Projeto Integrador Agronomia: Controle na Produção de Soja
Por: carolaluna • 9/4/2023 • Trabalho acadêmico • 2.109 Palavras (9 Páginas) • 117 Visualizações
CONTROLE NA PRODUÇÃO DE SOJA: RESOLUÇÃO INTERDISCIPLINAR DE UM CASO DE MANCHAS FOLIARES NO SISTEMA DE SUCESSÃO TRIGO-SOJA
Nome do aluno; Nome do aluno; Nome do aluno
INTRODUÇÃO
O Brasil é o segundo maior produtor mundial de soja e a safra de 2018 totalizou quase 117 milhões de toneladas, distribuídas em uma área de 35 mil hectares e com produtividade de 3,33 kg/ha. De acordo com a Embrapa (2019), o cultivo de soja é mais comumente realizado em monocultura ou sistema contínuo de sucessão trigo-soja, embora esses sistemas provoquem degradação física, química e biológica do solo e queda de produtividade do solo a longo prazo, além de favorecer o desenvolvimento de doenças e pragas.
Em uma situação hipotética, apresenta-se o caso de um produtor rural no Norte do Paraná, que é o segundo maior produtor brasileiro de soja, com uma produção de 32 milhões toneladas e produtividade de 3,35 kg/ha (EMBRAPA, 2019). Após anos utilizando o sistema de sucessão trigo-soja, identificou manchas foliares de cor marrom e vermelho-tijolo, pústulas na face interior da folha e pequenas protuberâncias na face abaxial da folha, o que o levou a consultar um engenheiro agrônomo.
Nesse sentido, o presente trabalho busca apresentar uma solução em tecnologia agrícola e ambiental para ser utilizada na lavoura citada, para obter maior produtividade, ecoeficiência dos processos e sustentabilidade agrícola ao resolver o problema das manchas foliares.
Os objetivos específicos incluem: prescrever o melhor agroquímico a ser aplicado, considerando os benefícios para a planta e os possíveis danos ambientais e ocupacionais; descrever de que forma a doença afeta a fisiologia da planta, o ambiente e a produtividade; elaborar um plano de ação para corrigir e prevenir danos agrícolas e para convencer o dono da propriedade de que as ideias são factíveis e aplicáveis com os recursos disponíveis.
Trata-se de uma abordagem interdisciplinar, pois se utiliza conhecimentos das áreas de Química Orgânica, Bioquímica, Anatomia e Fisiologia Vegetal, Cálculo e Microbiologia Agrícola. Tal atividade se justifica pela necessidade de aumentar a produtividade de soja por hectare, visto que, segundo Araújo et al. (2012), as perdas são de cerca de 15% a 20% anualmente. Além disso, justifica-se pela possibilidade de inserção do engenheiro agrônomo neste campo de trabalho, visto que a Embrapa (2016) apresenta expansão das pesquisas públicas e privadas sobre a saúde das folhas e prevenção de doenças e pragas nas lavouras de soja no Brasil.
DESENVOLVIMENTO
As lesões apresentadas nas folhas das plantas podem comprometer o metabolismo e o desenvolvimento das plantas porque atacam os vasos da planta, comprometendo o tecido sadio e prejudicando o enchimento das vagens, o que, por sua vez, interfere na quantidade e na qualidade dos grãos. Segundo Mussury et. al (2012), a partir dos estudos em Anatomia e Fisiologia Vegetal, explicam que a folha tem como principal função realizar a fotossíntese, além de atuar na transpiração, trocas gasosas e reserva de nutrientes; logo, as doenças que atacam a folha comprometem a fotossíntese e o ganho de energia da planta, prejudica a vascularidade foliar e a transpiração.
Refletindo sobre como as lesões foliares comprometem o metabolismo e o desenvolvimento das plantas, o autor Rodwell et. al (2017) sugere uma possível relação entre fotossíntese e glicólise, que é a respiração celular. Essa relação ocorre porque ambos os termos estão relacionados com a transformação de energia para a planta, envolvendo diversos processos do metabolismo. O processo de fotossíntese consiste na sintetização do alimento (açúcares), realizado por células que contém clorofila, a qual transforma energia luminosa em energia química, pois os agrupamentos de gás carbônico, água e sais minerais são transformados em oxigênio e açúcar na presença da luz.
Já a glicólise é um processo posterior no qual o açúcar glicose é utilizado para a respiração celular e utilizada diretamente pela planta produtora. Dessa forma, a glicólise é a pura transformação da glicose em energia, enquanto a fotossíntese é a utilização da luz para a produção de nutrientes, incluindo a glicose. Os dois processos se iniciam nas folhas, o que evidencia ainda mais a importância desse componente da planta (RODWELL et. al, 2017).
A partir de uma análise das características das manchas foliares no caso-problema apresentado, como a cor marrom e vermelho-tijolo, a presença de pústulas na face interior e protuberâncias na face abaxial, pode-se diagnosticar a presença de uma doença chamada ferrugem asiática da soja (Phakopsora pachyrhizi), a qual é causada por um fungo biotrófico chamado Phakopsora pachyrhizi Sydow, que afeta leguminosas e se apresenta nas folhas, as quais adquirem coloração mais escura.
De acordo com a Embrapa (2016), a ferrugem da soja é a maior causadora de danos na cultura de soja no Brasil, o que justifica que se realizem pesquisas com métodos de intervenção. Tal doença surgiu no México em 2001 e se propagou pelo vento, sendo que sua disseminação se dá pela ação do vento e da chuva. A ferrugem da soja tende a aparecer no período Cotilédone (VC, 2º do ciclo vegetativo) até o início da maturidade (antepenúltimo do ciclo reprodutivo, R7), ou seja, é a doença que tem o maior período de ocorrência e pode levar a perdas de até 100% da cultura.
A ferrugem americana (Phakopsora meibomiae) é reconhecida como de pouco impacto sobre o rendimento; a ferrugem asiática (P. pachyrhizi) é mais severa e pode causar perdas de até 100% na produtividade. O processo de infecção depende da disponibilidade de água livre na superfície da folha, sendo necessárias no mínimo 6 h, com o máximo de infecção ocorrendo com 10 a 12 horas de molhamento foliar. Temperaturas entre 18°C e 26,5°C são favoráveis para a infecção. Precipitações bem distribuídas favorecem o desenvolvimento epidêmico da doença. Quanto mais cedo ocorrer a desfolha, menor será o tamanho dos grãos e, consequentemente, maior a perda do rendimento e da qualidade (grão verde). (GODOY et al., 2014, p. 4).
Já o autor Saran (2017, p. 99) define que os sintomas da ferrugem são mais visíveis na fase de florescimento pleno (R2) até o ciclo de desfolha (R8), “devido ao longo período de molhamento foliar e temperaturas amenas, que são necessárias à infecção e esporulação do fungo”. Como características do fungo, a folha tende a ficar verde-acinzentada e evoluiu para uma cor vermelho-tijolo, marrom avermelhada até marrom escuro, o que pode dificultar a identificação e confundir com pústulas bacterianas.
Como já citado, as características que apontam para essa doença são os sintomas da planta, que incluem pontos escuros de no máximo “1mm de diâmetro no tecido sadio da folha, com correspondente protuberância (urédia) na página inferior da folha” (HENNING et. al, 2014, p. 14). Já o agente causador da doença pode ser definido pelas seguintes características da disponibilidade de água na superfície da folha por no mínimo 6 horas, infecção e molhamento foliar por 10 a 12 horas e temperaturas ideais de até 26ºC (HENNING et. al, 2014).
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