Práticas corporais e grande saúde: um encontro possível

Práticas corporais e grande saúde: um encontro possível

Flávio Soares Alves* Yara Maria de Carvalho**

"Atividade física produz saúde!"

           A premissa acima é, como diz o artigo, “uma verdade quase incontestável; o profissional de Educação Física passa a ser agente ativo de uma ideologia do ser saudável, passando por cima da diversidade dos corpos, em função da reprodução de uma lógica excludente, que dita padrões estéticos de beleza e saúde”.

        O artigo descreve a afirmação da ligação entre exercícios físicos e saúde como algo que pode muitas vezes afetar negativamente a saúde mental, visto que muitos sentem-se pressionados a alcançar padrões de saúde, onde está implícito um conceito de beleza física que não condiz com a realidade da maioria; incitando e sufocando. Nessa perspectiva, tem-se uma inversão do que se diz pois as pessoas terminam adoecendo pela busca de um ideal que não lhes traz saúde.

        É discutida também a adesão ao exercício; e como o exercício traz um esforço, os autores associam ao sofrimento do dia a dia; onde por vezes as atividades físicas não são prazerosas; procura-se então práticas corporais que façam com que a adesão aumente.

        Não obstante, os autores resgatam o conceito da grande saúde de Nietzsche – “Antes e fundamentalmente, a grande saúde afirma a vida em plenitude, mas também, e não menos, afirma a dor e a morte como pulsões vitais da própria vida. Inscreve-se aí, nesta vida em plenitude, a dimensão trágica do viver. Segundo Nietzsche (2003), esta dimensão é aquela que contém em si os movimentos de afirmação da vida, mas também a inevitável presença da dor, do sofrimento e da morte. Não se pode entender a vida sem considerá-la nesta complexidade de movimentos, pois é só aí que ela se encontra em plenitude.” Nietzsche coloca a Grande saúde como plenitude a ser constantemente conquistada; provando da doença para entender o que é saúde, e assim passar a essa busca constante da plenitude; criando e recriando situações e a realidade.

          Para Nietzsche é preciso ampliar os pontos de vista para poder experimentar diferentes modos de querer, sentir e pensar, sendo estes os conquistadores da grande saúde.

        Conforme o artigo; Nietzsche entende que "ser saudável não é somente não adoecer, mas conseguir fazer oposição à enfermidade" (MOREIRA, 2006, p. 73). A partir desse parágrafo conjectura-se que a grande saúde de Nietzsche engloba a capacidade do organismo de vencer a doença a partir de um estado “fortalecido” de saúde, onde essa é constantemente adquirida e conquistada através de práticas corporais prazerosas e demais ações que corroboram para o estado de saúde.

       Em suma; Nietzsche nos faz acessar nossos anseios com relação a arte do encontro e reencontro com nosso íntimo e com ele interagir com o outro buscando algo que seja prazeroso e criativo no decorrer do  caminho e cada vez mais  fortalecedor; sendo isso então a constante conquista da grande saúde.