RECORTE DA PROPOSTA CURRICULAR – EDUCAÇÃO CONTEXTUALIZADA PARA
Por: Ályson Lopes • 16/9/2021 • Exam • 7.367 Palavras (30 Páginas) • 144 Visualizações
RECORTE DA PROPOSTA CURRICULAR – EDUCAÇÃO CONTEXTUALIZADA PARA
COVIVENCIA COM O SEMIÁRIDO
5.1. Áreas de Conhecimento
A compartimentalização do conhecimento, presença ainda forte na realidade educacional atual é produto da desqualificação e atomização das tarefas humanas, ocorrida no âmbito da produção, foram responsáveis por uma parcela dos processos de especialização do saber, materializada na fragmentação dos conhecimentos culturais e universais em disciplinas estanques e isoladas. Este processo marca-se por uma relação profunda entre a fragmentação econômica, social e política e a fragmentação escolar desencadeadas no contexto histórico mundial que culminou no final do primeiro milênio. O desenvolvimento científico edificado no século XIX produziu uma mudança significativa, principalmente nas relações de produção e de trabalho e, consequentemente nas teorias que o orientou.
A concepção da área resulta de um arranjo estrutural que respeita a diversidade de cada disciplina, mas trata a aprendizagem dos conceitos de cada uma de forma convergente e passível de ser conduzida integradamente. Essa articulação interdisciplinar, promovida por um aprendizado com contexto, não deve ser vista como um produto suplementar a ser oferecido eventualmente se der tempo, porque sem ela o conhecimento desenvolvido pelo aluno estará fragmentado e será ineficaz.
O envolvimento dos professores das áreas do conhecimento garantirá a qualidade de “aproximação” disciplinar, num primeiro momento, e depois a interdisciplinaridade. É preciso disposição para pensar e fazer diferente. É preciso que os cursos de formação de professores ousem na reflexão sobre as formas de superar a visão disciplinar na educação. As três áreas – Ciências da Natureza e Matemática, Ciências Humanas, Linguagens e Códigos – organizam e interligam disciplinas, mas não as diluem nem as eliminam. A articulação entre as áreas é uma clara sinalização para o projeto pedagógico da escola. Envolve uma sintonia de tratamentos metodológicos e, no presente caso, pressupõe a composição do aprendizado de conhecimentos disciplinares com o desenvolvimento de competências gerais.
De forma consciente e clara, disciplinas da área de linguagens e códigos devem também tratar de temáticas científicas e humanísticas, assim como disciplinas da área científica e matemática, ou da humanista, devem também desenvolver o domínio de linguagens. Explicitamente, disciplinas da área de linguagens e códigos e da área de ciências da natureza e matemática devem também tratar de aspectos históricos geográficos e culturais, ingredientes da área humanista, e, vice-versa, as ciências humanas devem também tratar de aspectos científico-tecnológicos e das linguagens.
Nas Ciências Humanas, a problemática da identidade, por exemplo, é objeto de estudo da Psicologia, da Sociologia, da Filosofia e da História e pelo estudo da linguagem específica com que tais áreas de conhecimento a formatam. Ela vai estar presente nas questões de afirmação e autoestima do jovem estudante, no estudo antropológico das organizações familiares, das culturas alimentares, musicais ou religiosas, nas questões de identidade nacional diante da globalização cultural e do diálogo com a diversidade.
GRAFICO DA MATRIZ CURRICULAR DA EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL
[pic 1]
- Área de Linguagens e Códigos
Esta área é, por sua natureza, transdisciplinar, pois se apresenta como elemento indispensável à socialização das mais variadas formas de saber. Abarca em si processos de interações, relações comunicativas de conhecimento e reconhecimento, códigos e símbolos. É também produtora de cultura e comunicação social.
O conceito de linguagem é a espinha dorsal da área, sustenta direta ou indiretamente todos os demais, articulando-os, pois dele deriva a constituição e a natureza da própria área (língua portuguesa; língua estrangeira; linguagens da arte; linguagem corporal; linguagem digital).
Assim, Linguagem é todo sistema que se utiliza de signos e que serve como meio de comunicação. Trabalhar as linguagens não apenas como formas de expressão e comunicação, mas como constituidoras de significados, conhecimentos e valores. (PCNEM, p. 87)
A contextualização da língua e das demais linguagens em textos de uso e ocorrência efetiva no dia-a-dia certamente constitui-se no ponto de partida para que os dados adquiram significado. Ler e escrever são atividades comunicativas e que devem, portanto, ocorrem através de textos reais onde o leitor ou escritor lança mão de seus conhecimentos da língua por se tratar de uma estrutura integrada, na qual os aspectos sintático, semânticos e fonológicos interagem para que se possa atribuir significado ao que está graficamente representado nos textos escritos.
Na fase inicial de aquisição da leitura e da escrita, a concepção de letramento e alfabetização, orienta a pratica em sala de aula, pois temos defendido uma proposta pedagógica que dê suporte ao pleno desenvolvimento desses dois aspectos envolvidos na aprendizagem da leitura e da escrita desde o início da escolaridade, distribuindo o tempo pedagógico de forma equilibrada e individualizada entre atividades que estimulem esses dois componentes: a língua através de seus usos sociais (gêneros textuais) e o sistema de escrita através de atividades que estimulem a consciência fonológica e evidencie de forma mais direta para a criança as relações existentes entre as unidades sonoras da palavra e sua forma gráfica (Ver Rego 1986, 1988).
Vale observar que, no contexto educacional, a linguagem escrita e a oral ainda têm ocupado o centro das intervenções pedagógicas, em detrimento de outras linguagens que também são importantes na formação humana. Por isso, a escola precisa levar em consideração, além da escrita e da oralidade, a dança, a brincadeira, o jogo, o esporte, as atividades físicas, a dramatização, a música, o toque, o ritmo, enfim, as inúmeras formas de manifestações corporais. Como expressões legítimas dos alunos, essas linguagens não podem ficar limitadas a um segundo plano no projeto da escola. Além disso, elas precisam ser trabalhadas com a intenção de ampliar as possibilidades do educando de produzir, expressar e comunicar suas ideias, interpretar e usufruir as produções culturais, bem como vivenciar, ludicamente, sua corporeidade.
Compreender o corpo como totalidade significa conceber o sujeito a partir da indissociabilidade de suas dimensões biológica, afetiva, cognitiva, histórica, cultural, estética, lúdica, linguística, dentre outras. Significa compreender que o ser humano é um todo indivisível que pensa, sente e age, simultaneamente. Além de conceber o corpo na sua totalidade, é preciso compreender que a forma como os sujeitos lidam com o corpo não é universal, e sim uma construção social resultante de significativos processos históricos. Em outras palavras, as concepções que os seres humanos desenvolvem a respeito de seu corpo e da forma de se comportarem corporalmente estão condicionadas a fatores sociais e culturais. O nosso corpo revela nossa singularidade e caracteriza nosso grupo cultural. O corpo não é, assim, algo que possuímos “naturalmente”, ele é também uma construção sociocultural e política. Como produto e produtor de cultura, é construído ao longo da vida, sendo, cada vez mais, suporte de signos sociais contraditórios.
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