GLÂNDULAS SALIVARES XEROSTOMIA
Por: Fernanda Oliveira • 6/1/2020 • Trabalho acadêmico • 3.080 Palavras (13 Páginas) • 257 Visualizações
GLÂNDULAS SALIVARES
XEROSTOMIA
Boca seca resultante da diminuição na produção de saliva. Afeta 20% dos indivíduos >70 anos. É uma das principais características de Sjögren e uma das complicações da radioterapia. É também uma complicação comum de muitas medicações, como anticolinérgicos, antidepressivos, antipsicóticos, diuréticos, anti-hipertensivos, sedativos, relaxantes musculares e anti-histamínicos. Se apresenta como mucosa seca e/ou como atrofia das papilas da língua, com fissuras e lacerações. Complicações: cáries, candidíase, dificuldade na deglutição e na fala.
SIALOADENITE
Induzida por trauma, infecção viral/bacteriana ou doença autoimune. As mucoceles são o tipo mais comum de lesão inflamatória, enquanto que a caxumba é a infecção viral mais comum.
1) Mucocele: lesão mais comum das glândulas salivares. Resulta do bloqueio ou da ruptura de um ducto de glânduls salivar, com consequente vazamento de saliva para o estroma conjuntivo adjacente. É mais comum no lábio inferior e como resultado de trauma. Ocorre em todas as idades, mas mais em crianças pequenas, adultos jovens e idosos, que são mais propensos a quedas. Se apresenta com tumefações flutuantes do lábio inferior com coloração azulada translúcida. Momentos de variação no tamanho da lesão podem ocorrer, particularmente nas refeições. Na histologia se vê pseudocistos revestidos de tecido de granulação ou tecido conjuntivo fibroso, preenchido por mucina e células inflamatórias, principalmente macrófagos. O tratamento é excisão completa do cisto e do lóbulo da glândula, pois a excisão incompleta leva à recorrência.
Rânula: termo usado para cistos revestidos por epitélio, que surge quando o ducto da glândula foi danificado.
2) Sialolitíase e sialoadenite inespecífica: a infecção bacteriana das glândulas maiores é mais comum na submandibular e é decorrente da sialolitíase. Os agentes mais comuns são o Stafilo aureus e o Strepto viridans. A formação do cálculo muitas vezes está relacionada à obstrução dos orifícios por restos alimentares impactados ou por trauma que cause edema. A diminuição da produção salivar pode predispor à invasão bacteriana. Qualquer que seja a causa, a infecção desencadeia uma inflamação inespecífica, que pode ser intersticial ou associada à necrose supurativa e abcesso. O padrão é o envolvimento unilateral. Se apresenta com aumento doloroso da glândula e, algumas vezes, com descarga ductal purulenta.
NEOPLASIAS
Apesar da morfologia simples, as glândulas salivares originam mais de 30 tumores distintos, sendo 65-80% na parótida e 10% na submandibular. Dos malignos, 15-30% ocorrem na parótida.
40% dos de submandibular, 70-90% dos de sublingual e 50% dos de glândulas menores são malignos. Assim, de forma geral, a probabilidade de um tumor de glândula salivar ser maligno é inversamente proporcional ao seu tamanho.
Geralmente em adultos, com discreta predominância em mulheres (exceto Warthin), mas em torno de 5% ocorrem em < 16 anos. Tumor benignos mais entre 5-7 década de vida.
Benignos | Adenoma pleomórfico (50%), tumor de Warthin (5-10%), oncocitoma (1%), adenoma de células basais, adenoma canalicular, papilomas ductais. |
Malignos | Carcinoma mucoepidermoide (15%), adenocarcinoma (10%), carcinoma de células acinares (5%), carcinoma adenoide cístico, tumor maligno misto. |
Não há critérios clínicos confiáveis que diferenciam as lesões benignas e malignas.
1) Adenoma pleomórfico: tumor benigno que consiste em uma mistura de células ductais (epiteliais) e mioepiteliais, demonstrando, então, diferenciação epitelial e mesenquimal. É também chamado de tumor misto devido à sua diversidade histopatológica. Representa 60% dos tumores de parótida e raro nas glândulas menores.
Contém elementos epiteliais dispersos por toda a matriz, a qual exibe proporções variáveis de tecido condroide, hialino, mixoide e ósseo. Acredita-se que todos os elementos neoplásicos se originem de células de reserva ductal ou mioepiteliais. A maioria se apresenta como massas arredondadas bem demarcadas, raramente excedendo 6cm. Geralmente são encapsulados, embora possa ter algumas partes com cápsula mal desenvolvida, que permite crescimento expansivo para tecidos adjacentes. A principal característica histológica é a heterogeneidade. Não costuma ter atividade mitótica evidente, nem displasia epitelial. Não há diferença de comportamento biológico entre tumores compostos por mais elementos epiteliais ou por mesenquimais. Um grande número de casos está relacionado a rearranjos cromossômicos envolvendo o gene PLAG1.
QC: massa bem delimitada, móvel, indolor, de crescimento lento. Recidiva de 4% após parotidectomia e 25% se enucleação simples. Radiação é fator de risco.
2) Carcinoma ex-adenoma pleomórfico ou tumor misto maligno: carcinoma que se origina de um adenoma pleomórfico. A incidência de transformação maligna aumenta com o tempo, sendo de 2% em < 5 anos e 10% em mais de 15 anos. O câncer geralmente toma a forma de adenocarcinoma ou carcinoma indiferenciado. Altamente infiltrativo, substituindo totalmente o adenoma pré-existente. Alta taxa de mortalidade: 30-50% em 5 anos.
3) Tumor de Warthin: cistadenoma papilar linfomatoso. Segunda neoplasia benigna mais comum de glândulas salivares. É exclusiva da parótida e ocorre mais em homens, geralmente entre 5-7 década. Maioria é unilateral e focal. Tabagismos aumenta 8x o risco. Massa encapsulada, 2-5cm, geralmente na porção superficial da parótida, sendo facilmente palpável. O tumor contém espaços císticos estreitos ou semelhantes a fendas, preenchidos por secreções mucinosas ou serosas. Esses espaços são revestidos por uma camada dupla de células epiteliais neoplásicas, que repousam sobre um estroma linfoide denso, algumas vezes como centros germinativos. Raramente, esse tumor pode surgir em linfonodos cervicais, o que não deve ser confundido com metástase. A recorrência após ressecção é de 2%.
4) Carcinoma mucoepidermoide: mistura variável de células escamosas, secretoras de muco e células intermediárias. 15% de todos os tumores salivares, ocorrendo principalmente na parótida. Mais da metade dos casos está associado a uma translocação cromossômica balanceada (11,19) (q21,p13), que gera um gene composto por porções dos genes MECT1 e MECT2. Podem chegar a 8cm. Não apresentam cápsula bem definida e frequentemente têm margens infiltrativas. É classificado em baixo, intermediário ou alto grau. O curso e o prognóstico dependem do grau. Os de baixo grau podem invadir localmente, recidivam em 15% dos casos e raramente metastatizam. Os de alto grau, são invasivos e difíceis de ressecar, recidivando em 25-30% dos casos e podendo fazer metástases a distância.
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