Resenha do Documentário " O veneno está na mesa"
Por: Ana Beatriz Ferreira • 26/11/2018 • Resenha • 537 Palavras (3 Páginas) • 342 Visualizações
Ana Beatriz Barbosa Ferreira – Matrícula: 201610027
Resenha
Documentário: O veneno está na Mesa- Silvio Tendler
Silvio Tendler é um cineasta carioca reconhecido por seus trabalhos com cunho sociais com críticas consideráveis. No documentário “O veneno está na mesa” não poderia ser diferente. Com dados, relatos e entrevistas, Tendler aborda uma problemática que cerca toda essa sociedade em desenvolvimento que estamos inseridos, com algo que nos é imposto goela abaixo, literalmente, todos os dias.
Trazendo dados de que por ano consumimos cerca de 5,2 litros de agrotóxicos por ano, Silvo nos mostra a dimensão que fica subjetiva em nossos pratos: sabemos que consumimos, mas não sabemos o quanto e nem o porquê, resposta essa dada em partes na primeira entrevista apresentada.
Logo de inicio a entrevista de Eduardo Galeano, jornalista e escritor, nos mostra a primeira perspectiva que deve ser pensada em relação ao uso de agrotóxicos na produção em larga escala. O agrotóxico, segundo Galeano, se torna um critério econômico em uma política progressiva, tornando-se quase que obrigatório sua utilização como forma de obtenção de resultados no sistema produtivista.
A partir desse pensamento é possível casar outros dados citados ao longo do filme, como o de que desde 2008 o Brasil é o país com o maior consumo de agrotóxicos no mundo e mesmo que haja uma tabela demonstrando as porcentagens necessárias, o máximo de químicos permitidos são ultrapassados facilmente.
Então, com o relato de Fernando Ataliba, agricultor no interior de São Paulo, o discurso progressista cai por terra, mostrando que a revolução verde nada mais foi que a implementação produtiva-capitalista do bem que deveria ser direito de todos: o alimento. O discurso engloba quantidade, e não qualidade.
Outro relato afirma o monopólio que se instaura em diversos países desde a segunda guerra mundial, que inicia com armas químicas ocasionando várias mortes e termina em grandes empresas detentoras da produção de agrotóxico diretamente ligadas as primeiras, quando não as mesmas.
O sistema implantado após a revolução verde demonstra uma enorme falha, tendo que os resultados referentes a produção são inerentes quando comparados aos fatores cada vez mais evidenciados: defasagem na fertilidade do solo, contaminação de solos, mananciais, pessoas, do ar, mudanças climáticas, etc.
Para causar choque no público, relatos de pessoas atingidas diretamente pelos agrotóxicos também são mostrados, como o caso do rapaz que morreu após a inalação continua de químicos com o que trabalhava.
Por fim, o documentário traz de forma didática os malefícios de algo tão próximo de nossa realidade, mas ao mesmo tempo tão distante, pois apesar de sabermos da existência, a quantidade e efeitos causados em nosso corpo é desconhecido, assim como a dinâmica em que se é empregado. Um exemplo é o relato do agricultor que conta que se antes cultivavam sementes criolas, hoje as transgênicas são as principais encontradas, estas que já vem com venenos que não se sabe ao certo as consequências á médio e longo prazo.
O consumidor, nós, somos vítimas e coautores desse crime, vítimas por estarmos consumindo algo tão nocivo sem medir as consequências, ao ponto de que os dados apresentados neste documentário se tornam fatos relatados de forma geral, pois mesmo cientes, o preço, a beleza, a facilidade nos atraí, fazendo com que haja uma participação da sociedade nesse problema.
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