Resumo O Normal e Patológico
Por: Rosi Muller • 20/6/2019 • Resenha • 1.101 Palavras (5 Páginas) • 723 Visualizações
Resumo Síntese
No quarto capítulo, Canguilhem ao abordar questões de doença, cura e saúde, demonstra que o que pode ser considerado normal para um determinado indivíduo pode não ser para o outro, por isso estabelecer os limites entre o normal e o patológico acaba-se por ser impreciso. É preciso comparar, traçar uma média com o próprio indivíduo, e não com o outro por mais que este seja semelhante, pois cada sujeito individualmente tem o seu limiar de saúde e doença.
O estado patológico ou anormal não é conseqüência da ausência de qualquer norma, a doença ainda é considerada uma norma de vida, mas uma norma inferior, sendo incapaz de se transformar em outra norma, ou seja, o sujeito doente está normalizado em condições bem definidas, e perdeu a capacidade normativa, a capacidade de instituir normas diferentes em condições diferentes.
É preciso compreender que o fenômeno patológico que revela uma estrutura individual modificada, é necessário ter sempre em mente a modificação da personalidade do doente. O autor passa a compreender doença a partir de reações catastróficas, onde os sintomas patológicos são a expressão do fato de as relações entre o organismo e o meio, que correspondem a norma, terem sido alterados pela transformação do organismo, e pelo fato de muitas coisas que eram ditas normais para o organismo normal, não serem mais para o organismo já modificado.
Doença não é apenas o desaparecimento de uma ordem fisiológica, mas o surgimento de uma nova ordem vital. Não há desordem, há substituição de uma ordem esperada ou apreciada por outra ordem que nada nos serve e que temos que suportar. O doente sempre deve ser julgado em relação com a situação a qual ele reage e com os instrumentos de ação que o meio lhe oferece.
Em contrapartida, ao falarmos sobre saúde e processo de cura, vê-se esta última como uma mutação de um arranjo em outro, quanto como uma volta do doente ao estado inicial. Já em relação à saúde o autor afirma que está pode ser compreendida através do comportamento privilegiado, correspondendo ao conceito de saúde, onde o indivíduo responde melhor as relações com o meio vivendo em harmonia e equilíbrio.
O indivíduo pode ser considerado saudável mesmo que seja impossibilitado de exercer algumas ações que anteriormente desenvolvia. Quando o indivíduo passa pelo processo de cura, ele não se restabelece integralmente, ele deixa algo para trás, no entanto esta fase de cura permite o reaparecimento de uma ordem, ocorrendo transformações consideradas como inovações fisiológicas.
Corroborando esta idéia, pode-se perceber que a vida não conhece a reversibilidade, a vida admite reparações que são realmente inovações fisiológicas. A saúde em seu sentido absoluto, nada mais é que a indeterminação inicial da capacidade de instituição de novas normas biológicas.
A partir dessa discussão entre saúde e doença, normal e patológico, fica evidente pela citação do autor, que não de seve limitar a vida humana à vida vegetativa, podemos viver a rigor, com muitas malformações e afecções, mas nada podemos fazer de nossa vida, assim limitada, ou melhor, podemos sempre fazer alguma coisa, e é nesse sentido que qualquer estado do organismo, se for uma adaptação a circunstancias impostas acaba sendo no fundo, normal enquanto for compatível com a vida. O preço dessa normalidade é a renúncia a qualquer normatividade eventual.
Ao final do quarto capítulo, Canguilhem aborda que se reconhecer que a doença não deixa de ser uma espécie de norma biológica, consequentemente o estado patológico não pode ser chamado de anormal no sentido absoluto, mas anormal apenas na relação com uma situação determinada.
Esta argumentação desencadeia o próximo capitulo onde o autor aborda questões referentes a fisiologia e patologia. A dificuldade em definir fisiologia como ciência das leis ou das constantes da vida normal, por duas razões. A primeira porque normal não é uma definição estável e objetiva, uma vez que o normal para um indivíduo pode não ser considerado tão normal para o outro, os parâmetros que definem a normalidade oscilam constantemente de acordo com cada indivíduo e o contexto em que estes estão inseridos. Em segundo porque como já foi citando anteriormente, o patológico pode ser considerado parte do fenômeno normal, já que o anormal passa a não ser aquilo que não é normal, e sim um normal diferente.
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