PROCESSO DE CICATRIZAÇÃO EM PACIENTES TRAQUEOSTOMIZADOS COM PADRÃO RESPIRATÓRIO E NUTRICIONAL ALTERADOS
Por: francyellemc • 3/12/2018 • Projeto de pesquisa • 4.137 Palavras (17 Páginas) • 308 Visualizações
PROCESSO DE CICATRIZAÇÃO EM PACIENTES TRAQUEOSTOMIZADOS COM PADRÃO RESPIRATÓRIO E NUTRICIONAL ALTERADOS
Francyelle Madeiras Carvalho1
Enfermeira. Faculdade Redentor
Shirley Rangel Gomes2
Enfermeira. Mestre em Enfermagem–UFF.
Resumo: Este artigo tem como objetivo descrever sobre o processo de cicatrização em pacientes traqueostomizados com padrão respiratório e nutricional alterados. Trata-se da revisão integrativa da literatura, na qual utilizou-se 15 referências literárias incluindo livros e artigos nacionais publicados no período de 2007 a 2014 com referência do tema. O paciente restrito ao leito de uma UTI por período prolongado tem maior risco de desenvolver lesões de pele. Dentre os diagnósticos de enfermagem ao paciente portador de alterações nutricionais e respiratórias caracterizados pela presença de sinais e sintomas de disfagia relacionada a traqueostomia, o padrão respiratório ineficaz, ventilação espontânea prejudicada, nutrição desequilibrada, menos que as necessidades corporais são os mais prevalentes dentro da necessidade psicobiológica de oxigenação. Conclui-se A internação de longa permanência tem como uma problemática a restrição do paciente ao leito, a não realização de rotinas como a mudança de decúbito, que contribuem para a perfusão tissular e reduzem os casos de lesão de pele.
Palavras-chave: Diagnóstico de enfermagem. Traqueostomia. Cicatrização.
Abstract: This article aims to describe on the healing process in tracheostomized patients with respiratory pattern and nutritional status changed. It is the integrative review of literature, in which it was used 15 literary references including national books and articles published in the period from 2007 to 2014 with reference to the subject. The patient confined to bed in an intensive care unit for a long period has a higher risk of developing skin lesions. Among the nursing diagnoses for the patient with nutritional and respiratory changes characterized by the presence of signs and symptoms of dysphagia related to tracheostomy, the ineffective respiratory pattern, spontaneous ventilation impaired, imbalanced nutrition, less than bodily needs are the most prevalent within the psychobiological necessity of oxygenation. It is the admission of long permanence has as an issue the restriction of the patient at the bedside, not performing routines such as the change of decubitus, which contribute to the tissue perfusion and reduce the cases of skin lesion.
Keywords: Nursing diagnosis. Tracheostomy. Healing.
1 INTRODUÇÃO
Ostomia ou estoma é uma palavra de origem grega que significa “boca” e segundo Silva et al. (2011, p. 295), são aberturas artificiais realizadas com o objetivo de eliminar conteúdo intestinal, urinário ou criar uma via respiratória alternativa. Smeltzer; Bare (2011, p. 622) a traqueostomia é uma abertura realizada por uma incisão cirúrgica na traqueia, e tem por finalidade desviar uma obstrução da via aérea e facilitar o processo ventilatório, podendo ser temporária ou definitiva.
A traqueostomia é um procedimento cirúrgico comumente realizado no centro cirúrgico ou em uma unidade de terapia intensiva (UTI) onde há possibilidade de manter a respiração controlada e consegue garantir uma boa técnica asséptica. Vianna et al. (2011, p. ) complementa que esse é um procedimento que permite a transferência de alguns pacientes de UTI para unidades de menor complexidade, e no decorrer da recuperação do paciente, torna possível a alta hospitalar com suporte ventilatório domiciliar.
Ferreira (2010, p.02) cita que no manual de cuidados do paciente com disfagia, Macedo et al. descreve que a traqueostomia é um procedimento que muitas vezes representa a diferença entre a vida e a morte em situações de emergência em que o objetivo principal é a manutenção da vida do paciente. A introdução de uma cânula com função de facilitar a respiração é uma técnica antiga, que foi padronizada por Chevalier Jackson no século XIX.
As indicações para a traqueostomia incluem pacientes com doenças cirúrgicas de cabeça e pescoço (restabelecimento de via aérea em casos de doenças obstrutivas, proteção de vias aéreas após grandes cirurgias de cavidade oral e orofaringe, bem como nas laringectomias parciais), insuficiência respiratória, hipóxia, processos inflamatórios, corpos estranhos, hipersecreção brônquica, anomalias congênitas, doenças neuromusculares, fadiga do músculo respiratório (geralmente causado por alguma doença). (FERREIRA, 2010, p. 02)
De acordo com Smeltzer; Bare (2011, p. 622) assim como as demais ostomias, a traqueostomia também apresenta inúmeras complicações, em sua maioria tardias e que podem surgir anos após extubação. As principais complicações que podem ocorrer são: sangramentos, pneumotórax, embolia gasosa, aspiração, enfisema subcutâneo ou no mediastino, lesão no nervo da laríngeo, penetração da parede traqueal posterior, estenose traqueal ou obstrução de vias aéreas, acúmulo de secreções, disfagia, engasgos, pneumonia aspirativa, infecção, fístula, isquemia, necrose e outras complicações que podem ocorrer anos após a retirada do tubo.
O paciente traqueostomizado requer cuidados e monitorização contínua para garantir que as vias aéreas continuam permeáveis após o procedimento. Os sinais vitais devem ser constantemente aferidos, verificando a sua estabilidade, realizar a aspiração periódica das vias aéreas evitando o acúmulo de secreções e posterior obstrução de acordo com Smeltzer; Bare (2011, p. 623), e o mesmo autor descreve que as complicações associadas podem ser prevenidas por meio de ações simples como:
a) Administrar a umidade aquecida; b) manter a pressão do balão no nível apropriado; c) aspirar quando necessário ou de acordo com os achados do histórico clinico; d) manter a integridade da pele e trocar o esparadrapo e curativo quando necessário ou de acordo com protocolo. e) auscultar sons respiratórios; monitorar os sinais e sintomas de infecção, incluindo temperatura e contagem de leucócitos; f) administrar oxigênio prescrito e monitorar a saturação de oxigênio; g) monitorar cianose; h) manter a hidratação adequada; i) utilizar a técnica estéril quando aspirar e realizar o cuidado da traqueostomia. (SMELTZER E BARE ;2011, p. 623)
O paciente restrito ao leito de uma UTI por período prolongado conforme descreve Serpa e Santos (2008, p. 368) tem maior risco de desenvolver lesões de pele. Como o perfil da população em internação são de idosos e adultos portadores de doenças crônicas, a equipe de enfermagem deve estar atenta e discutir estratégias de prevenção e tratamento.
Pacientes que estão internados em terapia intensiva apresentam diversos fatores que contribuem significativamente para o aparecimento da disfagia: aparato medicamentoso, uso de ventilação mecânica (invasiva ou não), infecção por microorganismos multirressistentes, adequação da viscosidade do bolo para as condições do paciente, alteração do nível de consciência, estado nutricional previamente já rebaixado, além de associação com outras comorbidades como o colapso, ainda que temporário, dos sistemas respiratório, neurológico, renal, digestório ou cardíaco (LOGEMANN, 2007; PADOVANI et al., 2013; FURKIM; RODRIGUES, 2014)
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