AVALIAÇÃO DA SUPRESSÃO DE PLANTAS DANINHAS POR CULTURAS DE COBERTURA
Por: pieroiori • 13/8/2015 • Pesquisas Acadêmicas • 2.316 Palavras (10 Páginas) • 468 Visualizações
AVALIAÇÃO DA SUPRESSÃO DE PLANTAS DANINHAS POR CULTURAS DE COBERTURA
BRANCALIÃO, S.R.1; DE MARIA, I.C.1; IORI, P.2; 1Instituto Agronômico de Campinas, Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Solos e Recursos Ambientais, CEP: 13020-902, Campinas, SP. e-mail: brancaliao@iac.sp.gov.br; 2Universidade Estadual Paulista, Registro-SP.
RESUMO: A importância da palha e da cobertura vegetal no sistema plantio direto (SPD) está relacionada a seu efeito na proteção do solo contra o impacto das gotas de chuva, com a manutenção da umidade do solo e a redução da amplitude térmica. Além disso, a palha tem sido apontada como um fator importante no controle de plantas daninha: sua manutenção na superfície do solo pode facilitar o manejo e reduzir o custo do manejo dessas plantas. A planta utilizada para formar a palha pode também contribuir para esse efeito, tanto pelo tipo e volume de palha formada, quanto pela velocidade de recobrimento do solo. Este estudo comparou duas plantas utilizadas como plantas de cobertura de primavera para formação de palha para um a cultura de verão com o objetivo de verificar: a porcentagem de solo coberto no tempo, a capacidade de produção de palha e o efeito da cobertura do solo deixada pelas culturas sobre a supressão de plantas daninhas em duas épocas de dessecação. Os tratamentos foram um cultivar de milheto e o outro de sorgo, plantados ao mesmo tempo, em faixas alternadas com cinco repetições, combinados com dois períodos entre a emergência e a dessecação (33 e 43 dias). A cultura do milheto proporcionou inicialmente maior cobertura do solo. O sorgo produziu maior massa de matéria seca tanto na primeira como na segunda época de dessecação e apresentou maior efeito supressivo em todos os tipos de plantas daninhas independentemente da época de dessecação.
Palavras Chaves: PLANTIO DIRETO, MANEJO QUÍMICO, COBERTURA MORTA
INTRODUÇÃO: O sistema plantio direto (SPD) tem como características reduzir a erosão, melhorar propriedades físicas e a fertilidade do solo, aumentar o teor de matéria orgânica, a água armazenada no solo e diminuir o consumo de combustíveis. Segundo DE MARIA (1999), em média, o sistema de plantio direto reduz em 75% as perdas de solo e em 20% as perdas de água, quando comparado com o sistema de cultivo convencional. a palha tem sido apontada como um fator importante no controle de plantas daninha: sua manutenção na superfície do solo pode facilitar o manejo e reduzir o custo do manejo dessas plantas. A planta utilizada para formar a palha pode também contribuir para esse efeito, tanto pelo tipo e volume de palha formada, quanto pela velocidade de recobrimento do solo. No SPD é comum acelerar a morte da cobertura vegetal, o que se constitui em um componente muito importante no desenvolvimento e, por conseqüência, na produtividade das culturas semeadas posteriormente (CONSTANTIN et al., 2005). O benefício do manejo antecipado nas áreas de alta infestação e/ou elevada cobertura do solo por ocasião da operação de manejo é evidente. O material utilizado para a dessecação de milheto e de sorgo é o glyphosate. Este provoca o amarelecimento e conseqüente morte das folhas e talos, geralmente observado de quatro a dez dias após a aplicação do produto. Aproximadamente 50% da molécula original é metabolizado por microrganismos em 28 dias, chegando em 90% a 90 dias (ALMEIDA, 1985). A supressão da infestação de plantas daninhas por espécies cultivadas como culturas de cobertura é notória após a sua dessecação. Efeitos de competição e alelopáticos exercidos durante a coexistência das plantas de cobertura com as espécies daninhas podem ser responsáveis pelo efeito supressivo (VIDAL & BAUMAN, 1986). Este trabalho teve como objetivo verificar: a porcentagem de solo coberto no tempo, a capacidade de produção de palha e o efeito da cobertura do solo deixada pelas culturas de milheto e sorgo sobre a supressão de plantas daninhas em duas épocas de dessecação.
MATERIAL E MÉTODOS: O experimento foi implantado no Centro Experimental Central do Instituto Agronômico (IAC) em Campinas, SP, Latitude 22o 53’ Sul e Longitude 47o 04’ Oeste. A altitude média é de 600 metros, a declividade de 5 % e o relevo é suavemente ondulado. O solo é um Latossolo Vermelho eutroférrico (EMBRAPA, 1999). O clima, de acordo com a classificação de Köppen (CRITCHFIELD, 1960), é do tipo Cfa, subtropical, com verões quentes e úmidos e invernos frios e secos. Os tratamentos foram instalados em 6 de outubro de 2005, com a subdivisão do reservatório da semeadora em duas partes: uma com sementes de milheto, cultivar BN-2, e a outra com sorgo, cultivar cover-crop, formando faixas alternadas, com cinco repetições. Durante o desenvolvimento das culturas foi feita a determinação da porcentagem de solo coberto pelo método fotográfico utilizando o Sistema SIARCS (JORGE & CRESTANA, 1996) para análise das imagens. A dessecação das culturas foi feita em duas épocas: 9 e 19 de dezembro de 2005, com 3,5 L ha-1 de glyfosato. Foi avaliada a produção de fitomassa de cada tratamento, imediatamente antes da dessecação. A avaliação da diversidade das plantas daninhas após a dessecação das culturas de cobertura foi feita determinando-se a quantidade e o tipo de planta que ocorreu utilizando-se de um círculo com um metro de diâmetro, com dez repetições por parcela. Para as análises estatísticas utilizou-se teste de F na análise da variância e o teste de médias LSD-student (GOMES, 1982).
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Neste trabalho, o milheto teve um crescimento inicial mais rápido que o de sorgo (Figura 1), atingindo 70% de solo coberto com cerca de 35 dias após a semeadura. O milheto atingiu o máximo de cobertura do solo com cerca de 55 dias após o plantio e não apresentou acúmulo de matéria entre a primeira e segunda épocas de dessecação. Entretanto a produção de massa de matéria seca foi maior para com o sorgo (Figura 2), atingindo o valor superior a 10.000 kg ha-1 na segunda época de dessecação. O sorgo iguala-se com o milheto em porcentagem de cobertura somente na data da segunda dessecação. Pode-se inferir que o efeito de um maior intervalo para a dessecação para o sorgo permitiu ganhos em sua produtividade de massa de matéria seca. Para o milheto não houve acúmulo de massa de matéria seca com o maior intervalo de tempo, após o florescimento, para a dessecação.
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