AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DO COLOSTRO NA TRANSFERÊNCIA DE IMUNIDADE PASSIVA EM BEZERROS DA RAÇA HOLANDESA
Por: Lucas Vinícius Gonçalves • 13/12/2016 • Artigo • 1.483 Palavras (6 Páginas) • 588 Visualizações
I Fórum de Veterinária e Zootecnia do Instituto Federal Goiano
Urutaí, Goiás – Brasil
6, 7 e 8 de Outubro de 2015
AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DO COLOSTRO NA TRANSFERÊNCIA DE IMUNIDADE PASSIVA EM
BEZERROS DA RAÇA HOLANDESA
MOTA, Lucas Vinícius Gonçalves Cipriano1; RAMOS, Carolina Silva1; MARQUES, Thaisa Campos1; DIESEL, Tiago Omar1; MARINS, Thiago Nogueira1; LOBO, Barbara Vinhal1; PESSOA, Caíque Michel Barbosa1
1Universidade Federal de Goiás, lucasviniciusgo@hotmail.com
Resumo
A criação de bezerros é de suma importância para o sucesso da bovinocultura devido à maior sensibilidade a desafios externos. Os animais recém-nascidos dependem da imunidade passiva adquirida via colostro. Objetivou-se avaliar a influência de três colostros de alta qualidade na transferência de imunidade passiva em bezerros da raça Holandesa. Após o parto, o colostro de vacas Holandesas foi coletado e avaliado por colostrômetro. Colostros de alta qualidade com leituras de 90, 100 e 110 mg/mL foram congelados. Amostras de sangue coletadas até 24 horas após o nascimento foram coletadas para avaliação da transferência de imunidade passiva mediante mensuração de proteínas totais através de refratômetro óptico. Os tratamentos C100 e C110 obtiveram sucesso na transferência de imunidade passiva em relação ao C90. Colostros de alta qualidade podem produzir moderada transferência de imunidade passiva.
Palavras-chave: Bovino, Colostrômetro, Imunoglobulinas, Neonatos, Refratômetro.
Introdução
A rentabilidade da bovinocultura leiteira está diretamente ligada à eficiência das fases de produção, sendo a criação de bezerros de suma importância para o sucesso da atividade.
Em bovinos, a transferência de imunoglobulinas (Ig) por via transplacentária não ocorre devido ao tipo de placenta epiteliocorial (SANTOS et al., 2002). Sendo assim, os animais recém-nascidos que não apresentam um sistema imunológico eficiente até duas a três semanas pós-parto, dependem da imunidade passiva adquirida via colostro (OLIVEIRA, 2012).
Para uma transferência de imunidade passiva adequada, deve-se considerar a qualidade e volume ingerido do colostro, e a habilidade dos bezerros em absorver Ig (GODDEN, 2011). O consumo de colostro está diretamente ligado ao desempenho sanitário e produtivo dos bezerros, sendo que uma baixa eficiência de colostragem traduz em aumento em doenças, mortalidade e menor peso a desmama (NETO et al., 2010).
O colostro bovino consiste em uma mistura de secreções lácteas, imunoglobulinas e outras proteínas séricas (DEELEN et al., 2014). A qualidade do colostro depende principalmente do manejo sanitário da parturiente e, para ser eficiente, deve possuir uma concentração de imunoglobulinas superior a 50 mg/mL e ausência de bactérias patogênicas.
O colostrômetro, um densímetro, avalia a qualidade do colostro a 20 a 25°C associando a densidade à concentração de imunoglobulinas (HEINRICHS, JONES, 2011). Está calibrado em intervalos de 5 mg/mL, fracionada em cores de acordo com a qualidade atribuída. O vermelho traduz colostros de má qualidade (Ig<20 mg/L), o amarelo aqueles de qualidade intermediária (Ig entre 20-50mg/L) e o verde aqueles de boa qualidade (Ig >50 mg/l) (QUIGLEY, 1998).
A transferência de imunidade passiva pode ser avaliada através de dosagem sérica das proteínas totais por refratômetro manual, pois resulta em uma aproximação da concentração sérica de imunoglobulinas já que constituem uma larga porção da proteína sérica de neonatos (CALLOWAY et al., 2002; MOORE et al., 2009). Várias pesquisas documentam a relação entre a proteína sérica de neonatos e IgG (WEAVER et al., 2000).
Dessa forma, neste estudo objetivou-se avaliar a influência de três colostros de alta qualidade na transferência de imunidade passiva em bezerros da raça Holandesa.
Metodologia
O estudo foi realizado em uma granja leiteira com produção diária média de 7.500 kg, localizada no município de Santa Helena de Goiás, estado de Goiás.
O colostro de vacas Holandesas foi coletado após o parto por ordenha manual e avaliado através de colostrômetro (Biogenics, Oakland, CA). Colostros de alta qualidade com leituras entre 90 e 110 mg/mL foram congelados, armazenados em sacos plásticos e identificados como tratamentos C90, C100 e C110.
Até duas horas após o nascimento do bezerro, três litros de colostro de um dos tratamentos foram administrados via mamadeira ou sonda esofágica. Trinta bezerros da raça Holandesa foram colostrados com cada tratamento. O descongelamento do colostro foi realizado em banho-maria a 45ºC e fornecido a 36ºC.
Após 24 horas após o nascimento, uma amostra de sangue foi coletada da veia jugular de cada bezerro, armazenados em tubos a vácuo sem anticoagulante. Estas amostras foram refrigeradas de 12 a 24 horas e submetidas à centrifugação a 5000 rpm por cinco minutos. O soro resultante foi fracionado em alíquotas de 1,5 ml e armazenado em microtubos de polipropileno (Eppendorf®, Alemanha) e congelado a - 20º C até o momento da realização dos exames.
A dosagem de proteína total foi realizada nas amostras de soro descongeladas em refratômetro óptico (Neutral REF301/311, China). Gotas de soro foram depositadas sobre o leitor óptico do instrumento, obtendo-se assim a leitura expressa em g/dL.
Os dados foram analisados pelo Teste Tukey pelo pacote estatístico R (versão 3.0.2, 2014) a 5% de significância.
Resultados e discussões
Os colostros com 100 e 110 mg/mL apresentaram maior nível de proteínas totais que colostros com 90 mg/mL (P<0,05, Tabela 1).
TABELA 1 - Dosagem média e erro padrão (EP) de proteína total de bezerros da raça Holandesa às 24 horas de vida por refratometria óptica.
Tratamento | Refratômetro ± EP (g/dL) |
C90 | 5,34±0,14 b |
C100 | 6,49±0,14 a |
C110 | 6,55±0,14 a |
Letras diferentes são significativas a 5%
A falha na transferência de imunidade está associada ao aumento da taxa de mortalidade e morbidade quando a concentração de proteínas totais for menor que 5,0 g/dL (DONOVAN et al., 1986). De acordo com QUIGLEY (1998), o sucesso na transferência da imunidade passiva é conseguido quando a dosagem de proteínas totais é maior que 5,5 g/dL.
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