A Vitamina A
Por: JaneFerreira2 • 7/4/2019 • Artigo • 4.171 Palavras (17 Páginas) • 246 Visualizações
Hipovitaminose A
Maria Inês CAMPINHO 1
Mara CARDOSO 1
Marielle Guena PEREIRA1
Nadjane Ferreira DAMASCENA 1
Luana Cássia MIRANDA 1
Rita de Cássia PEREIRA 1
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INTRODUÇÃO
A deficiência de vitamina A continua sendo uma carência nutricional de impacto na saúde pública, por atingir populações no mundo inteiro. Segundo a Organização Mundial da Saúde, só nas Américas a prevalência de hipovitaminose A é de cerca de 20%. No Brasil várias regiões apresentam tal problema como Amazonas, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Bahia, Minas Gerais, São Paulo e Santa Catarina, sendo a hipovitaminose A um problema endêmico em alguns locais (CAMPOS; ROSADO, 2005).
A hipovitaminose A se distribui de forma semelhante entre diferentes classes sociais e regiões. Estudo de FERRAZIS (1998) comprova a deficiência de vitamina A como um grave problema em crianças na região sudeste do estado de São Paulo (ZANCUL, 2004).
O Estudo Nacional da Despesa Familiar (ENDEF), realizado entre 1974 e 1975, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), demonstrou que o déficit dessa vitamina era a carência alimentar de maior magnitude e abrangência na dieta brasileira nos anos 70. Estudos realizados em Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Bahia confirmaram, desde a década de 80, a necessidade de combater a deficiência de vitamina A em crianças de 0 a 5 anos nos estados da Região Nordeste. Essa deficiência também foi encontrada em pré-escolares de 0 a 72 meses, no vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais (MARTINS et al, 2007).
Outros estudos, também com amostras de base populacional, realizados nos estados de Pernambuco, em 1997, e Sergipe, em 1998, constataram baixos níveis de retinol em 19,3% e 32,1% dos menores de cinco anos, respectivamente, confirmando a deficiência de vitamina A como importante problema de saúde pública no nordeste brasileiro. Ainda outros estudos, recentes, em 3 capitais da Amazônia Ocidental (Boa Vista, Manaus e Porto Velho), encontraram baixos níveis de retinol em 15,5%, 19,6% e 32,4% dos pré-escolares, respectivamente (MARTINS et al, 2007).
A vitamina A é uma vitamina lipossolúvel, constituinte do grupo de substâncias orgânicas com estrutura bastante variada, solúveis em solventes orgânicos e sem valor energético, que o organismo ou não sintetiza ou o faz em quantidade insuficiente, por isso é necessário ingestão, em quantidades mínimas, fornecidas pelos alimentos (ZANCUL MS, 2004). O armazenamento da vitamina A se dá predominantemente no fígado e é um nutriente que se encontra apenas em alimentos de origem animal, em diversas formas: retinol, retinil, retinal e ácido retinóico. Os vegetais fornecem provitaminas A, como o e o a-caroteno e a-criptoxantina, que podem ser biologicamente transformadas em vitamina A em organismos animais. O mais ativo dos carotenóides provitamínicos A é o caroteno, sendo também, o mais distribuído em alimentos. Segundo a Organização Mundial da Saúde, nas Américas, cerca de 64% da vitamina A ingerida é proveniente de carotenóides provitamínicos A (CAMPOS, ROSADO, 2005).
Países com clima tropical, como o Brasil, têm uma enorme variedade de fontes carotenogênicas, que incluem frutas, hortaliças e óleos extraídos de frutos de palmeiras diversas. Um exemplo disso é o óleo de dendê, que contém cerca de 16400g/100g de RAE (Retinol Activity Equivalents) (CAMPOS, ROSADO, 2005).
Em termos epidemiológicos, a ingestão inadequada de alimentos que são fonte de vitamina A é o principal fator etiológico em todas as áreas endêmicas no mundo, especialmente nas áreas de populações carentes, nos países em desenvolvimento da América Latina - incluindo o Brasil -, África e Ásia, o que é uma contradição diante da grande oferta citada. Isso pode ser explicado pela existência, nessas mesmas áreas, de fatores coadjuvantes, como a reduzida ingestão de lipídios - reduzindo a biodisponibilidade da vitamina e provitamina A -, alta prevalência de infecções, falta de saneamento ambiental e de água tratada, condições socioeconômicas desfavoráveis e tabus alimentares que aumentam a demanda ou interferem na ingestão e metabolização da vitamina A pelo organismo. A biodisponibilidade dos carotenóides também depende de outros nutrientes cuja ingestão é geralmente deficiente nas populações afetadas, tais como proteínas, zinco, vitamina E e fibras (RAMALHO et al, 2002).
A vitamina A é essencial para o crescimento e desenvolvimento do ser humano. Atua na manutenção da visão, no funcionamento adequado do sistema imunológico e mantém saudáveis as mucosas, atuando como barreira contra as infecções (ZANCUL MS, 2004). Por isso a necessidade de medidas de saúde pública que sejam abrangente e tratem as raízes do problema, e todos os fatores interferentes, para que sejam verdadeiramente efetivas.
Entre as principais estratégias utilizadas atualmente no combate à deficiência de vitamina A nos países em desenvolvimento estão a suplementação medicamentosa, a fortificação de alimentos e mudanças na alimentação, incluindo maior consumo de vegetais ricos em carotenóides (CAMPOS, ROSADO, 2005).
PREJUÍZOS À SAÚDE
A hipovitaminose A tem sido diagnosticada a partir da ingestão deficiente de vitamina A, pelas lesões oculares, pelas concentrações séricas inferiores às aceitas universalmente como normais ou por concentrações hepáticas anormalmente diminuídas (GERALDO et al., 2003).
A deficiência clínica da vitamina é definida pela presença de cegueira noturna, manchas de Bitot, xerose e/ou ulcerações corneanas e cicatrizes corneanas relacionadas à xeroftalmia (GERALDO et al., 2003).
Durante muito tempo, o papel da carência de vitamina A em outras funções metabólicas, como na reprodução, no sistema imunológico e na manutenção da integridade epitelial, foi quase ignorado, possivelmente devido à falta de indicadores sub-clínicos ou pré-patológicos da hoje chamada carência marginal. Calcula-se que o número de crianças com carência marginal de vitamina A seja de cinco a 10 vezes maior do que o número de crianças com carência clínica (RAMALHO, et al, 2002).
Considera-se atualmente que os casos de xeroftalmia representam apenas a ponta do iceberg, sob a qual podem se encontrar proporções muito maiores da população em estágios menos avançados , ou seja, estados marginais de carência(RAMALHO, et al, 2002).
Atualmente, sabe-se que, em função de sua atuação no olho e no ciclo visual, a deficiência de vitamina A pode tornar mortais doenças como o sarampo, considerada parte do histórico de saúde de crianças normais. De fato, a deficiência de vitamina A pode provocar quadros de imunodeficiência de origem exclusivamente nutricional (RAMALHO et al., 2002).
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