HISTOPATOLOGIA DE MEXILHÕES CULTIVADOS NA PRAIA DA PONTA DO SAMBAQUI, SANTA CATARINA.
Por: Veroal • 24/5/2017 • Artigo • 3.277 Palavras (14 Páginas) • 353 Visualizações
HISTOPATOLOGIA DE MEXILHÕES Perna perna (Linnaeus,1758) CULTIVADOS NA PRAIA DA PONTA DO SAMBAQUI, SANTA CATARINA.[1]
Veronice Alves Rodrigues[2]
RESUMO: O ambiente aquático marinho costeiro é habitado por mexilhões, animais filtradores que são bons indicadores de qualidade ambiental. Neste artigo, objetivou-se estudar em mexilhões Perna perna cultivados, a presença de parasitas citando alguns predadores observados durante o experimento. As coletas foram realizadas na Praia da Ponta do Sambaqui em Florianópolis/SC, entre setembro de 2006 e janeiro de 2007. Foram utilizados 150 mexilhões na pesquisa, sendo retirados da água 30 animais por mês de coleta. Em seguida eram feitas as análises macro e microscópicas, onde podia ser comprovado a parasitose por histopatologia. A bucefalose “enfermidade laranja” dos mexilhões ocorreu em 15 mexilhões amostrados, correspondendo a 10% do total. São confirmados, através de observações e relatos de alguns estudos naquele local de cultivo, a presença dos predadores como os gastrópodes Thais haemastoma e Cymatium parthenopeum; os siris Callinectes sapidus e C. danae; a planária Stylochoplana divae; a estrela do mar Enoplopatiria stellifera; o polvo Octopus vulgaris, além de muitas espécies de peixes. A predação causa mais perdas do que o parasitismo
Palavras Chave : Perna perna, cultivo, histopatologia, parasitas.
ABSTRACT: The coastal marine environment is inhabited by mussels, filter-feeding animals which are good bioindicators of environmental quality. It was aimed to study in Perna perna mussels cultured, the presence of parasites, including some predators observed during the experiment. The mussels were collected at Ponta do Sambaqui beach, in Florianópolis/SC, between September 2006 and January 2007. A total of a hundred and fifty animals were analyzed, in a range of thirty/month. After that, they were observed macro and microscopically turning out the parasitose by histopathology. The “orange disease” of mussels was present in fifteen of it, corresponding to a 10% of total. It has been confirmed though observations and relates of previous studies in this culture site the presence of predators such as gastropods Thais haemastoma and Cymatium parthenopeum; as crabs Callinectes sapidus and C. danae; the planária Stylochoplana divae; the sea star Enoplopatiria stellifera; the Octopus vulgaris,besides many fish species. The predation causes more losses than parasitism.
Key Words: Perna perna, culture, histopathology, parasites.
HISTOPATOLOGIA DE MEXILHÕES Perna perna (Linnaeus,1758) CULTIVADOS NA PRAIA DA PONTA DO SAMBAQUI, SANTA CATARINA.
A Aqüicultura é o processo de produção em cultivo de organismos com hábitat predominantemente aquático, em qualquer estágio de desenvolvimento (Valenti, 2000).
Dados da FAO (2005) mostram que desde 1980 a aqüicultura vem crescendo anualmente cerca de 10% em países como a China, Espanha, França, Nova Zelândia e Brasil. Analisando outros arquivos da FAO (2003), constata-se que no Brasil a produção de organismos aquáticos cultivados no ano de 1990 era de 20,5 mil toneladas alcançando então no ano de 2001 um valor expressivo de 210 mil toneladas. Com isso, o mercado apresentou um crescimento de 925%, movimentando cerca de US$ 830,3 milhões. Neste mesmo período a produção pesqueira no Brasil apresentava um declínio de –1,4 %, enquanto que a pesca a nível mundial cresceu 10,7%.
A Aqüicultura destaca-se dentre outras atividades como um excelente empreendimento a ser desenvolvido, atuando como um agente inovador de recursos econômicos para famílias que se encontram em situação financeira desfavorável. Com o passar dos anos, a aqüicultura vem crescendo de maneira surpreendente. Sendo assim, com o rápido crescimento da população humana, esta poderá servir como uma segura fonte de alimento e de desenvolvimento econômico e social para muitas comunidades. Esta atividade auxilia ainda na preservação da qualidade da água e das espécies que vivem em ambientes aquáticos. Sua implementação será totalmente viável em áreas onde há uma grande disponibilidade de água e conseqüentemente uma biodiversidade de organismos e animais aquáticos, garantindo ainda a preservação e proliferação das espécies.
Segundo VALENTI (2000), a Maricultura é uma alternativa para atender a demanda comercial e a preservação de estoques naturais para as gerações futuras. Esta representa um dos setores que mais cresce no cenário global de produção industrial de alimentos. Dessa forma fica claro que o cultivo destes bivalves é uma excelente fonte de desenvolvimento sustentável, a qual possibilita e dá direito a famílias com um baixo poder aquisitivo ou seja, pescadores e ribeirinhos, de praticarem essa atividade sem precisarem de um capital alto para começarem o cultivo.
Os Bivalves Marinhos estão entre os animais aquáticos que mais se encaixam no cultivo com desenvolvimento sustentável, uma vez que estes não necessitam de uma renda alta para serem iniciados. Dentre todas as vantagens em se ter um cultivo de bivalves, as que mais se destacam são: que estes moluscos não necessitam de ração para sua alimentação, esta é natural, extraída do próprio ambiente em que vivem; as instalações de cultivos são bem simples e de baixo custo; há uma grande facilidade de manejo e de localização do cultivo no mar.
No Brasil, toda a produção de mexilhões é cultivada somente com a espécie nativa Perna perna, da família Mytilidae. Daí surge a denominação dada à produção de mexilhões, que se chama Mitilicultura. Em Santa Catarina a espécie Perna perna é a mais abundante e também mais apreciada pela comunidade, pois apresenta um rápido crescimento em cultivo, passando de 2 cm para 6 a 8 cm no período de 6 a 8 meses (FERREIRA & MAGALHÃES, 2004).
O cultivo dos mitilídeos e de outros bivalves marinhos estão entre as atividades de sustentabilidade que mais se desenvolve no Brasil. O Estado de Santa Catarina responde pela maior produção de mexilhão Perna perna do País (97%), sendo que no ano de 2004 produziu mais de 9.000 toneladas desse molusco. No ano de 2000 a produção deste molusco era ainda maior atingindo 11.365 toneladas, onde se observa uma elevadíssima produção se comparado aos anos anteriores. A causa principal deste problema foi a obtenção de sementes (jovens mexilhões) (EPAGRI, 2007). Já no ano de 2005 a produção catarinense de mexilhão teve um crescimento de 24,8% em relação a 2004, tendo alcançado um valor de 12.234 toneladas. Dados recentes da EPAGRI mostram que a produção de mexilhão em Santa Catarina no ano de 2006, voltou a cair com uma produção de 11.604,5 toneladas, o que representou uma queda de 5,15% em relação a 2005. Em Florianópolis essa queda foi de aproximadamente 33,68%. Para atingir o alto crescimento em 2005 foram realizadas pesquisas com coletores manufaturados, mas existe ainda a preocupação ambiental de melhorar o aproveitamento das sementes obtidas, visto que em 2006 houve uma queda, sendo preciso melhorar ainda mais esses coletores, o manejo e a qualidade ambiental. Todo o mercado catarinense e o nacional são abastecidos com um molusco nativo, ou seja, o mexilhão Perna perna, (EPAGRI, 2007).
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