Produtos naturais de origem marinha
Por: Letrodrigues_ • 14/4/2017 • Trabalho acadêmico • 982 Palavras (4 Páginas) • 974 Visualizações
Produtos naturais de origem marinha
1 – Histórico de produtos naturais de origem marinha.
Mares e oceanos ocupam mais de 2/3 da superfície da Terra e abrigam quase todos os grupos de organismos vivos, incluindo representantes de 34 dentre os 36 filos descritos. Sendo assim, os ecossistemas marinhos podem ser considerados como detentores da maior biodiversidade filética, com potencial biotecnológico associado praticamente ilimitado.
A história dos produtos naturais marinhos começou em 1950 com o isolamento do nucleósideos espongouridina e espongotimidina a partir da esponja Tethya cripta. Este descobrimento acidental deu origem, no final dos anos 50 e início dos anos 60, a um estudo mais profundo dos nucleosídeos de esponjas e a avaliação das propriedades farmacológicas destes compostos. A presença desta unidade de arabinose no lugar de uma ribose e a detecção da atividade biológica inspiraram a síntese de análogos ara-nucleosídeos, como o Ara-A e o Ara-C que são utilizados atualmente na terapia antiviral e antitumoral. A década de 60 marcou o auge dos estudos das toxinas de origem marinha. Estas toxinas, devido a sua potência e as frequentes intoxicações alimentares que provocaram atraíram o interesse dos químicos, mesmo quando complexidade estrutural das toxinas estava fora do alcance das técnicas espectroscópicas da época. A descoberta do potencial biomédico de produtos naturais marinhos, junto com sua inovação estrutural e o desenvolvimento de bioensaios in vitro permitiu a triagem de um número crescente de amostras e incentivou o desenvolvimento de numerosos grupos de pesquisa ao redor do mundo, e a implementação de projetos de amostragem e análise de organismos marinhos nas instituições do setor e estaduais farmacêuticas. Hoje foram descobertos mais de 7000 novos compostos de Origem marinha.
2 – Compostos marinhos de interesse biomédico
Entre os organismos macroscópicos, nem todos apresentam a mesma incidência de bioatividade em extratos ou metabólitos secundários. Considerando apenas esses dois fatores, os filos de maior interesse são: algas, esponjas, tunicados, celenterados, briozoários, moluscos e equinodermos. Esta lista não só reflete o número de publicações relevantes, e outros fatores envolvidos nela como a abundância ou a facilidade de recolha de amostras, e não implica que outros filos não é possível isolar compostos bioativos. De fato, um dos mais promissores compostos antitumorais, cephalostatinas, foi isolados a partir do verme marinho Cephalodiscus gilchristis.
As algas são os organismos mais previsíveis a partir do ponto de vista quimiotaxonômica. Ser plantas marinhas levou a foram muito estudados nos primeiros dias de disciplina, especialmente se dar uma perspectiva fitoquímica, isolamento permitindo de centenas de novos compostos, muitos dos quais nunca foram submetidos a testes de bioatividade. Ao longo do tempo, e à medida que se prolongam os estudos de diferentes gêneros e espécies, tornou-se evidente que, dentro dos diferentes tipos de algas macroscópicas apenas certas famílias e gêneros produzidos metabolitos secundários. Muitos compostos extraídos de algas verdes são ictiotóxicos e têm atividade antipredatória. Muitas espécies de algas pardas são colhidas e comercializadas por seus polissacarídeos. Elas produzem muitos metabólitos secundários. Das esponjas, dependendo da ordem, pode-se extrair vários compostos de interesse como diterpenoides, quinonas, peróxidos cíclicos, poliacetilenos, alcaloides, peptídeos e outros. Os celenterados de maior importância são os Cnidários devido sua riqueza química. A maior parte dos metabólitos secundários provem das classes Anthozoa, principalmente de octocorais, que em alguns casos podem ter mais de 10% do peso seco de substancias extraídas em solventes orgânicos. Pode-se extrair eicosanoides de octocorais. Alguns compostos desta família apresentam atividades antitumorais e se encontraram em etapa de estudos pré-clínicos. De Bryozoos pode-se extrair alcaloides indólicos e pirrólicos, poliésteres macrocíclicos. Tunicados geram uma grande quantidade de alcaloides.
3 – Produtos naturais marinhos e desenvolvimento de fármacos.
Se as grandes indústrias farmacêuticas haviam perdido o interesse pelos produtos naturais marinhos, elas estão começando a recuperá-lo, ainda que com alguma cautela, na forma de colaborações com pequenas companhias ou laboratórios institucionais. Uma análise do pipeline das grandes indústrias farmacêuticas mostra que a maioria delas tem investido no desenvolvimento de fármacos baseados em produtos naturais marinhos. Vale mencionar que 13 novos fármacos relacionados a produtos naturais foram aprovados entre 2005 e 2007, sendo que cinco representam novas classes de fármacos, incluindo os produtos marinhos trabectedina (Yondelis®) e ziconotídeo (Prialt®).
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