Amianto: de pó mágico a pó maligno
Por: pedrohtd • 5/1/2016 • Dissertação • 346 Palavras (2 Páginas) • 294 Visualizações
É triste perceber que o caso da extração, produção e comercialização do amianto no Brasil é mais um, dentre tantos, em que os interesses econômicos estão acima de tudo e de todos.
O amianto, material que vem sendo empregado principalmente na fabricação de materiais para a construção civil ao longo de décadas, foi colocado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) no grupo principal de substâncias cancerígenas. Segundo a entidade, 125 milhões de pessoas estão expostas a essas substância em todo o mundo e pelo menos 107 mil morrem anualmente de doenças associadas a ela. E por esse motivo, o amianto foi banido em mais de 60 países, sendo substituído por fibras menos nocivas a saúde.
Já o Brasil, terceiro maior produtor e segundo maior exportador mundial, vem caminhando a passos lentos no que diz respeito ao banimento do amianto. Alguns estados (São Paulo, Mato Grosso, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Pernambuco) chegaram a aprovar legislações específicas proibindo o uso e a comercialização de produtos com a substância, porém os grandes produtores entraram com ação alegando que os banimentos estaduais são inconstitucionais.
É claro que não se pode descartar o principal argumento dos defensores do amianto, que está nos impactos sócio-econômicos que seriam gerados na região de Minaçu, maior polo extrativista de amianto do Brasil, com o banimento da substância. Cerca de 60 mil pessoas se beneficiam de várias formas com as atividades ligadas a extração, produção e comercialização desse produto. Porém, este número é pequeno quando comparado com o número de pessoas que adoecem e são prejudicadas pela inalação de fibras de amianto. Além disso, o governo deveria se empenhar em criar novas atividades substitutivas nessa região, como incentivos fiscais para a chegada de empresas e indústrias de outros segmentos, assim como a exploração de turismo ecológico nos arredores de Minaçu.
Os danos e malefícios a saúde causados pelo amianto já são conhecidos por todos e há tempos, porém, enquanto os produtores de amianto figurarem entre os principais financiadores de campanhas eleitorais do Brasil, o interesse econômico de poucos continuará a prejudicar a saúde de muitos.
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