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Educação física e o currículo

Por:   •  24/3/2017  •  Artigo  •  3.792 Palavras (16 Páginas)  •  309 Visualizações

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O PAPEL DA EDUCAÇÃO FÍSICA NUM CURRÍCULO MULTICULTURAL

Flavio Pereira de Souza

RESUMO: Nas discussões presentes nas escolas nas reuniões pedagógicas e planejamentos o currículo sempre é tema a ser discutido, mas nunca de maneira profunda e democrática, Sacristán argumenta a discussão sobre currículo de maneira a quebrar alguns paradigmas. O currículo multicultural e a Educação Física tentam quebrar a hegemonia que ainda existe no currículo e dar vozes as minorias respeitando as diferenças.

PALAVRAS-CHAVE: Currículo. Educação física. Multicultural

Introdução

Com os resultados recentes de algumas provas institucionais, que são realizadas em alguns municípios e estados, a discussão sobre o que ensinar e como ensinar está cada vez mais presente em nossas reuniões e formações. Sacristán (1998) questiona qual seria a aplicação do currículo, para quem ensinar e o que ensinar? Caminhando para uma integração maior entre as instituições de ensino e sociedade cada vez mais globalizadas, onde a velocidade com que as informações são recebidas, coloca a instituição escola numa situação bem clara: A determinação do que ensinar, para quem ensinar tem que ser discutida em conjunto entre sociedade e escola, não mais de uma forma hegemônica onde o currículo é determinado de uma maneira estanque. Diante dessa mesma globalização a Educação física diante de um currículo multicultural, tenta quebrar alguns conceitos de formação e de bem estar e se coloca numa posição privilegiada dentro da escola. A Educação Física dentro da perspectiva multicultural pode proporcionar aos diversos grupos existentes dentro da escola, um momento de expressão que talvez não exista dentro da instituição escolar. Nunes e Neira (2009) colocam muitas questões diante concepção multicultural e contemporânea  da  Educação Física. Essa pesquisa deseja argumentar a importância de se discutir o currículo das escolas de maneira individual e democrática, bem como a importância da educação física neste processo de mudança e transformação da instituição escolar, sempre numa posição onde possa deixar de lado uma posição coadjuvante e assumir um papel protagonista.

O currículo os conteúdos de ensino

A discussão sobre o que ensinar centrou-se na tradição anglo-saxã, em torno do currículo, um conteúdo definido, primitivamente, nos fins e conteúdos do ensino, que mais tarde se ampliou. O pensamento pedagógico em torno do currículo é muito mais heterogêneo e disperso, podendo se encontrar inclusive posições que desprezam a análise e decisões sobre os conteúdos, pretendendo unicamente proporcionar esquemas de como organizá-los e manejá-los por parte dos professores. Considerando as proposições mais recentes, pode-se fazer uma aproximação entre temas curriculares e os midiáticos. Se a didática como reflexão geral não se preocupou muito com os conteúdos, mas basicamente da atividade de ensino (em inglês, didactis refere-se à arte do ensino, ao método), a teoria tradicional do currículo, e, sobretudo alguma de suas versões tampouco se ocuparam de como este se realiza na pratica. Na história do pensamento científico curricular existe uma corrente dominante que separou os temas sobre o currículo dos da instrução (Sacristán, 1998).

Segundo Sacristán (1998) o ensino é o conjunto de atividades que transformaram o currículo na prática para produzir a aprendizagem. Ambos os conceitos precisam ser entendidos em interação recíproca ou circular, pois se o ensino deve começar a partir de algum plano curricular prévio, a prática de ensiná-lo não apenas o torna realidade em termos de aprendizagem, mas que na própria atividade podem se modificar nas primeiras intenções e surgir novos fins.

Nas concepções mais recentes, o currículo trata de como o projeto educacional é realizado nas aulas, ou seja, incorpora-se á dimensão dinâmica de sua realização. Não é só o projeto, mas seu desenvolvimento prático o que importa. Se a didática aborda os problemas relacionados com o conteúdo desse projeto, considerando o que acontece, em torno de sua decisão ordenação, seleção e desenvolvimento, superando uma mera aceitação instrumental metodológica e se por outro lado, os estudos sobre o currículo estendem-se até a prática (superando o dualismo entre currículo e instrução ou ensino) estamos frente a frente a dois campos sobrepostos, mas que partem de tradições distintas, procedentes de culturas diferentes, mas coincidentes em seu objetivo. Isso é muito importante não apenas para reorientar a investigação, mas para também estimular o valor formativo do conhecimento pedagógico para os professores (Sacristán, 1998).

O pensamento sobre currículo se nutre de uma tradição anglo-saxã, enquanto que falar de didática e de programas tem sido mais próprio da tradição francesa, alemã e também da espanhola para referir-se a problemas muito semelhantes. Entre nós os temas curriculares giravam em torno de rótulos “programas escolares” e “planos de estudos”. Hoje o campo do currículo agrupa diversas perspectivas e linhas sugestivas de investigação em torno de decisões, organização e desenvolvimento na pratica dos conteúdos do projeto educativo. Os estudos curriculares estão em vias de encontrar em esquema ordenador dos diferentes problemas que estão em torno dele (Sacristán, 1998).

Ao longo da historia, evidenciaram-se uma série de interrogações básicas como estruturadoras do que se entende por campo de estudos curriculares, todas elas em torno de uma pergunta: O que devemos ensinar? Um problema fundamental de cunho econômico, pois o currículo é uma seleção limitada de cultura, já que o tempo de escolarização e a capacidades dos alunos são limitadas. Na escolarização em suma, não se aprende tudo, nem todos aprendem o mesmo, daí que um dos problemas curriculares é o significado social e político.

Para Sacristán (2000) o termo currículo provém da palavra latina currere, que se refere à carreira, a um percurso que deve ser realizado, por derivação, a sua representação ou apresentação. A escolaridade é um percurso para os alunos/as, e o currículo é seu recheio, seu conteúdo, o guia de seu progresso pela escolaridade. Um sistema escolar complexo, freqüentado por muitos alunos deve organizar-se, servindo se de interesses sociais com conseqüências tão decisivas, tende a ser controlado. Implica, pois a idéia de regular e controlar a distribuição do conhecimento, alem de expressar os conteúdos do ensino, estabelece a ordem de sua distribuição. É óbvio, que tem certa capacidade reguladora da prática desempenhando um papel determinante da ação educativa.

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