O Uso da Ritalina Entre Estudantes de Medicina
Por: larasouzass • 8/11/2021 • Trabalho acadêmico • 967 Palavras (4 Páginas) • 242 Visualizações
O uso de ritalina entre estudantes de medicina no Brasil
A história do ser humano sempre foi marcada pela competição, desde o surgimento dos primeiros homens da pré-história, onde lutaram pela sobrevivência que dependia da caça para o alimento. Além disso, os indivíduos buscam substâncias para melhorar a cognição desde civilizações antigas com o uso de alucinógenos, ao uso de cafeína, ao desenvolvimento de drogas estimulantes recentes e ativadores do glutamato, segundo Frati et al (2015).
Porém, é possível afirmar que esse hábito se mantém até os dias de hoje, principalmente na área acadêmica. A grande busca por destaque, sucesso, boas notas e vantagens diante de seus pares fez os alunos buscarem uma forma de melhorar seu desempenho nos estudos, o uso do metilfenidato, mais conhecido como ritalina. A competição e a corrida frenética pelo desenvolvimento pessoal muitas vezes tornam o acesso a esses produtos psicoestimulantes indispensáveis para os futuros médicos.
Também conhecida como “pílula da inteligência”, essa droga tornou-se um fenômeno global, principalmente entre estudantes de medicina, de 10% a 20%, segundo Chandramouleeswaran, Edwin, Rajaleelan (2016). Com a expansão do uso dessas drogas no mundo, o Brasil passou a ser o segundo país no ranking de consumo de Ritalina, atrás apenas dos Estados Unidos.
A demanda entre esses acadêmicos é maior devido à alta pressão, sobrecarga de trabalho e até falta de sono. Ao ingressar no ensino superior, inicia-se uma rotina de maiores responsabilidades, independência e competitividade, principalmente no curso de medicina. Devido à carga excessiva de disciplinas, associada à conclusão do curso, o uso de psicoestimulantes tornou-se uma epidemia entre os alunos, principalmente aqueles em períodos mais avançados.
Por serem derivados de anfetaminas e considerados psicotrópicos pela ANVISA, esses medicamentos só podem ser adquiridos mediante receita médica. No entanto, os alunos dizem que é extremamente fácil encontrar e comprar sem burocracia. Eles são encontrados em sites online, para venda na universidade para colegas e até familiares, de forma ilegal.
Assim, em muitas análises da literatura, fica evidente o quão alto é o uso desse medicamento entre estudantes de medicina no Brasil. Em estudo transversal observacional quantitativo da Universidade Federal do Rio Grande - Furg (RS) realizado por Morgan et al (2017), a prevalência do uso de substâncias estimulantes na vida foi de 57,5%, sendo que 51,3% destas iniciaram para usá-los durante a faculdade.
Sabe-se que a Ritalina foi sintetizada em 1944, mas até hoje não há estudos suficientes sobre seu uso a longo prazo, especialmente entre indivíduos saudáveis. Portanto, seus efeitos ainda não são bem compreendidos. Segundo a Anvisa (2021), sua ação excitatória ocorre no sistema nervoso central, onde ocorre a inibição da dopamina no corpo estriado, tornando esses neurotransmissores disponíveis por mais tempo nas fendas sinápticas. Além disso, evitam que as catecolaminas sejam recapturadas pelas terminações nervosas, de acordo com Andrade et al (2018). Segundo alguns estudos, essa droga não causa alterações em pessoas saudáveis, ou seja, não há melhora real na cognição.
Portanto, por atuar diretamente no sistema nervoso central, esse fármaco proporciona maior concentração, maior estado de alerta e melhor desempenho. Deve-se notar que este medicamento é usado para tratar transtorno de déficit de atenção, narcolepsia e epilepsia. Portanto, entende-se que seu uso é perigoso para pessoas que não sofrem de nenhuma dessas doenças.
Nesse sentido, além de propensos à dependência, indivíduos saudáveis podem sofrer efeitos colaterais indesejados, como insônia, inapetência, arritmias, infarto, problemas de pressão arterial, alucinações, ansiedade, depressão, entre outros. Também podem gerar hábitos negativos, como letargia, sedentarismo, tabagismo e consumo abusivo de álcool.
Apesar de seus muitos efeitos colaterais, há um debate sobre o uso dessas drogas em indivíduos saudáveis. Por um lado, existe o argumento desfavorável, que refuta a ameaça à integridade e dignidade do ser humano. Por outro lado, existe o argumento favorável, que defende a liberdade de escolha de cada pessoa para escolher melhorar sua vida. Além disso, alguns defendem a legalização dessas drogas para distribuição a toda a população.
Dito isso, conclui-se que o uso da ritalina no Brasil está cada vez mais presente na vida dos estudantes de medicina. Portanto, é imprescindível a discussão e discussão dessa temática para que haja uma redução do uso dessas drogas entre os universitários que buscam melhorar o desempenho, uma vez que não há evidências científicas suficientes para este propósito. Da mesma forma, é necessário mostrar às pessoas que desejam consumir essas substâncias, as consequências negativas que causam que afetam a saúde e o bem-estar. Por fim, cabe à ANVISA, maior controle da produção e comercialização desses medicamentos para que isso deixe de ser um problema de saúde pública.
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