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Políticas de Indústria no Brasil

Por:   •  25/6/2022  •  Trabalho acadêmico  •  2.644 Palavras (11 Páginas)  •  102 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

ORGANIZAÇÃO INDUSTRIAL A

Emilene Zibetti Alberton (00274866)

REVISÃO SOBRE INDÚSTRIA 4.0 E POLÍTICAS PÚBLICAS NA ÁREA

INDÚSTRIA 4.0

Em 2021 o conceito de Indústria 4.0 completa 10 anos. Ele foi primeiro apresentado na Feira de Hannover de 2011, na Alemanha, como estudo de um grupo de trabalho liderado por Siegfried Dais (da empresa Bosch) e Henning Kagermann (da Academia Nacional de Ciência e Engenharia da Alemanha, ou Acatech). O objetivo era promover a implementação de novas tecnologias para informatização e integração na manufatura [1].

O estudo “Recommendations for implementing the strategic initiative INDUSTRIE 4.0” foi publicado pela Acatech em 2013, e consiste de um guia para a implementação da indústria 4.0 nas empresas de manufatura. A base da Indústria 4.0 é o conceito de sistemas ciber-físicos (CPS), que resulta da convergência do mundo físico e do virtual, possível com o avanço da internet e a miniaturização dos computadores/processadores. Com isso, formam-se redes que conectam recursos, informação, objetos e pessoas para a criação da Internet das Coisas e de Serviços [2].

[pic 1]

Fonte: Kagermann, 2013.

A Quarta Revolução Industrial se apresenta na forma de tecnologias de complexidade de nível mais elevado do que se tinha até então – Big Data, integração de sistemas, aprendizado de máquina, inteligência artificial, automação, entre outras. Assim, tornou-se possível atingir novos patamares em questão de produtividade, qualidade, redução de custos e customização de produtos. Os impactos são diversos e as organizações que buscam melhores resultados devem se preparar para operar sob estes novos padrões.

TECNOLOGIAS HABILITADORAS

Segundo o Boston Consulting Group [3], são nove as principais tecnologias de Indústria 4.0 (sem ordem específica):

  1. Big Data e Analytics – viabiliza a coleta, análise e armazenamento de dados de fontes diversas, estruturados ou não, seja de equipamentos de produção, seja de sistemas gerenciais.
  2. Robôs Autônomos – projetados para trabalhar de forma segura com outros robôs e também com humanos, são capazes de analisar de forma autônoma as variáveis dos processos e tomar decisões.
  3. Simulação – uma cópia virtual de um sistema físico, permitindo testar diferentes situações e otimizar configurações para gerar economias de tempo e dinheiro.
  4. Integração horizontal e vertical de sistemas – permite unir diferentes setores, departamentos ou empresas para troca de dados.
  5. Internet das Coisas Industrial – equipamentos com sistemas embarcados interagem entre si e com os centros de comando, viabilizando respostas rápidas a problemas.
  6. Ciber-segurança – novos padrões de segurança para sistemas mais conectados.
  7. Computação em Nuvem – acessada pela internet, utiliza servidores externos para trabalhar com uma grande quantidade de informações que atravessam os diversos sistemas presentes.
  8. Manufatura Aditiva – produção em pequenos lotes de produtos ou peças, através da deposição de materiais, em que muito se aplica a impressão 3D.
  9. Realidade Aumentada – permite trabalhar com informações em tempo real, facilitando a tomada de decisão e demais atividades.

MATURIDADE TECNOLÓGICA E PRODUTIVIDADE

O Brasil já foi a 6ª maior economia mundial – foi por um breve período, em 2011 [4]. Apesar disso, mesmo nessa época, a maturidade tecnológica brasileira sempre esteve aquém do nível das nações mais desenvolvidas. Isso decorre de diversos fatores, mas principalmente devido à orientação da produção nacional de primeiro setor para exportação. O Brasil aproveita diversos fatores considerados vantagens estratégicas ao adotar esse posicionamento [5]. Há grande disponibilidade de recursos físicos de boa qualidade como solo, água, clima, além de recursos organizacionais, humanos e técnicos.

O agronegócio historicamente traz resultados positivos para a economia brasileira como um todo – em 2020 o setor correspondeu a 26,6% do PIB e 48% de todas as exportações. Hoje, por exemplo, o Brasil é o maior exportador de produtos como soja, milho, carne bovina, suína e de frango [6].

Mesmo no setor agropecuário, que vem adotando tecnologias de produção mais avançadas e é beneficiado com políticas econômicas, a maturidade tecnológica é consideravelmente defasada em relação às maiores economias globais. Enquanto isso, os países desenvolvidos, que produzem e empregam tecnologias de ponta aos seus processos produtivos, alcançam níveis de produtividade significativos nos três setores – agropecuária, indústria e serviços. A tabela a seguir foi retirada e adaptada do estudo de Veloso, Matos, Ferreira e Coelho (2017), da FGV [7], e mostra a produtividade setorial do Brasil comparada à de outras economias:

Tabela 1 – Produtividade setorial: Brasil e países desenvolvidos

País

Total

Agropecuária

Indústria

Serviços

Brasil

14.689

4.779

19.389

15.814

Estados Unidos

89.318

66.271

109.937

85.647

Irlanda

84.949

27.976

114.873

80.397

Austrália

67.555

65.469

88.358

61.589

França

66.488

50.027

64.056

69.225

Japão

64.967

18.102

70.607

65.400

Grã-Bretanha

56.729

25.184

70.852

54.643

Média SEA[1]

46.994

25.250

52.802

48.218

EUA/Brasil

6,1

13,9

5,7

5,4

Média SEA/Brasil

3,2

5,3

2,7

3,0

Soma-se aos dados sobre produtividade a composição setorial do PIB desses países. Nos EUA, o PIB da indústria corresponde a 18,2% do total; na Alemanha, 26,8%; no Japão, 29,1%, na França, 17,1% [8, 9, 10, 11]. O economista e autor Chang Ha-Joon [12] atribui o aparente declínio da participação da manufatura do PIB ao aumento expressivo da produtividade, que tem como consequência a redução dos custos de produção.

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