A Resenha Crítica

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1. UMA LUZ PARA A CONSCIÊNCIA

 

Por Paulo Evandro

RIBEIRO,Djamila. Pequeno manual antirracista / Djamila Ribeiro. — 1ª ed. — São Paulo : Companhia das Letras, 2019.

        Professora,escritora,filósofa,ativista social e indicada pela BBC como uma das 100 mulheres mais influentes do mundo em 2019,Djamila Ribeiro é uma das vozes mais influentes do movimento pelos direitos das mulheres negras no Brasil,atualmente. Autora de  O que é lugar de fala?,Quem tem Medo do Feminismo Negro?,Pequeno manual antirracista e Cartas para minha avó,a escritora é fundadora do selo editorial Sueli Carneiro,que publica obras de escritoras negras brasileiras,latinas,indígenas e LGBTQI+.

Síntese

        Por meio de uma linguagem de fácil compreensão,Djamila Ribeiro inteligentemente alterna entre suas experiências pessoais,dados de pesquisas científica e referências de grandes escritores,pensadores e ativistas,o que torna a leitura simples ao mesmo tempo que oferece embasamento à sua argumentação.

        Prontamente em sua introdução,o livro nos leva a refletir que falar de racismo no Brasil é fazer um debate estrutural e que é imprescindível trazer a perspectiva histórica e iniciar pela relação entre racismo e escravidão,mapeando suas consequências. Deve-se compreender o quão beneficiada vem sendo a população branca ao longo da história,à medida que a população negra é tratada como mercadoria e o quanto foi dificultado o acesso a direitos básicos e à distribuição de riquezas por leis que agiam como dispositivos legais para perpetuar a mentalidade da “grande-casa e senzala”,mentalidade essa que persiste até os dias atuais.

        O sistema racista está em constante projeto de atualização,sendo assim,a autora chama a atenção para a necessidade de o entendermos para combatê-lo de forma eficiente. Dessa forma,foi elaborado este pequeno manual com o intuito de trazer à tona um assunto complexo e que vêm vitimando a população negra ao longo dos séculos.

        O livro nos leva a ponderar que é essencial buscar informar-se sobre o racismo,de modo que é preciso entender que se trata de um sistema estrutural enraizado na nossa cultura e que para combatê-lo é imprescindível fazer uma autorreflexão sobre o que temos feito para acabar com o racismo,que cultura temos consumido,quantas pessoas negras encontram-se em cargos de poder em nosso ambiente de trabalho,entre outros questionamentos que – confesso – nunca havia feito antes. E tudo isso,inevitavelmente,se passa por reconhecer todos os privilégios que a branquitude impôs ao longo do tempo.

        A autora conclui o livro dizendo que perceber-se criticamente é desafiador e um processo doloroso para quem passou a vida sem questionar o sistema de opressão racial. Não basta apenas não ser racista,não basta apenas não atrapalhar. Aos brancos,é necessário se responsabilizar por seus privilégios,denunciar,repreender,jamais compactuar e aos negros se conscientizar dos processos históricos para jamais reproduzi-lo.

Análise Crítica

        Gostei e recomendo a leitura.

        O livro é bem didático e fundamentado e me levou a uma profunda reflexão acerca do que eu tenho feito para ajudar. Assim que terminei o livro,me veio uma breve memória da minha infância,no qual um tio me dizia: “Se você tem os meios de ajudar a uma pessoa e ignora,você também é culpado pela situação dela”. O que me leva pensar que passei minha vida inteira acreditando que se apenas não atrapalhasse já estaria ajudando. Mas agora,urge em mim a necessidade de rever os meus conceitos e entender que,de fato,não basta apenas não ser racista,não basta apenas “não atrapalhar”,é preciso levantar da cadeira para fazer o que é certo,é preciso lutar por aqueles que tem,todos os dias,as suas vozes caladas,é preciso ser antirracista todos os dias de nossas vidas para que possamos,enfim,criar uma sociedade onde todos tenham os mesmos direitos,oportunidades e privilégios.