AUDITORIA DE OBRAS: ASPECTOS ADMINISTRATIVOS IMPORTANTES A SEREM AVALIADOS NUMA OBRA VERTICAL

AUDITORIA DE OBRAS: ASPECTOS ADMINISTRATIVOS IMPORTANTES A SEREM AVALIADOS NUMA OBRA VERTICAL

Eric Dantas Muniz 1* (IC) 

1. Universidade de Fortaleza – Curso de Engenharia de Produção

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Palavras-chave: Auditoria. Certificações. Obras Verticais. Avaliação. 

Resumo

O processo de auditoria numa empresa tem como objetivo realizar um exame imparcial das práticas e resultados apresentados pela mesma. Na construção civil, a auditoria tem uma função análoga e pode servir como método de aquisição de licenças ambientais, da qualidade, de financiamentos. Esse artigo visa reunir uma coletânea de boas práticas para uma auditoria, seja interna ou externa, numa construtora cearense, numa obra de edificação vertical. Essas práticas foram aprendidas ao longo de experiências pessoais ao longo de oito meses trabalhando para garantir êxito nesse processo de auditoria, visando sempre melhorar os processos existentes e alterando os processos defasados, garantido organização e uma gestão eficiente para a obra.        

Introdução

Segundo Crepaldi (2010), o processo de auditoria em uma empresa, financeiramente falando, é um exame imparcial das práticas e resultados apresentados pela mesma, com o intuito de confirmar e mensurar o patrimônio, que é conjunto de bens somados aos seus direitos de recebimento de pagamentos subtraindo-se das suas obrigações de pagamento.

Na engenharia civil, a auditoria tem um papel complementar a esse. Normalmente ela é feita para controle dos processos e resultados que estão sendo apresentados por aquela obra. Isso leva a diversas finalidades:

1. Adquirir licenças: ISO 9001(International Organization for Standardization), ISO 14001 LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), PBQP-H (Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat), entre outras;
2. Determinar o grau de eficiência da atual gestão;
3. Identificar oportunidades de melhorias nos processos da obra/construtora;
4. Identificar a eficiência dos processos de documentação e arquivamento dos registros;
5. Apontar e sugerir ações corretivas, imediatas, à médio prazo e à longo prazo

De acordo com Albuquerque (2014), temos dois tipos de auditorias em obra, a interna e a externa. A interna que é conduzida pela própria construtora em sua matriz e nas suas obras e as externas, feitas por organizações independentes e imparciais à construtora. Nesse artigo não será feita tal distinção para não limitar as práticas abordadas.

Entretanto, muitas vezes, os encarregados, os estagiários de engenharia civil e até mesmo engenheiros/gestores de obra tem dúvidas de como proceder diante desse processo. Seja por não entender como funciona e como se dará tal prática ou não estar familiarizados com a sua finalidade. Para isso, esse artigo reúne uma coletânea de observações, de pontos importantes e de requisições feitas pelos auditores no momento das auditorias, seja interna e/ou externa.

Metodologia

Será utilizado nesse artigo uma descrição analítica de natureza qualitativa-explicativa dos métodos que tiveram resultados positivos em obra. Iniciando com os preparativos para verificação dos processos de pré-auditoria com foco em questões documentais. Após isso partindo para a exposição das recomendações e pontos importantes em uma auditoria de obra vertical, visando aspectos administrativos e técnicos nos vários ambientes que compõem um canteiro de obras. Por fim, serão apresentadas as conclusões pertinentes ao tema, bem como sugestões de atividades complementares à esse trabalho.

Resultados e Discussão

PRÉ-AUDITORIA

Antes da auditoria, a obra deverá se atentar a alguns detalhes importantes. No canteiro, deverão ter documentação comprobatória de praticamente todo processo vivido em obra, seja mapa de concretagem, projeto executivo, alvará de execução, licenças de abastecimento de água, notas fiscais, entre outros que irão ser comentados adiante.

Por isso é importante entrar em contato com a matriz da construtora e requerer tais documentos caso a obra não o tenham em formato físico de preferência autenticado em cartório. Feito isso, um dos critérios mais fundamentais de gestão deverá ser fielmente obedecidos, o da organização. Categorizar documentos, licenças, projetos, notas fiscais, contratos, manuais de manutenção de equipamentos, tudo isso em pastas numeradas e dispostas de maneira visível ao auditor(a).

Outro aspecto que pode ser esquecido é a gestão de pessoas, colaboradores que não estejam regularmente matriculados e catalogados pela construtora com situação regular, devem ser regularizados ou terem seus devidos fins antes da semana da auditoria, pois uma não conformidade trabalhista poderá gerar multa, caso o Ministério do Trabalho faça uma inspeção dias antes, o que é bem frequente.

RECOMENDAÇÕES PARA AUDITORIAS

Em primeiro lugar, deve-se preparar a equipe. A partir de pautas em reuniões de ajuste em cronogramas físico-financeiros, deve-se lembrar da possibilidade de haver a auditoria quando não houver ainda data pré-definida. As pessoas que administram a obra, em sala-técnica no canteiro, deverão saber que a auditoria irá se realizar em determinada data. Com isso cabe ao engenheiro responsável esclarecer quaisquer dúvidas para sua equipe. Tendo conhecimento do processo de auditoria, nesse momento, deve-se traçar um plano de organização das tarefas necessárias afim de não receber nenhuma conformidade.

Inicialmente, deve-se fazer uma série de verificações:

1. Todos os projetos executivos estão em meio físico com suas atualizações mais recentes no canteiro de obras, com suas mais recentes revisões e com folha de sumário?
2. Todas as licenças de operação estão com suas devidas validades em dia?
3. Os documentos internos de procedimentos: PQ (Procedimentos da Qualidade), IT (Instruções Técnicas), FOR (Formulários internos), indicadores de desempenho, entre outros, estão com suas devidas revisões corretas, com folha de sumário?
4. Os funcionários ativos em campo estão com seus treinamentos para respectivas atividades atualizados e estão executando a atividade designada?
5. Os funcionários ativos em campo estão com os seus devidos EPI’s (Equipamentos de Proteção Individuais), comprovados por assinatura na sala de segurança?
6. A obra possui SESMT (Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho), CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes), PCMAT (Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria de Construção), entre outras que necessite?

Feitam as verificações iniciais, caso não seja a primeira vez que a obra é auditada, deve-se procurar o laudo da última auditoria, analisá-lo. É fundamental corrigir as possíveis “não-conformidades” passadas, pois vários auditores tem o hábito de verificar se elas foram corrigidas e as devidas medidas foram tomadas para a não ocorrência das mesmas.

Para uma melhor preparação, é sugerido criar uma pasta, onde constam os pontos observados da última auditoria e suas não-conformidades, as medidas adotadas para corrigi-las e uma comprovação dessas medidas, seja por fotografia, Xerox, relatório de as-built.