Projeto piretroides
Por: nanndacamargo • 23/4/2015 • Projeto de pesquisa • 1.293 Palavras (6 Páginas) • 516 Visualizações
Título: “Estudo do efeito do inseticida piretróide permetrina sobre a coordenação motora de ratos”.
Aluna responsável: Fernanda Camargo Ferreira
Orientador do projeto: Antonio Francisco Godinho
Introdução:
Os piretróides são derivados das piretrinas, inseticidas naturais extraídos de plantas como o Chrysanthemun cinerariaefolium. Esses compostos foram modificados para se tornarem mais fotoestáveis e lipofílicos, melhorando seu espectro de ação. Apresentam menor toxicidade aguda para mamíferos quando comparados a outras classes de inseticidas, como os organoclorados, organofosforados e carbamatos (Pine, 2008).
O uso generalizado de piretróides na agricultura e em ambientes domésticos tem incentivado pesquisas sobre estes compostos e, evidências sugerem que apesar de serem relativamente seguros para humanos (Naumann, 1990), dados epidemiológicos, relatórios clínicos e estudos de laboratório, indicam que os piretróides podem provocar uma série de efeitos neurotóxicos e imunotóxicos em humanos e em outros mamíferos; além disso, a exposição a piretróides tem sido associada a efeitos reprodutivos agudos e deficiências do desenvolvimento sugerindo um caráter de desregulador endócrino (Landrigan et al., 2000).
A permetrina é um piretróide sintético do tipo I (grupo que não possui o radical alfaciano o qual confere um grau maior de toxicidade). É de amplo espectro e utilizada contra uma variedade de pragas em frutas, vegetais, algodão, plantas ornamentais, batatas, cogumelos e cereais. Também é utilizada em estufas, horta e para controle de cupins (EXTOXNET, 1996).
Seu mecanismo de ação parece análogo ao do inseticida organoclorado DDT, o qual prolonga a abertura dos canais de sódio da membrana celular retardando a repolarização (Nahasashi, 1992). Sua ação tóxica é principalmente sobre o sistema nervoso; provoca paralisia nervosa devido a descargas repetitivas sobre as fibras e terminais nervosos, causando hiperexcitação; tem ainda uma fraca ação como indutor enzimático hepático (Soderlund et al., 2002; Ferrer, 2003).
No nosso país, as propagandas dos produtos de utilização doméstica à base de piretróides sugerem que este grupo de agentes químicos não tem nenhum grau de toxicidade, porém, sabemos que os piretróides sintéticos têm grande poder de provocar toxicidade, principalmente na situação de exposição crônica.
Por outro lado, crianças e adolescentes são um grupo de risco que tem preocupado os toxicologistas devido ao fato de serem um alvo mais sensível, por várias razões, à ação de agentes como os inseticidas, apresentando maior risco de problemas reprodutivos, câncer e de comportamento (Garry, 2004). Por isso se torna importante o desenvolvimento de estudos que explorem os mecanismos de toxicidade de substâncias como os praguicidas, em indivíduos com idades diferenciadas, como a puberdade e a velhice.
O objetivo deste projeto é estudar o envolvimento do cálcio no efeito da permetrina sobre a atividade nervosa motora de ratos.
Devido ao fato de existir um falso conceito de que os piretróides exibem baixa toxicidade, estas substâncias são utilizadas indiscriminadamente, incluindo uso doméstico com exposição de crianças e adolescentes, fases criticas do desenvolvimento humano.
Por isso e pelo fato de que estas substâncias exibem efeitos de neurotoxicidade que precisam ser mais bem estudados e esclarecidos, este estudo visa esclarecer o envolvimento do cálcio no efeito da permetrina sobre a atividade nervosa motora de ratos.
Metodologia:
Este projeto foi apresentado à Comissão de Ética na Experimentação Animal (CEEA) do Instituto de Biociências e protocolado sob número 325.
Animais:
Serão utilizados ratos Wistar, machos, obtidos da colônia do Biotério Central da Unesp, campus de Botucatu. Os animais serão retirados do Biotério Central logo após o desmame (21 dias) e durante os períodos de adaptação, crescimento e para a fase experimental, serão mantidos no biotério do Ceatox sob condições padrão de Biotério, ou seja, com controle das condições de temperatura, umidade relativa e exaustão do ar, com ciclo de luz claro/escuro de 12 horas, iniciando-se às 6:00 horas, recebendo líquido e ração sem restrição, até atingirem a idade desejada para participarem nos experimentos, que será a de 50 dias.
Grupos Experimentais:
Para os experimentos 60 animais serão divididos em dois grupos experimentais (controle e tratados) assim compreendidos:
- Grupo 1 - controle:
Animais que não receberão nenhum tipo de tratamento, N=10;
- Grupo 2- Gluconato de cálcio:
Animais que receberão gluconato de cálcio 1% na água de beber, N=10.
- Grupo 3 – Amlodipine:
Animais que receberão Amlodipine via oral (gavage), 5 mg/kg, N=10.
- Grupo 3- Permetrina:
Animais que receberão permetrina, via oral (gavage), 200 mg/kg (5% da DL50), N=10.
- Grupo 4 – Permetrina + Gluconato de cálcio:
Animais que receberão permetrina, via oral (gavage) 200 mg/kg (5% da DL50) mais gluconato de cálcio 1% na água de beber, N=10.
- Grupo 5 – Permetrina + Amlodipine
Animais que receberão permetrina, via oral (gavage) 200 mg/kg (5% da DL50) mais Amlodipine via oral (gavage), 5 mg/kg, N=10.
Período de tratamento: os animais receberão os tratamentos durante 30 dias.
Avaliações a serem realizadas:
Durante o período de tratamento os animais serão observados quanto a possíveis sintomas clínicos (alterações de comportamentos, convulsão, morte, etc.). Neste período os animais serão pesados semanalmente e será quantificada a ingestão de água e ração (2 vezes/semana).
Avaliação da coordenação motora e exploração em Holeboard: a coordenação motora e a atividade exploratória dos animais será avaliada utilizando-se o Hole-board descrito por Meyer & Caston (2005) que consiste de uma caixa quadrada (28x28x20cm de altura), tendo o assoalho pintado de branco e contendo 36 buracos de 2 cm de diâmetro por 1 cm de profundidade (arranjo de 6x6). Uma tampa de vidro ou de acrílico recobre a caixa, para permitir visualização e/ou filmagem no interior da caixa. Para cada animal, a coordenação motora será avaliada de acordo com o número de vezes que a perna do animal desaparece num orifício. O teste tem a duração de 5 minutos.
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