Sensibilidade de testes indicativos e confirmatórios de presença de sangue em diferentes suportes e temperaturas
Por: thati21 • 17/2/2016 • Artigo • 981 Palavras (4 Páginas) • 692 Visualizações
XXII Congresso Nacional de Criminalística
Brasília-DF, 14 a 19 de setembro de 2013
Sensibilidade de testes indicativos e confirmatórios de presença de sangue em diferentes suportes e temperaturas
Vieira T.T.1, Carvalho N.R.¹, Mota, M.F.³, Godinho, N.M.O.³, Bezerra,L.S.A.³, Cândido I. M.1, Gonçalves H.C.P.2
1Laboratório de Biologia Forense – SPTC-GO, 212º NRPTC de Itumbiara – SPTC-GO, 3Laboratório de DNA Forense – SPTC-GO
Fluidos corporais são vestígios importantes em cenas de crime e identificá-los e coletá-los de forma correta é essencial para bons resultados, principalmente quando as amostras são posteriormente utilizadas para análise de DNA. Quando um vestígio apresenta alguma mancha de material marrom-avermelhado, o principal questionamento é constatar a presença ou não de sangue humano. Para identificar a presença de sangue são empregados os testes presuntivos, conhecidos também como testes de orientação. O princípio desses testes é baseado em reações de oxidação e eles são altamente sensíveis, permitindo a detecção de traços de sangue através de reações colorimétricas ou de luminescência (SAWAYA, 2012). São exemplos de testes de orientação as reações com fenolftalína, benzidina, tetrametilbenzina e luminol. Já para a confirmação da presença de sangue e identificação de sua origem (humana ou não) são utilizados os testes confirmatórios ou testes de certeza, que utilizam técnicas espectrocópicas, imunológicas, cristalográficas ou cromatográficas (VIRKLER, 2009). Algumas destas técnicas foram adaptadas para o meio forense, como é o caso do kit para detecção de hemoglobina humana, ou seja, para confirmação de Sangue Humano - TSH (Fecaclut Inlab) (HOCHMESTER, 1999).
Diversos estudos de autores da área de genética, como Hochmester e Budowle, sobre a aplicação dos testes para detectar a presença de sangue já foram realizados, entretanto, com predominância nos países fora dos trópicos (em baixas temperaturas). Dessa forma, pretendeu-se analisar a sensibilidade dos testes de orientação e de certeza para detecção da presença de sangue humano em temperaturas compatíveis com as observadas no Brasil, comparando resultados obtidos com materiais armazenados em câmara fria e materiais armazenados à temperatura ambiente. Para isso, foi testada a sensibilidade dos seguintes reagentes: benzidina, BlueStar® Forensic e kit para detecção de Sangue Humano - TSH (Fecacult Inlab). Devido à variedade de materiais encontrados em locais de crime e a exiguidade de amostra em grande parte deles, foram escolhidos os suportes madeira, prego e tecido de algodão, e foram aplicadas quatro diferentes diluições de sangue humano (1/100, 1/1.000, 1/10.000 e 1/100.000) nos diferentes suportes. Para os suportes madeira e tecido foram aplicados 100µL das diferentes diluições de sangue e os pregos foram parcialmente mergulhados nas soluções. Após secagem em temperatura ambiente, os materiais foram armazenados em envelopes de papel individuais e guardados em armário à temperatura ambiente (média de 27ºC) e em câmara fria (média de -18ºC) para posterior comparação dos resultados. Os testes com benzidina e TSH foram realizados após 54 dias e com BlueStar® Forensic foram realizados após 55 dias (estes testes foram fotografados) de armazenamento dos materiais.
A comparação dos resultados está representada nas Tabelas 01, 02 e 03.
Tabela 01. Resultado dos testes nos tecidos de algodão.
Benzidina TA | Benzidina TC | TSH TA | TSH TC | BlueStar® TA | BlueStar® TC | |
Controle | Neg | Neg | Neg | Neg | Neg | Neg |
1/100 | Pos | Pos | Pos | Pos | Pos | Pos |
1/1.000 | Pos | Pos | Pos | Pos | Pos | Pos |
1/10.000 | Neg | Pos | Neg | Pos | Neg | Pos |
1/100.000 | Neg | Neg | Neg | Neg | Neg | Pos |
TA = Temperatura Armário (±27ºC) ; TC = Temperatura Câmara Fria (±-18ºC). Neg = negativo; Pos = positivo.
Para os tecidos de algodão, os testes realizados com benzidina e TSH apresentaram maior sensibilidade nos materiais que estavam armazenados na câmara fria. No caso do BlueStar® Forensic, a diferença de sensibilidade do teste foi ainda maior quando comparados os materiais armazenados em temperatura ambiente e os materiais armazenados na câmara fria, onde foram alcançados resultados positivos na maior diluição, ou seja, 1/100.000.
Tabela 02. Resultado dos testes nas madeiras.
Benzidina TA | Benzidina TC | TSH TA | TSH TC | BlueStar® TA | BlueStar® TC | |
Controle | Neg | Neg | Neg | Neg | Neg | Neg |
1/100 | Pos | Pos | Neg | Neg | Pos | Pos |
1/1.000 | Neg | Neg | Neg | Neg | Neg | Neg |
1/10.000 | Neg | Neg | Neg | Neg | Neg | Neg |
1/100.000 | Neg | Neg | Neg | Neg | Neg | Neg |
TA = Temperatura Armário (±27ºC) ; TC = Temperatura Câmara Fria (±-18ºC). Neg = negativo; Pos = positivo.
Para as madeiras, os únicos resultados positivos obtidos foram nos testes com benzidina e BlueStar® Forensic na diluição de 1/100, tanto nos materiais acondicionados à temperatura ambiente como nos materiais acondicionados em baixa temperatura. Tais resultados provavelmente ocorreram por se tratar de um suporte poroso, em decorrência da absorção da solução aplicada.
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