para o novo sistema socioeconômico e político que estava se desenvolvendo. No Brasil, o Serviço Social, surgiu na terceira década do século XX, e vêm sofrendo diversas alterações no decorrer de sua trajetória profissional. A princípio a burguesia utilizava-se da profissão apenas em seu favor, atualmente a visão crítica, adquirida através da formação profissional, criou um caráter reformatório que auxilia o assistente social a não ficar ligado a imediaticidade.
Palavras-chave: Serviço Social, Igreja Católica e Capitalismo.
Abstract
In this paper, we discuss and illustrate the main challenges of professional training of social workers. We deal since the emergence of the profession, to the present. Social work originated within the Catholic Church, with the intention of preparing the bulk pauperized, to industrial capitalism, the beginning of the profession is extremely conservative nature, and was underpinned by the need to prepare the population for the new socio-economic system and politician who was developing. In Brazil, social work, came in the third decade of the twentieth century and have suffered many changes during his career. At first the bourgeoisie used to the profession only in your favor, now the critical view, acquired through vocational training, created a reformatory character that helps the social worker not to get attached to immediacy.
Keywords: Social Services, Catholic Church and Capitalism.
Introdução
A emergência e institucionalização do Serviço Social ocorrem nos anos 1920 e 1930, sobre forte influência da Igreja Católica Européia, baseado principalmente nas ideias de Mary Richmond e nos fundamentos do Serviço Social de Caso. No Brasil, o Serviço Social nasceu por volta de 1930, sob o julgo do conservadorismo. A primeira escola de serviço social no Brasil é fundada em 1936, em São Paulo, tendo como fundadoras integrantes do Centro de Estudos da Ação Social que era totalmente vinculado a igreja católica, pois nesse centro eram realizado cursos de qualificação para orientar o pensamento do operariado.
Nos anos 1960 e 1970, acontece o movimento de renovação da profissão, que é o momento em que ocorre a ruptura da profissão com o conservadorismo. Dentro desse contexto o serviço social se laiciza, buscando incorporar segmentos de outros setores, como as Ciências Sociais e até mesmo se unindo a movimentos sindicais considerados de “esquerda” por se opor aos ditames da burguesia.
Na atualidade, apesar de ter rompido com todos os jugos do conservadorismo, o serviço social não deixou de ser uma profissão inserida na divisão sócio técnica do trabalho, assim de certa forma, continua ligado à classe burguesa; só que na contemporaneidade os profissionais, são capacitados para ter uma visão crítica da realidade e para atender também aos interesses da classe pauperizada.
Trajetória do Serviço Social
O serviço social surgiu dentro da sociedade capitalista com a finalidade de intervir nas várias expressões da Questão social, desta maneira contendo a classe proletária. Iamamotto, em seu livro Relações Sociais e Serviço Social no Brasil, afirma que:
“O serviço social surge como um dos mecanismos utilizados pelas classes dominantes como meio de exercício de seu poder na sociedade, instrumento esse que deve modificar-se, constantemente, as classes e/ou das formas como são percebidas as sequelas derivadas do aprofundamento do capitalismo.” (Iamamotto 1982, p.19)
Ou seja, o serviço social surge para desempenhar seu papel, ocupando uma posição subordinada na divisão sócio técnica do trabalho, vinculada a execução terminal das políticas sociais (Montanõ 2007, p.33), a implantação do serviço social relaciona-se com as transformações econômicas e sociais, pelas quais a sociedade atravessou no decorrer do seu processo histórico, e, com essas transformações influenciou as classes sociais e suas respectivas instituições.
Antes da criação da primeira escola de serviço social no mundo foi criada a Escola de Filantropia Aplicada, idealizada por Mary Richmond em 1897, em Toronto, essa escola realizava cursos de aprendizagem da aplicação científica da filantropia, que visava desenvolver a tarefa assistencial como reintegradora e reformadora do caráter. Em 1899, foi fundada a primeira Escola de Serviço Social no mundo, em Amsterdã, capital da Holanda, chamada Elvira Matte de Cruchaga, já a primeira escola da América Latina foi criada em Santiago, no Chile, em 1925, pelo médico Alejandro Del Rio, e surge em 1932 o Centro de Estudos e Ação Social de São Paulo (CEAS), com o incentivo e sob controle da hierarquia da Igreja Católica. Tornando mais efetiva e dando maior rendimento as iniciativas e obras promovidas pela filantropia das classes dominantes paulistas, sob o patrocínio da igreja para dinamizar a mobilização do laicado. Portanto, o surgimento das escolas de serviço social, adveio a partir da necessidade de uma formação uniforme e teórica. No Brasil, a primeira escola surgiu em 1936, em São Paulo, após um curso intensivo para moças ministrado pela Mademoiselle Adele Leneaux da Escola Católica de Serviço Social de Bruxelas, eram exigidos requisitos como: vocação e conhecimento técnico, mas o objetivo dessas escolas era formar profissionais com personalidade conservadora, fundamentada na ideologia da igreja católica por meio de práticas assistencialistas a favor da estabilidade dos interesses dos donos do capital.
A formação do assistente social consistia em quatro aspectos principais: científico, técnico, moral e doutrinário, a prática era o elemento essencial para a formação, nesse ponto se formaria a mentalidade, a moral era a visão do conjunto de verdadeiras normas de como agir de forma individual ou grupal, o científico era composto pelo conhecimento do homem, da sua vida física, social e cientifica, e a técnica ensinaria a combater os males sociais e imprimir ao assistente social um caráter diverso.
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