Resenha crítica: Patrimônio Ambiental Urbano: Refazendo um conceito para o planejamento urbano
Por: Laís Barbiero • 31/7/2023 • Resenha • 1.129 Palavras (5 Páginas) • 108 Visualizações
RESENHA CRÍTICA
Acadêmica: Laís Carla da Silva Barbiero
Curso: Geografia – Noturno. Data: 04/05/2011
Disciplina: Planejamento e Gestão do território II
YÁZIGI, Eduardo – Patrimônio Ambiental Urbano: Refazendo um conceito para o planejamento urbano. In: CARLOS, Ana Fani Alessandri; LEMOS, Amália Inês Geraiges (orgs.) – Dilemas Urbanos: novas abordagens sobre a cidade. / São Paulo : Contexto, 2003.
APRESENTAÇÃO DO AUTOR
Diplomado e doutorado em planejamento urbano pela Universidade de Paris, é professor de turismo na USP. Há mais de 20 anos, desenvolve trabalhos ligados ao turismo: atuou na preservação da paisagem do patrimônio histórico e artístico; foi mentor de leis de uso e ocupação do solo de vários municípios turísticos; organizou eventos internacionais na Europa, no Brasil e na Argentina; coordenou congressos e seminários internacionais de cultura, meio ambiente e turismo. (CONTEXTO, 2011)
SOBRE A OBRA
O artigo apresentado pelo professor Eduardo Yásigi vem de encontro com o que vemos acontecer nos espaços urbanos em geral: a substituição de antigos prédios por construções modernas e, muitas vezes, mais rentáveis para os agentes modificadores no poder. Um exemplo disso aconteceu recentemente com a derrubada da antiga rodoviária de Maringá e sua transformação em estacionamento privado. Este espaço, como havia sido declarado pelo prefeito da cidade, Silvio Barros, seria destinado para a cultura, com a construção de uma biblioteca pública, fato que não se concretizou.
O autor começa o artigo conceituando o que é patrimônio ambiental urbano, conceito esse que será transcrito a seguir:
“(...) uma associação de conjuntos arquitetônicos com espaços e equipamentos públicos, além dos elementos naturais como vegetação, rios, topografia etc.”
O patrimônio é tido como algo físico, e seu valor depende da importância que ele atinge diante dos olhos das pessoas, e é a partir deste valor dado que surgem os investimentos para sua preservação. Ou seja, não importa o que um determinado prédio pode ter representado na história de uma cidade, se não existir o sentimento de pertença e a vontade política para que o mesmo seja mantido.
Muitas vezes, a degradação de determinados ambientes leva ao desequilíbrio da ambiência urbana, principalmente nos centros das cidades. Construções abandonadas, mesmo sendo de grande significância, não passam de “lixo” diante dos olhos da população – resignada e passiva – dos políticos – incompetentes diante da gestão da cidade - e dos investidores - que veem no espaço uma forma de investimento lucrativo.
Para ser considerado patrimônio ambiental urbano, classicamente, os ambientes devem ser preenchidos de valores, que o autor divide da seguinte forma:
- Valor Histórico: Tem como principal razão a consciência, que de forma seletiva agrega menor ou maior significado para determinado ambiente. O autor não prega que todos os prédios com sentido histórico sejam preservados, afinal, deve-se perceber o passado, sem deixar de seguir em frente com o futuro.
(...)toda história nos mostra que o verdadeiro moderno é a melhor forma de como o passado chegou até nós.
- Valor Social: Diz respeito às práticas sociais e o sentimento de pertença que pode se adquirir a partir disto. É, portanto, um valor que pode assumir diversas formas dependendo das práticas que os grupos fazem dos espaços.
Neste sentido de valor o autor cita a identidade social de um bairro pobre em contraste desnivelamento social tão característico de nosso país.
A “boa cidade” não é de todos, mas dum seleto e isolado grupo. Assim, numa perspectiva de mudança, o valor social, expandido, dependerá decisivamente do acesso econômico.
- Valor Cultural: Reflete as práticas ligadas aos regionalismos, etnias, profissões ou opções sub-grupais. Neste caso, o valor é atribuído ao caráter simbólico do ambiente e, não propriamente por seu aspecto físico.
É nesse sentido que quanto mais forte forem os traços culturais do grupo, mais possibilidades haverá de se resistir a um movimento contraditório da globalização.
- Valor Econômico: Está nas inversões de trabalho e valor de uso. Nesse sentido o que impera é a corrupção dos homens públicos, que substituem equipamentos em perfeito estado por outros mais modernos, mas, que não possuem outra função senão a de estar “na moda” a qualquer custo.
Assim, vêem-se substituir abrigos de ônibus, projetos paisagísticos e uma lista infindável de bens e equipamentos, que desprezando o patrimônio assentado, onera a sociedade, que tem de pagar incontáveis vezes pela mesma coisa.
- Valor Técnico: Neste caso temos o mesmo problema encontrado no valor econômico, com o agravante da perda do conhecimento adquirido. Ou seja, “valores que funcionam perfeitamente com técnicas antigas não precisam, necessariamente, ser substituídos”. Por esse motivo, as novas tecnologias que são renovadas constantemente em nosso tempo, devem ser utilizadas de acordo com critérios rigorosos de seletividade, para não comprometer a qualidade ambiental.
- Valor Afetivo: é um valor questionado pelo autor, que indaga até que ponto ele pode ser recriado. Esse questionamento tem a ver com a alta mobilidade de nossos dias que não deixa tempo para se criar um sentimento de pertença.
- Valor Estético-formal: É o fator que concretiza todo patrimônio ambiental urbano, pois trata da forma, que é a condição de existência de qualquer coisa. Ainda sim, outro paradigma deve ser analisado, pois, ao tomar forma, qualquer coisa assume também uma especificidade estética.
Cada época e cada cultura tiveram ocasião de expressar variadas formas urbanas com notável grau estético.
As novidades que são aderidas aos espaços urbanos fazem com que haja uma perda da brasilidade dos ambientes. As técnicas modernas substituem a arquitetura original, sem respeitar suas formas e utilidades, que muitas vezes representam uma adaptação as variáveis climáticas de uma determinada região. Assim, substituem-se por concreto e vidro toda e qualquer forma considerada obsoleta, causando uma padronização das ambiências urbanas sem ponderar sobre as particularidades regionais.
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