Apostila Genética Para O 3º Ano Do Ensino Médio 64 Pag.
Artigos Científicos: Apostila Genética Para O 3º Ano Do Ensino Médio 64 Pag.. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: PANIAGUABIO • 11/2/2015 • 10.535 Palavras (43 Páginas) • 750 Visualizações
FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE UNAÍ – FACTU – 2013.
Fundamentos de Genética Para Enfermagem
“Você não pode ensinar nada a um homem; você pode apenas ajudá-lo a encontrar a resposta dentro dele mesmo”.
José Antonio Paniagua
1 - Pré-História: uma questão de Herança
Não é de hoje que o homem tenta buscar explicações para os processos hereditários. As hipóteses foram, ao longo da história da humanidade, inúmeras e diversificadas. Tem-se conhecimento de que, desde os tempos dos filósofos gregos, existiam tentativas de se chegar a conclusões sobre o problema da herança (DURANT, 1966).
Como exemplo, Aristóteles (384-322 a.C.) argumentou contribuições sexuais diferentes para a geração de novos seres. Assim, o sêmen do macho seria responsável pelo fornecimento do princípio gerador da forma, o eidos, enquanto o sangue menstrual seria uma substância informe a ser moldada pelo eidos do sêmen. Para Mayr (1998), os gregos introduziram uma nova forma de se enxergar a hereditariedade, pela qual esta não seria mais algo misterioso, fornecido pelos deuses, mas algo a ser estudado e merecedor de reflexão.
Freqüentemente, foi postulado que o sangue, de alguma forma, poderia ser responsável pela transmissão dos traços hereditários. A associação do sangue a questões de hereditariedade é que dá origem a expressões, até hoje utilizadas, como “sangue azul” e “cavalo puro-sangue”. Do mesmo modo, a criação de seres imaginários e míticos, como o nascimento de um ser metade homem, metade touro, não pode deixar de ser interpretada como uma busca de se entender a hereditariedade (JACOB, 1998).
Provavelmente, é com base em explicações do tipo destas descritas acima que se desenvolveram na história antiga pequenos movimentos de eugenia. Por exemplo, em Esparta, a cidade guerreira da Grécia Antiga, os bebês considerados malformados eram atirados rumo ao precipício (DURANT, 1966). Não obstante, só mais recentemente com Galton, primo de Darwin, que a eugenia foi proposta como um meio destinado a melhoria do “estoque” genético da espécie humana.
A participação feminina na reprodução foi também durante muito tempo controversa. Acreditava-se, geralmente, que o papel feminino seria apenas aquele de receptáculo para o material seminal proveniente do pai. Tal crença teve seus primeiros abalos com a descoberta dos folículos de Graaf em 1672 (MOORE & PERSAUD, 1994). Em meados do século XVII, quando já se sabia da existência das células sexuais masculinas e femininas, começou a surgir a teoria da pré-formação (que rivalizaria com os defensores da epigênese). Para os pré-formacionistas, organismos em miniatura estariam presentes dentro das células sexuais. Esta teoria seria dividida ainda em duas escolas: os “ovistas” e os “espermistas”. Esta divisão era feita em razão dos que acreditavam que o
ser em miniatura estaria presente no óvulo (“ovistas”) ou nos espermatozóides (“espermistas” ou “animalculistas”) (PINTO-CORRÊA, 1999).
À época das idéias de pré-formação prevalecia o vitalismo e, mais do que qualquer rigor científico, esperava-se obter soluções para problemas da área jurídica, de subordinação de sexos, paternidade, pureza de linhagens e estruturas aristocráticas (CANGUILHEM, 1977). A disputa entre ovistas e espermistas começaria a dar sinal de desaparecimento em 1775, quando Spallanzani demonstrou que tanto o óvulo quanto o espermatozóide seriam necessários para dar origem a um novo ser (MOORE & PERSAUD, 1994).
Quase cem anos depois, outra idéia a respeito da questão da herança seria questionada. A teoria dos caracteres adquiridos, teve, talvez, seu maior opositor com August Weismann, em 1873. Para ele, haveria um isolamento entre células germinativas e células somáticas. Os caracteres adquiridos seriam aqueles que, não estando presentes nas células germinativas, expressavam-se nas células somáticas através de mudanças decorrentes do ambiente. Weismann argumentava que, havendo um isolamento entre as células do corpo e as células germinativas, as mudanças ocorridas nas primeiras não afetariam as últimas (CASTAÑEDA, 1998).
Deste modo, seja na esfera científica, filosófica ou econômica (através das tentativas do homem de domesticar animais e plantas), desde cedo, na história da humanidade, existe a preocupação de se entender os mecanismos da herança (SUZUKI et al., 1992).
Embora este breve e simplificado relato histórico diga respeito a algumas das idéias sobre herança, ele não pode ser entendido como a história de eventos que antecederam o nascimento da genética moderna. Esta tem sua origem nos trabalhos de Mendel, que criou um modelo de herança que rompia com os pressupostos dos estudos anteriores sobre hereditariedade. Este panorama geral parece compor muito mais o que Canguilhem denomina de ideologias científicas (ideologias de filósofos, discursos pretensamente científicos) do que práticas efetivamente científicas.
2 - O Legado de Gregor Mendel
Gilberto R. Cunha
Poucas pessoas, na História da ciência, contribuíram tanto quanto Gregor Johann Mendel para a evolução do conhecimento e suas transformações em tecnologias, na forma que hoje conhecemos, em agricultura. Não foi por nada que as descobertas desse monge e botânico austríaco de origem tcheca passaram praticamente ignoradas pelos seus contemporâneos. Estavam além da sua época. Até mesmo o grande Charles Darwin, apesar de pioneiro em mostrar a importância da variação genética e sua influência na evolução das espécies, não foi capaz de explicar satisfatoriamente a questão da hereditariedade. E, ressalte-se, que Darwin foi contemporâneo de Gregor Mendel; mas, afortunadamente, passou batido pelas publicações de Mendel.
Não obstante, o Darwinismo foi uma força dominante na Biologia, no século XX.
As dificuldades para formular uma teoria genética, em pleno século XIX, eram devidas a várias coisas. Entre elas: a falta de compreensão da variação contínua e descontínua e da interação com o ambiente. Sem falar que, na mesma época que Mendel realizou suas experiências,
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