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A Inflamação e Autoimunes

Por:   •  4/9/2024  •  Seminário  •  3.983 Palavras (16 Páginas)  •  56 Visualizações

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INFLAMAÇÃO E AUTOIMUNES

Dr. Victor Sorrentino

Bem-vindos a esse módulo que nós vamos abordar a inflamação. O módulo tem esse nome “Inflamação e doenças autoimunes”, porque têm um mesmo fundo: uma doença autoimune é uma doença inflamatória; e a inflamação pode não ser às vezes uma doença autoimune para a pessoa, mas a base do que acontece para que a pessoa expresse autoimunidade, é uma base inflamatória. Não por acaso que uma das estratégias de tratamento de quase todas as doenças autoimunes, em algum momento, é a utilização de corticoides em altas doses, os quais exercem um papel anti-inflamatório. Então, vamos entender aqui, quais são as teorias que nos levam a entender o porquê uma pessoa expressa uma doença inflamatória ou uma doença autoimune, ou uma condição inflamatória, e, entendendo isso, o que a gente pode fazer para reverter esse jogo, ou, no mínimo, para ajudar significativamente nesse jogo.

É importante que vocês entendam que eu atendo pessoas com doenças autoimunes e todos os tipos de doenças há mais de 12 anos. São pessoas que me procuram como fim de linha, quando os tratamentos não estão funcionando ou estão com tantos efeitos colaterais que estão tentando partir para alguma outra coisa que, talvez, possa diminuir a necessidade de uso de medicamentos para as doenças inflamatórias ou doenças autoimunes. Além disso, eu trabalho com uma equipe multidisciplinar. Hoje no nosso grupo de médicos tem duas reumatologistas que estão, também, familiarizadas com essa condução. Ou seja, isso aqui vai andar no mínimo lado a lado com a sua doença inflamatória, com sua doença autoimune, e quiçá, talvez, faça com você tenha uma possibilidade de diminuir as medicações ou até de interromper o uso destas, claro que orientado pelo seu médico.

Bom, vamos falar do que causa doenças autoimunes, que são: um fator genético. Vocês podem ver que no fator genético há um círculo pequeno, por quê? Porque boa parte de vocês que têm autoimunes ou que têm doenças inflamatórias, meus amigos ou minhas amigas, vocês não têm um familiar que tem elas, e vocês vão entender: “Como que eu não tenho familiar? É uma coisa genética, não era para ter alguém com essa genética?!'' Vamos começar com o primeiro conceito aqui. Como não depende só disso e depende também do triggers, do environment, ou seja, dos triggers, dos gatilhos, do ambiente, daquilo que a gente come, das toxinas, das infecções, do estresse, isto é, do estilo de vida, das escolhas de vida, e como isso então influencia demais, muitas vezes, além de uma condição de leaky gut, que é o intestino permeável excessivamente, e isso é o principal.

Vocês entendem que existem familiares de vocês que não expressaram a doença autoimune, mesmo que geneticamente fossem predispostos a expressar, caso agredisse tanto o corpo que chegasse no momento que ele expressaria essa doença autoimune. Portanto, a condição genética é o que menos importa, porque o que vai determinar a expressão gênica, e lembrem agora das aulas de genética que tivemos aqui no Vida & Saúde, e aí vocês entenderão que genética não é destino. Todos os estudos reiteram sempre a mesma informação categórica: o que faz a gente expressar verdadeiramente essas doenças são as nossas escolhas, é o modo como a gente vive, são estilos de vida, são os gatilhos que a gente apresenta ao nosso corpo.

Falando em expressão gênica, deixa eu colocar de forma muito lúdica para vocês como acontece esse processo de expressão e de silenciamento gênico, é muito importante. Eu tenho genética boa e genética ruim, eu quero que o meu corpo seja habilidoso ao ponto de não deixar expressar aquilo que eu não quero e expressar aquilo que eu quero. Para fazer isso, a gente usa dois sistemas principais: o primeiro deles é este.  Vocês estão vendo ali, nós temos um gene expresso, o qual quando expresso tem fatores que transcreve, de transcrição genética; eu tenho uma proteinazinha lá do lado (aquela coisa vermelha é uma proteína), então, eu expressei um gene, eu tenho a informação. Para silenciar um gene, para que o meu corpo consiga fazer isso, e ele sabe fazer isso, eu não posso, primeiro, atrapalhar ele demais, pois se eu estiver dando muita demanda de trabalho para ele, ele vai ter dificuldade para silenciar um gene. Mas, para silenciar, ele precisa que a metilação ocorra.

Está vendo que tem um monte de vermelhinho que não deixa que o azulzinho se conecte com o verde? Aquela barreira de vermelhinho nós chamamos de processo de metilação. E quem que faz metilação? Os nutrientes. Olha a importância da alimentação. Os nutrientes que consumimos nos alimentos, eu metabolismo aquilo. Existe uma gama de nutrientes e, também vocês verão, de outros não nutrientes que cedem para o nosso corpo metil, que é um radical do bioquímico. Esse radical metil, ele metila. Se eu não tiver uma alimentação que contenha radicais metil, ou, que meu corpo não saiba fabricá-los perante um alimentos, ou seja, eu pego um nutriente, metabolismo, e ele vira um alimento/nutriente metilado, se isso não acontecer, não tenho como silenciar um gene, e não tenho como controlar a expressão gênica. Simples, fica lúdico aquilo que é de conhecimento de poucos médicos na verdade, porque a gente não estuda muito isso, fica mais fácil quando a gente desenha as coisas mesmo. O gene, então, para ficar silenciado, dependo que esses metils, que essa metilação aconteça ao ponto que chega um momento em que o corpo acopla uma proteína em cima, que é a proteína ligadora de metilcitosina, que ficará em cima e não deixa que acontece a expressão, que a informação não chegue ao expresso. Esse processo é crucial, porque se isso não acontecer eu não consigo silenciar o que eu tenho de ruim e não consigo expressar o que eu tenho de bom.

Esse primeiro processo a gente dá o nome de metilação. É claro que eu estou simplificando esse processo para que todos entendam, mas eu tenho certeza que se você é médico ou profissional da saúde você também não entende disso, e, dessa forma explicando facilita para você entender. O outro processo chamamos de acetilação. Então, temos a metilação, que depende de metil, e a acetilação, que depende de acetil. A acetilação de histonas também controla e silencia os genes. Essa é um pouco mais complexa para vocês entenderem, mas quando vocês enxergam ali de um lado o gene ativo permitindo a transcrição, ou seja, permitindo que aconteça a expressão de um gene, tenho como pegar e condensar isso para que não expresse. Bom, aqui não existem tantos elementos que sejam tão específicos para isso acontecer, e nesse processo, ao ser um pouco mais complexo, nós vamos entender que um hábito de vida saudável é capaz de executar esse plano.

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