CÁRIE DENTÁRIA: Uma discussão sobre a doença cárie em crianças com até seis anos de idade
Por: Michele Carvalho • 9/9/2018 • Trabalho acadêmico • 2.371 Palavras (10 Páginas) • 431 Visualizações
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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS
Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde
Odontologia
CÁRIE DENTÁRIA:
Uma discussão sobre a doença cárie em crianças com até seis anos de idade
Beatriz Mamede
Lizandra Rodrigues
Maisa Belisário
Michele de Carvalho
Belo Horizonte
2017
Beatriz Mamede
Lizandra Rodrigues
Maisa Belisário
Michele de Carvalho
CÁRIE DENTÁRIA:
Uma discussão sobre a doença cárie em crianças com até seis anos de idade
Trabalho apresentado à disciplina de Seminário de Integração I do curso de Odontologia na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.
Orientadora: Maria Eugênia Alvarez
Belo Horizonte
2017
1 INTRODUÇÃO
A cárie é uma doença que causa danos na estrutura dentária e, por ser multifatorial, para ocorrer há a necessidade de vários fatores interagindo negativamente, como baixo fluxo salivar, escovação inadequada, dieta rica em açúcares, entre outros. Hábitos como a escovação, a utilização de fio dental e o consumo de uma dieta com baixo teor de sacarose são essenciais para evitar a desmineralização, coibindo, assim, um possível surgimento da lesão cariosa. Crianças de até seis anos, além de serem mais afetadas, muitas vezes por falta de instrução de uma higiene adequada e por costume de uma dieta desequilibrada, são mais prejudicadas também por questão da anatomia dos dentes. Para se construir um diagnóstico eficaz, é essencial identificar os hábitos dessas crianças, o fluxo salivar e sua capacidade de tamponamento, o tipo da placa bacteriana e relacioná-los com a causa da doença, ou seja, com sua etiopatogenia, antes do surgimento dos danos . Além disso, a análise da imagem radiográfica é fundamental para auxiliar a formular o diagnóstico.
2 OBJETIVO
O objetivo deste trabalho é relacionar os aspectos da microbiologia oral, anatomia dental de dentes decíduos e a influência da alimentação na evolução da doença cárie em crianças de até seis anos de idade, a fim de construir um discussão ampliada da doença nesta faixa etária.
3 DESENVOLVIMENTO
3.1 Aspectos microbiológicos da doença cárie
Para compreender todos os aspectos microbiológicos da doença cárie e entender como ela se estabelece é necessário primeiro falar um pouco sobre o biofilme dentário. O biofilme, ou placa dental, é composto por uma fração celular, as bactérias, e uma matriz, os resíduos alimentares e metabólicos bacterianos. Existem dois tipos de placas, sendo elas a supragengival, que se localiza na coroa do dente, e a subgengival, que está localizada no sulco gengival. Cada uma possui sua particularidade, porém ambas se caracterizam por serem um acúmulo heterogêneo de comunidades bacterianas ricas e complexas que se aderem à superfície dental.
Tratando agora da placa supragengival, aquela que está presente na coroa do dente, é importante salientar que os nutrientes para essas bactérias advém da dieta, ou seja, são nutrientes exógenos. A sacarose ingerida através da alimentação é quebrada por uma enzima chamada invertase em glicose e frutose, que dão origem ao glicano (dextrano e mutano) e frutano, respectivamente, através de uma ligação entre a glicose e a glicosiltransferase e a frutose com a frutosiltransferase. O dextrano e o frutano são substâncias solúveis, portanto são diluídos na saliva e deglutidos, diferentemente do mutano que é insolúvel. O mutano é também chamado de polímero extra-celular (PEC) e confere aderência e nutrição para as bactérias daquela placa. Além disso, através dos carboidratos da dieta, é formado o polímero intra-celular (PIC), que é fonte de energia e nutrição.
Começando a falar sobre a cárie dental, podemos dizer que ela se caracteriza por uma decomposição lenta do elemento dentário, resultante da perda de cristais de hidroxiapatita, o que reduz a integridade estrutural do dente. É uma doença endógena, ou seja, causada por bactérias da microbiota indígena, é infecciosa, transmissível e crônica na maioria das vezes.
A doença cárie advém de uma placa específica, então as bactérias que compõem aquela placa precisam ter certas características para causar tal doença. Elas devem ser acidogênicas, ou seja, produzir ácido, devem ser acidúricas, isto é, conseguir sobreviver em meio ácido, e devem formar o polímero de aderência e de reserva, o PEC e PIC.
No pH normal da boca, que varia entre 6 e 7,5, temos alta concentrações de cálcio na saliva e na placa e menos concentração de cálcio na hidroxiapatita do dente. Dessa forma, a tendência é de que o cálcio passe da placa e da saliva para o dente, caracterizando o processo de remineralização. Após a alimentação temos um pH menor que 5,5, chamado de pH crítico, e essas concentrações se invertem, então passamos a ter menor concentração de cálcio na saliva e na placa e maior concentração na hidroxiapatita, ou seja, agora a tendência é de que o cálcio passe para a saliva, havendo o processo de desmineralização. Porém, a saliva possui o poder de tamponamento, então dentro de alguns minutos ela volta com o pH para a normalidade e o dente sofre a remineralização.
Figura 1 - Curva de Stephan
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Fonte:
Exemplificando o que foi dito acima, de acordo com a Curva de Stephan, representada na figura 1, durante o tempo em que o pH da cavidade oral fica abaixo de 5,5 está havendo a desmineralização do dente, porém, quando a saliva age e tampona, ela volta com o pH para a faixa normal, ocorrendo a remineralização.
Esse é um processo constante que na cavidade bucal, porém quando há um desequilíbrio nesse processo e a desmineralização ocorre em maior quantidade, a doença cárie aparece. O mutano, por ser insolúvel, impede que a saliva penetre e ajuste o pH, portanto o dente passa a sofrer mais desmineralização. Diante dos fatos, podemos pensar que a presença da sacarose, o maior substrato para as bactérias, é um fator impactante na doença cárie.
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