Resenha do artigo “Transporte público, mobilidade e planejamento urbano: contradições essenciais”
Por: Maiara Cristina de Oliveira • 5/2/2021 • Resenha • 604 Palavras (3 Páginas) • 490 Visualizações
CENTRO FEDERAL DE ENSINO TECNOLÓGICO DE MINAS GERAIS – CEFET – MG
Resenha do artigo “Transporte público, mobilidade e planejamento urbano: contradições essenciais”
Discente: Maiara Cristina de Oliveira
Disciplina: Elementos de planejamento de transportes
Curso: Engenharia Civil
No artigo “Transporte público, mobilidade e planejamento urbano: contradições essenciais”, Silveira e Cocco (2013) refletem os problemas do transporte público brasileiro, levando em consideração fatores históricos, econômicos e sociais. Para isso, os autores analisam não só a tarifa, mas também o percentual de utilização do transporte público brasileiro em diferentes regiões, a fim de descrever possíveis causas para os problemas da mobilidade urbana no país.
Aumento excessivo das tarifas, frota inadequada para o transporte dos passageiros, falta de investimento no setor e influencia direta do empresariado conservador podem explicar a ineficiência das políticas públicas ligadas à melhoria da mobilidade urbana no Brasil. Para Silveira e Cocco (2013, p. 43), outro elemento que também agrava a situação é a influência da mídia que se encontra aquém daquilo que seria o ideal na divulgação de informações para a população.
Do mesmo modo, o artigo detalha, de forma bastante crítica, que os problemas da mobilidade urbana no Brasil revelam uma grande desigualdade social, já que a classe que mais depende do transporte público é a que mais sofre com os impactos do aumento das tarifas, o qual, quase sempre, se pauta em justificativas que colocam o Estado como o grande responsável por todos os problemas relacionados. Prova disso é que, em média, as pessoas de baixa renda que dependem do transporte público comprometem quase 16% da renda, dependendo da localidade, o que é um abuso em um país que não oferece um transporte de qualidade para a sua população (Silveira e Cocco, 2013, p.44).
Ao citarem Rangel (2005), Silveira e Cocco (2013) apontam que o projetamento e planejamento dos custos do transporte púbico para a população depende, na maior parte, do próprio Estado, entretanto, devido às estruturas conservadoras que estão por trás da organização estatal, isso não é realizado de forma eficiente, o que prejudica aqueles que, de fato, precisam do transporte público para se locomover, especialmente, os moradores dos grandes centros urbanos.
No caso brasileiro, o patrimonialismo, as relações antiéticas entre o setor empresarial conservador e o poder público e a pressão exercida pelos proprietários fundiários fazem com que a população mais pobre seja conduzida a viver em regiões periféricas e dependa cada vez mais do transporte público. Isso revela que o problema da mobilidade urbana no Brasil vai além da questão econômica, mas possui estruturas sociais de poder, bem organizadas e orquestradas, que condicionam os mais pobres a um status quo de desigualdade social e contribuem para o caos no transporte em várias regiões brasileiras (Silveira e Cocco, 2013, p. 49).
Os autores concluem que o problema com as tarifas do transporte público brasileiro mostra-se mais como um efeito do que uma causa, já que diversos fatores históricos e sociais revelam o que impede o Estado de exercer uma política pública eficiente no que tange à organização e adequação do transporte. Seria fundamental que o Estado, assim como em países da Europa, por exemplo, incentivasse e subsidiasse de forma adequada o uso do transporte público por todos e facilitasse o acesso a esse transporte, para que as forças produtivas em ascensão não sejam prejudicas e, assim, consigamos diminuir a desigualdade social histórica que ainda assola o nosso país.
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