Resenha de qualidade de software

Resenha de Qualidade de Software

Autor: Pablo F. F. Iglesias

Na sociedade moderna, os softwares passaram a ter um papel vital na nossa rotina diária. Afinal, hoje em dia tudo depende de software: o piloto de avião para navegar, sistemas de pagamentos de contas, sistemas bancários, enfim, uma afinidade de softwares que todos nós dependemos. Portanto, um erro pode colocar a vida de pessoas em risco, causar perdas de negócio e produtividade, prejuízos financeiros, comprometer da reputação da empresa, etc. Isso gera uma crescente demanda por novas tecnologia e com isso a confiabilidade dos softwares passou a ser um fator crucial para os fabricantes junto a seus clientes, que por sua vez buscam fornecedores capazes de produzir softwares de alta qualidade em prazos cada vez menores.

Não é surpresa portanto que a etapa mais imporante, o levantamento dos requisitos de software, seja deixada em segundo plano, uma vez que os prazos de entrega estão cada vez mais curtos. Com isso, uma grande quantidade de programss sendo liberados para o cliente final com erros críticos, fazendo com que muitas empresas relutem em atualizar para novas versões, afinal, é preferível lidar com os problemas já conhecidos do que lidar com os novos bugs da atualização.

Reescrever um código é muito mais trabalhoso e requer muito mais tempo do programador, uma vez que a maior parte dos softwares não teve as documentações de análise necessárias feitas antes do início do projeto ou ainda – seja por falta de conhecimento ou de experiência – teve os requisitos levantados de forma errônea ou ambígua. Assim, o desenvolvedor, por não conhecer os requisitos ou por não ter a documentação de software necessária ou ainda por desordem acaba reescrevendo códigos já escritos.

Além disso, quando uma pessoa diferente, que não está a par do projeto, começa a mexer nele, acaba levando meses para conhecer o software. Afinal, como a documentação é excassa ou até inexistente, o conhecimento a cerca desse software se encontra na cabeça de alguns, fazedo com que o desenvolvimento do código fique comprometido e acaba tornando a tarefa de testar o software para garantir menor risco de erros muito difícil e demorada.

Um péssimo hábito de muitas empresas é ignorar as fases de um projeto, ou seja, os requisitos são rápidamente levantados e o desenvolvimento é logo iniciado. Isso leva à falta de documentação e, no futuro, cria diversos problemas para reescrever códigos com erro, além de também dificultar a análise do software feita pelas equipes de testes.

Já na hora de gerenciar as mudanças de versões, o que se vê é uma completa desorganização. Não há um controle de versões e nem do que foi alterado, assim quando, por exemplo, um banco de dados muda sem comunicar acaba interferindo em outros módulos do software. Esses erros cometidos com a desculpa de economizar tempo poderiam ser evitados com o uso de simples ferramentas para o controle de versão como por exemplo o CVS.

Além disso, muitas vezes as empresas fazbricantes não contam com um time de teste e, geralmente, quem acaba se responsabilizando por essa tarefa são os desenvolvedores, que por sua vez seguem uma lógica diferente da do usuário final. Isso faz com que erros passem despercebidos e sejam sentidos, muitas vezes, apenas pelo prório cliente. Ou ainda, quando há uma equipe de teste, essa executa testes mais superficiais e, muitas vezes, não utiliza ferramentas de automação e de gestão de testes, de gestão de defeitos, etc. Além disso, fazem testes de usuário e não testam o banco de dados, não catalogam os defeitos em níveis de severidade e não criam mensagens de erro a fim de ajudar o usuário a contornar possíveis falhas.

Portanto, devido aos fatores já citados, essas empresas acabam focando na correção de erros ao invés da evolução do software ou de novas soluções. Como, atualmente, os softwares se comunicam com tudo: WebService de nota fiscal eletrônica, PAD, celulares, internet, rede, etc devem se portar para os mais diversos sistemas operacionais, os mais diversos browsers, e tudo isso leva a uma maior complexidade, não apenas de código mas de análise, e uma boa documentação para manutenção e continuidade dos softwares se faz essencial. Afinal, sem um bom levantamento de requisitos, análise, documentação e projeto a chance de erros é enorme e pior: sem todos estes passos antes do desenvolvimento será um grande pesadelo difícil de sair.

Se o ramo da engenharia investe seu tempo em análise, documentação, projeto e testes então porque a engenharia de software deveria ser diferente? É preciso que haja uma mudança imediata na mentalidade e cultura dos desenvolvedores e das empresas de software, que mais tempo e esforço sejam investidos nesses itens a fim de que não só a qualidade de software seja aprimorada, mas também de que o rendimento da equipe e de novos contratados seja melhorado. Além disso, isso possibilitaria a criação de novos produtos e, também,diminuiria o tempo gasto pela equipe de suporte técnico e, consecutivamente, os gastos da empresa. Portanto, basta que haja mais preocupação com as etapas iniciais do projeto e com a documentação do mesmo para que a empresa se torne mais competitiva no mercado, uma vez que seus gastos caem e a qualidade dos seus produtos cresce, e ,consequentemente, ter um maior lucro.