Resenha: Projecting Coral Reef Futures Under Global Warming and Ocean Acidification
Por: Victória Carinhena • 9/9/2020 • Resenha • 1.126 Palavras (5 Páginas) • 178 Visualizações
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - UNIVALI
VICTÓRIA CARVALHO CARINHENA
RESENHA CRÍTICA: Projecting Coral Reef Futures Under Global Warming and Ocean Acidification
Itajaí
2020
VICTÓRIA CARVALHO CARINHENA
RESENHA CRÍTICA: Projecting Coral Reef Futures Under Global Warming and Ocean Acidification
Trabalho apresentado como requisito parcial para obtenção da M3 da disciplina de Acidificação dos Oceanos do curso de Oceanografia da Universidade do Vale do Itajaí.
Professora: Kátia Naomi Kuroshima.
Itajaí
2020
Os recifes de coral existem há 540 milhões de anos e, apesar de ocuparem uma pequena parcela do oceano, abrigam uma grande variedade de espécies. Hoje, eles vêm sofrendo degradação devido a ações antrópicas que levam à acidificação dos oceanos (AO) e ao aquecimento global.
Ao longo da escala geológica, os recifes já sofreram cinco grandes crises - perda de biodiversidade em escala global e interrupção do crescimento do recife. As quatro crises mais recentes coincidem com a AO e com o aquecimento global, sendo que a última (55,8 Ma) foi resultado de um rápido aumento na temperatura superficial do oceano (TSO) e aumento em mesma magnitude do CO2. Registros fósseis são de extrema importância para determinar os resultados ecológicos dessas alterações ambientais. Alguns recifes são mais vulneráveis a CO2, TSO e ao estado de saturação mineral, sendo aqui o mais relevante o da aragonita (Ωarag.), já outros demonstraram maior resiliência que o esperado.
Os recifes são sensíveis a mudanças na temperatura, pois geram um rompimento na simbiose existente entre eles e as zooxantelas. A resposta ecológica a isso é o chamado branqueamento de corais. Nas últimas décadas, eventos em massa de branqueamento têm se tornado mais frequentes e difundidos. Isso leva a uma redução do crescimento e reprodução resultando em uma alta mortalidade dos corais. Os resultados variam de acordo com a espécie e severidade do evento de branqueamento e a recuperação pode levar em torno de uma década, sendo dificultada por espécies de macroalgas ou esponjas que podem vir a tomar o lugar.
A preocupação primordial da acidificação dos oceanos é seu impacto nas taxas de carbonato de cálcio sintetizado por corais e algas coralinas. Respostas a mudanças na Ωarag. na calcificação, são cruciais para prever impactos futuros da AO. Por exemplo, para 2065 é esperado um declínio de 40-83% na calcificação dos recifes. O custo energético dessa calcificação pode ser justamente a chave para prever respostas futuras à acidificação. Corais malnutridos ou com deficiências energéticas apresentarão uma maior sensibilidade e dificuldade de recuperação ou adaptação.
A evolução pode amortecer o impacto gerado pelas mudanças climáticas nos recifes ou acelerar seu declínio. As restrições genéticas podem limitar o alcance da resposta evolutiva do organismo, assim como, a evolução pode ser restringida quando os organismos do recife apresentam respostas opostas onde uma anula a outra. Uma solução seria a plasticidade fenotípica que permite aos organismos acompanharem as mudanças ambientais mesmo sem ter uma alteração genética, promovendo persistência e adaptação em frente a mudanças ambientais repentinas. Porém, como tudo na natureza, a plasticidade tem um preço. O custo dessas adaptações pode implicar na performance fisiológica do organismo ou dificultar mudanças futuras.
A projeção futura mais pessimista é de perda global de biomassa devido ao branqueamento. Os resultados futuros vão depender da adaptação dos organismos às mudanças e da redução agressiva das emissões de gases, considerando que a maioria dos recifes mundiais estará comprometido quando o CO2 atmosférico atingir 560 ppm.
Outras variáveis físicas como luz e nutrientes, podem estar influenciando as taxas futuras de calcificação. Redução nos nutrientes ou na aquisição de energia heterotrófica pode acelerar o declínio na calcificação de todos os recifes no próximo século.
Por fim, precisamos lembrar que a pesca, a poluição e a fragmentação de habitats reduz o potencial dos corais de se adaptarem a condições mais quentes e ácidas, por isso, além de políticas climáticas, é necessário um gerenciamento local dos recifes focado em estressores não climáticos como áreas de proteção marinhas, gerenciamento pesqueiro e planejamento marinho espacial. Quando o ambiente muda rapidamente o risco de extinção diminui se há um aumento na variação genética. Portanto, populações grandes e bem conectadas têm maiores chances de evoluírem, já populações que tiveram sua variação genética reduzida devido à intensa seleção no passado enfrentam dificuldades na evolução. Com isso, concluímos que atrasar as mudanças climáticas e reduzir a intensa seleção imposta pelos impactos antropogênicos será crítico para facilitar a persistência dos corais.
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