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Brasil Ainda Sofre Para Levar Saúde Mental Aos Extremos Do País 20 Anos Após A Reforma

Por:   •  15/7/2023  •  Trabalho acadêmico  •  1.306 Palavras (6 Páginas)  •  94 Visualizações

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Brasil ainda sofre para levar saúde mental aos extremos do país 20 anos após a reforma

Folha de São Paulo

Macapá e Oiapoque( AP)- Se um carro “ nornal” cruzar o seu caminho,é um bom sinal.Quer dizer que as pedras improvisadas nos buracos de lama ao longo da estrada vão funcionar, a caminhonete não vai atolar e, sem imprevistos, a viagem só vai durar de 8 a 10 horas.Pior seria se você estivesse de ônibus, porque quando ele quebra se vão até dois dias.É que a pista de asfalto em construção há quatro décadas foi deixada no meio, e os últimos cem quiilômetros tem que ser percorridos na terra,encharcada pela chuva.

As recomendações são de quem pega a rodovia odo mÊs: o Carioca, Carlos Estevão, o único psquiatra que atende no Oiapoque, no Amapá. A última cidade do Norte do País,simboliza o longo trajeto que o Brasil tem que percorrer para levar saúde mental a todos os extremos.Com o fehamento dos manicômios e uma reforma psquiátrica que é referência no mundo,ainda temos serviços desiguais e subfinanciados para enfrentar uma explosão de transtornos psíquicos.

A saúde mental fica na raspa da raspa,resume o assistente social de um CAPS amapaense.Só cerca de 1 por cento do orçamento nacional de saúde vai para a rede de atenção psicossocial, bem abaixo dos 6 por cento receitados pela OMS( Organização Mundial da Saúde).O valor é irrisório diante de um problema que atinge mais de um quarto da população ao longo da vida e é uma das prncipais causas de afastamento do trabalho.Também é insuficiente para lidar com fatores não esperados lá atr´s como a PANDEMIA DE COVID e o aumento do uso do Crack.

Em meio ás dificuldades antigas, há um debate que já dura cerca de 5 anos.De um lado trabalhadores da área acusam os govermos Michel temer e Jair Bolsonaro de um desmonte da rede. De outro o Ministério da Saúde e principalmente grupos de psiquiatras que defendem que é preciso fortalecer equipamentos de alta complexidade.Para o paciente, o primeiro gargalo surge numa rede básica que não previne nem absorve como deveria os casos de depressão e ansiedade, o grosso da demanda.Dos adultos do primeiro grupo que dizem ter recebido assistência médica em 2019, só um terço o fez na atenção primária,segundo o IBGE.

A formação e preparo das equipes para lidar com casos de saúde mental nessa fase costumam ser falhos,somados a um estigma que esse tipo de paciente tem.Como o profissional acha que não tem capacidade,prefere ficar longe,afirmam servidores de diferentes regiões do país.

No Oiapoque,o psicólogo TORRICHA DE SOUZA,29 anos, se divide entre as cinco  a unidades básicas de Saúde durante a semana,incluindo  a de Vila Vitória,bairro de terra batida que liga o Brasil á Guiana Francesa.” Normalmente a agenda fica cheia.O ideal é que eu atenda quatro pacientes por turno,mas as vezes atendo cinco de manhã e sete á tarde.”

Ali, Osmarina Francalino cuida de Cosme e Damião,os gêmeos que há 24 nos carregam uma psicose que ela não sabe dizer o nome.”O médico escreveu num papel para mim, é esquizofrenia parece”, diz a costureira de 67 anos.

O abastecimento de certos medicamentos na cidade depende dos “pirateiros”, homens que cobram para percorrer os 600 km até Macapá num veículo 4x4.”Não chegou a faltar ainda,mas estou com medo porque ele não pode deixar de tomar.Dia 10 prometeram na farmácia” conta ela.

A capital, que acumula a demanda de todo o estado,só ganhou psicólogos nas unidades básicas no ano passado.Mesmo assim,muitos dos pacientes que chegam são encaminhados aos CAPS, que deveriam tratar com consultas,oficinas e grupos de conversa apenas casos de psicose ou dependência em álcool e drogas..Isso porque agora eles tem aonde atender.Até alguns meses atrás o acolhimento do principal centro era feito debaixo da árvore,o ventilador ameaça estourar e o teto voava quando ventava.

Com prontuários ainda escritos á mão,pouco acompanhamento e nenhuma unidade 24 horas horas ou abrigo,boa parte dos doentes acaba perdida no sistema ou nas ruas.”Dizemos que é uma porta aberta para lugar nenhum” critica karol Duarte,representante do movimento da luta antimanicomial amapaense.

Coordenador estadual de saúde Mental, o psicólogo Mário Denis Costa admie que a rede está muito aquém,mas cita avanços nos último ano.Prevê a criação de dois novos CAPS municipais até 2024 e diz orientar cidades do interior que façam convênios com os vizinhos e abram mais unidades- é preciso ao menos 20 mil habitantes para isso,pelas regras federais.

“Estamos tentando mudar essa cultura de que é o estado que tem que fazer essa capacitação para ter o CAPS, a prerrogativa precisa ser dos municípios”,argumenta Costa que  vê um retrocesso muito grande nas políticas federais.”Não conseguimos acessar recursos facilmente como antes”.

A paralisação de habilitação do novos CAPS pelo Ministério da Saúde é a principal crítica dos que apontam um esfalecimento da saúde mental no SUS nos últimos anos.Eles defendem que a verba ampliada para leitos hopsitalares deveria estar sendo investida no tratamento no território,como preconiza a reforma psiquiátrica.

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