MIOPATIA MITOCONDRIAL INFANTIL
Por: JehNogueira • 9/9/2015 • Artigo • 1.189 Palavras (5 Páginas) • 1.752 Visualizações
CENTRO UNIVERSITÁRIO METODISTA IZABELA HENDRIX
Douglas Lopes
Flavia de Paula Candido
Jacqueline Quirino de Almeida
Jéssica Aparecida Nogueira
Luiz Gustavo Rosa Pereira
Miriã Isabela dos Santos
Roberta Santos
MIOPATIA MITOCONDRIAL INFANTIL
Belo Horizonte
2015
CARACTERIZAÇÃO DA DOENÇA
A mitocôndria é uma das organelas mais importantes presente nas células eucarióticas, sendo responsável por distintas funções no metabolismo e biologia celular, entre elas a síntese de ATP, uma molécula de energia que é fundamental para a sobrevivência do ser humano, sendo vital para as células e para todo o organismo que as contém. Está presente em órgãos e regiões de tecidos que carecem de muita energia, como é o caso de músculos estriados e nos flagelos dos espermatozoides, mas também estão presentes em uma grande diversidade de células em menor quantidade (GASSEN; SAGRILLO, 2012).
A miopatia mitocondrial infantil é uma doença que se distingue pela redução da quantidade de enzimas presentes nas cristas mitocondriais, levando à diminuição do fluxo de elétrons na cadeia transportadora, o que acarreta na redução da síntese de ATP. São consideradas um grupo de conflitos que podem comprometer um grande número de órgãos e apresentar fenótipos variáveis. Constantemente afetam o sistema nervoso central e a musculatura esquelética e cardíaca (ORSINI et al; 2008).
O primeiro relato de caso de miopatia mitocondrial e deficiência na função da cadeia respiratória foi descrita por Luft et al. há mais de 40 anos. Estudos seguintes realizados descreveram uma combinação de métodos bioquímicos e morfológicos para identificar pacientes com desordens mitocondriais (GREBOS et al; 2005).
O conceito atual de doença mitocondrial reduz-se às doenças primárias da fosforilação oxidativa como resultado da mutação do DNA mitocondrial (mtDNA). Na medida em que o mtDNA mutante excede determinado limite, o metabolismo energético oxidativo torna-se reduzido e o fenótipo patológico é propagado (MATOS, 2009).
São caracterizadas pelo aumento do número de mitocôndrias na fibra muscular e ampliação do tamanho ou a existência de inclusões cristalinianas anormais. O exame histoquímico revela um padrão de cores nas fibras musculares que resulta do acúmulo de mitocôndrias aumentadas de tamanho (ORSINI et al; 2008).
FISIOPATOLOGIA
As causas das doenças que acometem o mtDNA são mutações gênicas pontuais, que incidem somente em regiões específicas mapeadas dentro de um genoma, podendo abranger deleções, substituições, adição e perda de uma única base. Três tipos de mutações foram identificados no mtDNA: mutações de sentido trocado, mutações nos genes dos tRNA e rRNA e rearranjos gerando deleções e duplicações do mtDNA (GASSEN; SAGRILLO, 2012).
O genoma do DNA mitocondrial sofre mutações em uma taxa cerca de 10 vezes maior em relação ao DNA nuclear, um fato, até a ocasião, sem explicação. As doenças clínicas resultantes de mutações do mtDNA são várias, embora ocorra predominância de doenças neuromusculares (GASSEN; SAGRILLO, 2012).
Essas mutações acontecem nas regiões codificantes de genes que transformam a atividade de proteínas da fosforilação oxidativa, contudo proibindo a mitocôndria de exercer sua principal função de formação de Adenosina-Trifosfato (ATP). Essas doenças podem distinguir-se diferentes fenótipos clínicos, que são ordenados pelo local em que a mitocôndria está deficitária (MATOS, 2009).
Portanto, foi constatado que os sistemas mais afetados são aqueles que precisam de mais energia, e portando originando encefalopatias, miopatias, ataxia, problemas oculares, perda de musculatura, insuficiência gastrointestinal, renal e cardíaca (SCHMIDT, 2015).
SINTOMATOLOGIA
As miopatias mitocondriais são caracterizadas por fraqueza progressiva e hipotonia, com intolerância ao esforço e atrofia muscular. O comprometimento muscular tem preponderância em cinturas, fácio-escápulo-umeral, ou musculatura ocular. O lactato plasmático é normal ou brandamente elevado, mas pode aumentar expressivamente com o exercício físico (REED, 2002).
Na extremidade grave do espectro está a miopatia mitocondrial infantil, que se torna evidente já na primeira semana de vida. Em geral, compõem formas graves com início precoce, e manifestações dramáticas, tais como dificuldade de alimentar e respiratória, distúrbios metabólicos frequentemente fatais e acometimento multissistêmico. Nos primeiros meses, a implicação muscular pode manifestar-se por uma hipotonia global, que contradiz com a aparente normalidade das restantes conquistas do neurodesenvolvimento e que pode ser difícil de distinguir clinicamente da hipotonia de origem central (MATOS, 2009).
As formas moderadas ou leves podem evoluir com quadro miopático crônico de maior ou menor gravidade ou sob forma de surtos agudos, recorrentes e reversíveis de fraqueza muscular, intolerância aos exercícios, cãibras e, eventualmente, fenômeno miotônico e mioglobinúria. A progressão é geralmente lenta e os pacientes podem levar uma vida praticamente normal (REED, 2002).
DIAGNÓSTICO
- Determinação das enzimas musculares, principalmente creatinofosfoquinase (CPK),
- Eletromiografia (EMG),
- Biópsia muscular por microscopia óptica, complementada pela microscopia eletrônica (coloração Gomori modificado), identifica-se proliferação anormal das mitocôndrias, representada por fibras ragged red, que são histoquimicamente succinatodehidrogenase (SDH) positivas,
- Através de marcadores moleculares (MATOS, 2009).
Exames laboratoriais para dosagem de lactato, piruvato, alanina e corpos cetônicos no sangue, LCR e urina, bem como determinação de eletrólitos, gasometria e do perfil de ß-oxidação dos ácidos graxos necessitam ser solicitados para auxiliar no diagnóstico diferencial (REED, 2002).
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