A Síndrome do X-Frágil
Por: Felipe Felipe • 2/5/2019 • Trabalho acadêmico • 1.054 Palavras (5 Páginas) • 221 Visualizações
Aluno: Felipe Galvão Oliveira de Almeida Figueiredo
Psicologia Vespertino/Noturno - Turma B
Fundamentos Sociológicos – Fichamento
Texto a ser fichado: GOFFMAN, Erving. Manicômios, prisões e conventos. São Paulo: Perspectiva, 1974.
Instituições totais são locais fechados nos quais os indivíduos habitam e trabalham isolados da sociedade em sua amplitude durante tempo considerável; esses locais possuem uma administração formal e única. São exemplos de instituições totais conventos, prisões e asilos. Elas se diferenciam das instituições comuns devido ao grau de fechamento destas. Sendo a barreira com relação ao mundo externo praticamente impenetrável, a instituição acaba por se tornar a própria realidade do indivíduo (temporária ou permanentemente).
A ruptura das barreiras que geralmente separam três espectros da realidade social contemporânea – descanso, lazer e trabalho – é uma das características essenciais da vida dentro de uma instituição total. Além disso, há a elaboração de um plano racional geral, teoricamente elaborado para cumprir com os objetivos oficiais da instituição.
Dentro das instituições totais, o autor considera dois “mundos”: o da equipe dirigente e o dos internados.
Na chegada do internado à instituição, ocorre a supressão das características individuais do sujeito através de uma série de humilhações à “cultura aparente” e à “concepção de si mesmo” – um processo de “desculturação”, advindo do enquadramento às regras estabelecidas na instituição, da perda dos “equipamentos de identidade” e do afastamento do seu papel na vida civil decorrente das barreiras de contato com a sociedade exterior.
A mortificação do “self” gera um sentimento de fracasso, “de tempo perdido” e de angústia frente à expectativa de retorno à sociedade ampla. O indivíduo sabe que sua posição social dentro da instituição total é radicalmente diferente do que era antes de chegar nela, esse é o chamado “status proativo”. Diante dessa noção, percebe também que sua posição social na sociedade ampla nunca mais será a mesma devido à experiência de ser separado do mundo externo.
Os internados vivem dentro da instituição e seu contato com o mundo externo é mínimo ou inexistente, enquanto os dirigentes pertencem ao mundo externo. Desse modo, são criados dois mundos socialmente e culturalmente diferenciados, mas que estão inevitavelmente ligados, apesar da pouca interação entre os dois.
As equipes dirigentes são responsáveis pela criação de regras institucionais de conduta, que por sua vez são passíveis dos “ajustamentos primários” e “ajustamentos secundários” dos internados, sendo os primeiros relativos à cooperação com as atividades institucionais, obediência e cooperação para com a equipe dirigente e os segundos relativos ao emprego de meios não formais, ilegais e não autorizados elaborados para fugir da realidade imposta pela instituição total. Os ajustamentos secundários são uma forma do internado afirmar para si mesmo que ainda possui algum controle sobre si mesmo e sobre seu ambiente, e isso eventualmente se torna um espaço para abrigo do “self”.
Quanto às visões dos diferentes mundos dentro da instituição total para com o outro, são marcadas por forte sistema de representações estereotipadas e limitadas. Do ponto de vista da equipe dirigente, os internados não são dignos de confiança; são amargos e reservados. Já para os internados, os dirigentes são mesquinhos e agem arbitrariamente. O sentimento de superioridade prevalece na mente de quem administra, enquanto os internados se sentem frágeis e inferiores, além de facilmente censuráveis.
Outro aspecto importante é a contradição entre o que oficialmente a instituição deveria fazer e o que ela de fato faz; dentro dessa realidade entre muros, a obediência por parte do internado é essencial para a equipe dirigente. No entanto, faz-se necessário também criar a impressão de que padrões humanitários continuam sendo seguidos e que os objetivos primários da instituição estão em progresso.
As relações estabelecidas entre internados e equipe dirigente, aparentemente, se estabelecem de forma limitada. Mas, na prática, ocorrem relações de modo pessoal e solidário, em certas situações até de forma ilegal, através das “cerimônias institucionais”. Essas cerimônias são vistas como uma oportunidade para o internado “voluntariamente” reaprender a viver em sociedade. São exemplos de cerimônias institucionais: apresentações de teatro, festas anuais, eventos esportivos e cerimônias religiosas. O mundo da instituição é constantemente marcado pelo choque entre a “impermeabilidade” – supressão de influências do meio externo – e a “permeabilidade” – manutenção de padrões sociais dentro da instituição. Para o autor, esse choque permite entender a relação entre instituições totais e a sociedade ampla, que mantém e tolera esse tipo de instituição.
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