Resenha do documentário além do peso

O filme “Muito além do peso” aborda a obesidade infantil, um problema muito sério que afeta a qualidade de vida das crianças, desencadeando as chamadas doenças crônicas não transmissíveis, como hipertensão, diabetes tipo 1 e 2, dentre outras antes comuns a adultos e idosos.

De acordo com o Guia Alimentar da População Brasileira, de 2008, a rápida urbanização da sociedade brasileira contribuiu para um estilo de vida mais parecido com os dos países desenvolvidos, mudando os quadros mais frequentes de desnutrição para o de obesidade. Houve uma modificação dos padrões alimentares desde a produção até a preparação e consumo dos alimentos, que deixou de ser mais natural com o consumo de grãos e cereais e foi substituída por alimentos, em sua maioria industrializados, com grandes quantidades de açúcares, gorduras, sal e pobres em nutrientes. Houve um aumento no consumo de refrigerantes e bebidas açucaradas, principalmente entre crianças, inclusive bebês com menos de um ano de idade e adolescentes.

No filme várias crianças são entrevistadas, muitas delas não identificam alimentos tão comuns como frutas e legumes, mas reconhecem facilmente pacotes de biscoitos, batatinhas, latas de refrigerantes e colecionam os brinquedos distribuídos por redes de restaurantes fast foods, e outros que são utilizados em propagandas cada vez mais atraentes. 

A obesidade está também relacionada com a falta de atividades físicas, a maior parte das crianças já não gastam energias brincando, os hábitos de lazer também mudaram, seja por questões de falta de segurança pública necessária para a prática de atividades fora de casa ou porque preferem passar horas assistindo TV, onde ficam expostas a uma gigantesca influência midiática, na internet ou aparelhos eletrônicos, o que contribui ainda mais para o ganho de peso, já que consome mais calorias do que a que perde. As escolas também não incentivam a prática de exercícios, muitas vezes crianças acima do peso são discriminadas, não participam das mesmas atividades que seus colegas.

As empresas de alimentação investem valores altíssimos em propagandas voltadas ao público infantil, fazendo uso de ações desleais com o objetivo de seduzir as crianças, os brinquedos, a fabricação desenfreada de produtos com marcas de personagens, embalagens atraentes, juntamente com alimentos com alto teor de gorduras, sal e açúcar, que são muito viciantes e fazem com que as crianças já não encontrem mais sabor nos alimentos naturais.

O governo diz que investe na educação alimentar, mas o que vemos é que o governo e a indústria estão juntos, as merendas escolares fornecidas, são em grande parte alimentos industrializados que, ironicamente, tem um custo muito mais baixo que os alimentos naturais e são encontrados com maior facilidade, locais onde não são encontradas frutas e legumes, em contrapartida tem refrigerantes, macarrão instantâneo e uma infinidade de alimentos hipercalóricos.

Hábitos alimentares saudáveis com a ingestão de frutas, legumes e verduras, a prática de atividades físicas, a redução da ingestão de gorduras, bebidas açucaradas, açúcar e sódio é de fundamental importância no controle do desenvolvimento da obesidade, é necessário que a educação alimentar comece em casa e se estenda para ambientes escolares, para que assim possa haver um controle no índice de obesidade e doenças relacionadas e as nossas crianças sejam saudáveis e tenham uma maior expectativa de vida.