Projeto Mestrado
Por: Marília Rocha Magalhães • 26/10/2017 • Projeto de pesquisa • 2.685 Palavras (11 Páginas) • 346 Visualizações
Universidade Federal do Triângulo Mineiro
Circunferência do pescoço como indicador de sobrepeso e obesidade em escolares de 6 a 10 anos: relação com IMC, circunferência abdominal e dobras cutâneas
Linha de pesquisa 2: Epidemiologia da Atividade Física
1ª opção: Prof.ª Dr.ª Allynne Christian Ribeiro Andaki
2ª opção: Prof. Dr. Jair Sindra Virtuoso Junior
Uberaba
2016
1- Introdução
A obesidade infantil e o excesso de peso representam hoje um problema de saúde pública no Brasil e no mundo. Em 2010, estimou-se que no mundo, o número de crianças com sobrepeso com idade abaixo de cinco anos era maior que 42 milhões. Uma criança com sobrepeso é mais propensa a se tornar um adulto obeso e também a desenvolver doenças como diabetes e cardiovasculares mais cedo, segundo a Organização Mundial de Saúde.
A constatação do excesso de peso é importante para que haja uma interferência eficaz na luta contra a obesidade. Pode-se descobrir o quanto uma pessoa está acima do peso por meio de diversos métodos avaliativos. Existem desde métodos mais simples, que exigem pouco conhecimento por parte do avaliador, até métodos mais complexos, que necessitam o acompanhamento de um profissional.
O IMC que é o Índice de Massa Corporal é o método mais utilizado para identificar sobrepeso e obesidade. É considerado simples para qualquer indivíduo, pois a simples relação da massa do indivíduo com a sua altura elevada ao quadrado faz com que saibamos o nível de obesidade que a pessoa se encontra. Apesar de ser o método mais utilizado, o IMC tem correlação considerada moderada (0,70) quando comparado à pesagem hidrostática que é um método mais preciso de avaliação da gordura corporal (KEYS et al., 1972; FILHO, 2003).
Existem outros métodos simples utilizados para verificar a obesidade ou não do insivíduo, como por exemplo, a circunferência abdominal, que utiliza apenas o valor da circunferência do abdômen para avaliação e a circunferência do pescoço que utiliza apenas a circunferência do pescoço, mas é menos utilizada pela população e por profissionais, mas que tem se mostrado eficiente, segundo algumas pesquisas.
Segundo Rodrigues e colaboradores (2001), a avaliação do percentual de gordura utilizando o método de dobras cutâneas também é bastante valorizada, devido à sua alta correlação com a pesagem hidrostática (r= 0,85 e r= 0,84 para o protocolo de 3 e 7 dobras, respectivamente).
Portanto, após a análise e a vivência na área da Educação Física relacionada à saúde surgiu a motivação para a realização desse estudo, objetivando verificar se a medida da circunferência do pescoço é eficiente para ser utilizada como método de avaliação de quantidade de gordura em crianças de 6 a 10 anos de ambos os gêneros.
Entendendo que os estudos em nosso país sobre esse método para essa finalidade são escassos e após o levantamento de dados e a análise embasada nos estudos sobre a temática surge a possibilidade de comprovar a eficiência deste tipo de avaliação e contribuir para o campo de estudo, profissionais e, fundamentalmente, para a população em geral na descoberta de sobrepeso e obesidade mais facilmente.
Os objetivos específicos do estudo enumeram-se da seguinte forma:
Verificar se há correlação entre as medidas da circunferência do pescoço, IMC e dobras cutâneas na identificação de sobrepeso e obesidade em crianças com idade entre 6 e 10 anos. Mais especificamente:
Verificar se o método da circunferência do pescoço é eficiente quando utilizado em crianças brasileiras.
Descrever uma forma de avaliação para a identificação da obesidade ou sobrepeso por um método de fácil acesso.
- Justificativa
A prevalência da obesidade representa um dos principais desafios de saúde pública. O gasto com o tratamento da obesidade consome de 2 a 7% dos gastos com saúde nos países desenvolvidos (PINTO; OLIVEIRA, 2009) A importância de se identificar o excesso de peso precocemente está na prevenção da obesidade na fase adulta, já que há grandes possibilidades de uma pessoa jovem com sobrepeso se tornar um adulto obeso (DIETZ, 1998b). O controle de peso na infância é fundamental, pois esta tem relação direta com a obesidade na vida adulta. (KANNEL, et al, 1976 apud PELLANDA et al., 2002).
Além disso, a obesidade está diretamente ligada a doenças cardíacas (DAMASCENO et al., 2013), dislipidemias, hipertensão arterial, diabetes tipo II, arteriosclerose, dentre outros (MELLO et al., 2010).
Existem muitas formas de identificar excesso de peso. O IMC é um método muito utilizado como indicador de obesidade, apesar de não separar massa rica em gordura de massa magra (JANUÁRIO et al., 2008).
Outra técnica utilizada para identificar a quantidade de gordura é a espessura das dobras cutâneas. É um método de grande aceitação entre os pesquisadores, pois, diferentemente do IMC, é mais específico quanto à quantidade de gordura e massa magra (SLOAN, 1967). Por outro lado, as dobras cutâneas podem não ser o método mais indicado para pessoas com grande quantidade de gordura corporal devido à dificuldade de realizar a medida nesses indivíduos (CEZAR, 2002).
O interesse pelo método de avaliação de quantidade de gordura que utiliza apenas a medida do pescoço se deu por sua correlação positiva com outros métodos de avaliação em outros estudos. Olubukola e colaboradores (2010) confirmaram a correlação positiva desse método com o IMC e medida da cintura, para identificação de adiposidade central em crianças de 6 a 18 anos, estabelecendo pontos de corte para tal. Já Hatipoglu (2009) realizou uma pesquisa comparando a circunferência do pescoço com o IMC e a circunferência da cintura. O seu objetivo era saber se, sozinho, o método de medida da circunferência do pescoço poderia ser um indicador confiável de sobrepeso e obesidade. Os resultados mostraram que esta medida, além de ser de fácil aplicação, é confiável e pode ser utilizada para esse fim.
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