A Micologia Em Estudos Forenses
Artigos Científicos: A Micologia Em Estudos Forenses. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: isabelasss • 5/3/2014 • 2.449 Palavras (10 Páginas) • 1.504 Visualizações
A micologia em estudos forenses
Apesar dos fungos serem comuns no ambiente considerando sua grande diversidade no
mundo (cerca de 1,5 milhões segundo Hawksworth, 1991), o seu uso na ciência forense
tem sido menos relevante que as plantas. Talvez pela falta de mais estudos nessa área e também
por existirem regiões pouco estudadas como áreas de restinga, caatinga, desertos, trópicos dentre
outros, ainda existem muitas espécies de fungos não identificadas (SILVA; MINTER, 1995).
Um dos primeiros trabalhos publicados sobre micologia forense foi de Hawksworth e Wiltshire (2011) e se baseiam nas informações disponíveis na literatura.
As aplicações dos fungos na micologia forense incluem papéis em: fornecer evidências residuais; estimar o tempo desde a morte; determinar o tempo de deposição; investigar a causa da morte seja por intoxicações ou alucinações; localizar cadáveres enterrados (HAWKSWORTH, 2011).
A micologia forense é um estudo recente e devido a várias espécies encontradas no ambiente despontou como uma nova área de investigação a serviço da ciência forense. Os grupos de fungos que foram identificadas no processo de degradação orgânica são: nos Zygomicetos, por exemplo, já foi identificada a espécie Rophalomyces strangulatus; nos Basidiomicetos, exemplos, Hebeloma vinosophllum, Laccaria amethystine e nos Ascomicetos, exemplos, Ascobolus denudatus, Coprinus neolagopus (CARTER; TIBBETT, 2003).
Dessa forma, a presença dessas espécies de fungos em associação com outros elementos, pode
fortalecer na determinação do intervalo post mortem (VIEGAS, 2006).
A sucessão de frutificação e o uso do nitrogênio promovem as bases da estimativa do intervalo post mortem e a sucessão de crescimento fúngico. A análise de aspectos ecológicos e fisiológicos desses fungos é importante na determinação do local do óbito e do tempo decorrido. Ainda que sua relação não esteja esclarecida, devido à necessidade de novas pesquisas que possam confirmar o resultado e melhor caracterizar os grupos de fungos participantes do processo de degradação cadavérica, Carter e Tibbett (2003) destacam dois grupos de fungos correspondentes ao estado de frutificação ao longo da decomposição cadavérica: fungos de frutificação precoce (Zygomicetos, Deuteromicetos e Ascomicetos) e fungos de frutificação tardia (Basidiomicetos) (FILHO, 2008).
De acordo com vários autores é necessário mais estudos para que se torne óbvia a sucessão de colonização fúngica ocorrente nos cadáveres humanos (HITOSUGI, 2006). É possível relacionar achados de isolamento fúngico em corpos esqueletizados, para que em adição com outros elementos possam contribuir na identificação e no tempo de decomposição (OLIVEIRA et al., 2004).
O diagnóstico micológico apropriado, fundamental para a aplicação da Micologia Forense, inclui diversas etapas. A etapa inicial compreende a avaliação pericial forense com o objetivo de estabelecer, segundo os critérios de uso corrente na Medicina Judiciária, (p.ex. odor fétido, presença de insetos, exposição de tecidos moles ou ósseo), o intervalo post mortem que se pretende avaliar. Esses critérios não promovem a precisão aos interesses judiciais e devem ser avaliadas em conjunto com achados periciais (KRYMCHANTOWSKI et al., 2006; FILHO, 2008).
Em cada uma das fases ou períodos post mortem podem ser isoladas distintas espécies de
fungos, onde deve ser de grande importância para o processo laboratorial a disponibilidade de dados
periciais que possam orientar o micologista forense no curso das etapas de isolamento dos
microrganismos (SIDRIM et al., 2004). Após proceder a essa etapa, há a necessidade de analisar
as partes anatômicas que mais se detecta a presença de fungos (ISHII et al., 2007). As principais partes anatômicas para coleta são: pelo do couro cabeludo, escamas de pele, unhas,
mucosa oral e retal, genitália, pulmão, tecido ósseo, líquido cefalorraquidiano, sangue periférico, medula óssea, urina, fezes, escarro, conjuntiva e córnea (SIDRIM, 2004).
Na fase de esqueletização, segundo alguns autores, o crescimento fúngico é interferido no processo de degradação capilar e das estruturas ósseas, o que os tornam potenciais marcadores do tempo de decomposição cadavérica (FILHO, 2008).
Sendo assim, a tafonomia também é importante nos estudos forenses, pois analisa os processos e transformações que ocorrem nos seres vivos desde a sua morte até o momento em que são identificados. No caso da tafonomia forense, estuda os processos por que passam os restos mortais desde a morte do indivíduo até à chegada ao investigador (CARTER; TIBBETT, 2003).
A utilização de fungos na tafonomia forense surgiu a partir de um estudo com fungos esporulentos e experimentos com solos de florestas com adição de compostos nitrogenados ou uréia. O que se observou foi que após a decomposição do “cadáver” e excrementos (fezes, urina) as mudanças ocorridas neste ambiente pelos fungos, foram similares nos solos tratados com compostos nitrogenados, mostrando o local do cadáver e dos excrementos decompostos como um novo habitat fúngico (SAGARA et al., 2008).
A tafonomia se baseia na compreensão dos processos de decomposição e os fatores que os influenciam, como a estimativa do intervalo de post mortem (PMI), bem como a causa e a forma da morte (HAGLUND, 1997; HUNTER, 1994; VASS et al., 1992; HOPKINS et al., 2000). Nas últimas duas décadas, uma série de experimentos de campo e estudos em micologia foi aumentando em casos de decomposição em cadáveres. Pesquisas relatadas na literatura têm demonstrado que certos grupos de fungos quimioecológicos podem atuar em lápides acima do solo como em ecossistemas florestais (FUKIHARU et al., 2000).
Os grupos de fungos em estudos forenses podem ser conhecidos como, fungos postputrefaction os que formaram corpos frutíferos após a decomposição cadavérica e excrementos em condições naturais e fungos ammonia os que formam corpos frutíferos nos solo após o tratamento com uréia (SAGARA, 1995). Além disso, as estruturas de frutificação de alguns desses fungos, foram registradas várias vezes em associação com a decomposição de cadáveres de mamíferos em diversas regiões do mundo (CARTER; TIBBETT, 2003).
Sabe-se que o corpo humano pode ser dividido em tecidos moles e duros. Quando
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