O Caso de Ana

Caso de Ana

Abordaremos a seguir, uma análise do texto Caso de Ana, que é uma reflexão da politica nacional do sistema de saúde, o SUS.

Ana, 53 anos, trabalhadora autônoma, vende bijuterias, roupas e outras coisas. Mora num município pequeno, que tem uma equipe de saúde família cobrindo quase toda população do município, e Ana faz parte de uma das famílias do programa que acompanha a saúde diretamente.

Um certo dia, Ana acorda sentindo dor, com secreção no mamilo e percebe a existência de um volume atípico na região mamária, receosa ela procura ajuda, já que tem histórico de câncer de mama na família, nesse caso, sua avó.

Prontamente, ela vai a um pronto-socorro de emergência e o médico que apenas encaminha para o médico de sua unidade de saúde família e receita um analgésico.  Ele nem solicitou exames básicos, como mamografia!

Ana procura o médico de sua unidade que faz apalpação inicial e indica infecção e um pequeno volume, que encaminha para um ginecologista (só especialistas podem solicitar mamografia).

Ana, dessa vez, recorre ao hospital municipal, lá ela é informada que os agendamentos para consulta com ginecologista só depois de dois meses. Esse tipo de informação desmotiva qualquer pessoa, um absurdo!

Ela retorna ao médico de saúde família e relata tudo. Dessa vez, o médico solicita a mamografia (mesmo sabendo da política de saúde...), receita um antibiótico e a orienta ir no município vizinho. Chegando lá se depara com mais uma burocracia: Apenas ginecologistas podem solicitar mamografia.

Ana, resolve ir pessoalmente na capital e finalmente depois de alguns dias, consegue marcar o exame para dois meses, graças a uma amiga que trabalha no hospital da capital.

Passados os meses, Ana consegue enfim realizar o exame e levar o laudo para o médico de saúde família, que a informa a necessidade de uma biopsia, tendo em vista a descoberta de um câncer. Dessa vez, o médico vê a gravidade e pede uma urgência direta na secretaria de saúde do município, mas o atendimento fica para mais dois meses, na capital.

Assim, passado esse período, ela consegue finalmente realizar a biopsia que indica neoplasia maligna, o médico da saúde família dessa vez a encaminha para um mastologista, consulta para mais um mês de espera!

No mastologista, o médico solicita mais exames, e por fim, depois de dois meses de espera, Ana realiza a cirurgia de retirada da mama e é encaminhada a realizar tratamento de quimioterapia.

Após um ano, Ana enfim conclui seu tratamento, mas ela precisava monitorar os próximos cinco anos, através de medicamentos cedidos pelo hospital em que realizou os procedimentos.  

Para Ana só restou tristeza e cansaço da burocracia do serviço de saúde do estado. Ana percorreu muitos quilômetros para conseguir atendimento, exames, resultados, agendamentos, entre outros procedimentos que só atrasavam o seu tratamento. Ana então decide apenas rezar!!

Como pode tamanha burocracia para realizar um exame? Era para ser feito na primeira consulta médica, na rede particular o sofrimento é menor mas ainda existe tamanha dificuldade no acesso.  É evidente que é preciso de uma politica mais eficaz, que o atendimento seja mais rápido, que os exames possam ser realizados em todas as regiões, para que não tenhamos que toda vez recorrer á capital.