Ética Aristotélica A ética
Por: João Marcos Martins • 22/6/2016 • Projeto de pesquisa • 3.327 Palavras (14 Páginas) • 359 Visualizações
ÉTICA ARISTOTÉLICA
Ética Aristotélica A ética, nas obras Aristotélicas diz respeito ao indivíduo, enquanto a política considera o homem na sua dimensão social. Como conceito aristotélico de ética podemos dizer que é a arte de viver, ou “saber-viver”, agregando valores, boa utilização dos prazeres, ação virtuosa. Todo o conhecimento e todo trabalho visam a algum bem, e o mais alto de todos os bens certamente será a felicidade, dessa forma, devemos procurar o bem e indagar o que ele é, se existe uma finalidade para tudo o que fazemos, a finalidade será o bem. O bem deve ser algo atingível pelo homem, através de sua atividade, na prática, e não um “bem em si”, ideal e inatingível. Devemos prosseguir do bem que é desejável por causa de outra coisa ao bem que sempre é desejável em si: Parece que a felicidade, mais que qualquer outro bem, é tida como este bem supremo, pois a escolhemos sempre por si mesma, e nunca por causa de algo mais. E a felicidade não como uma forma abstrata, ideal, mas a felicidade como uma forma de viver bem e conduzir-se bem. Não como em alguns casos de vida prática de alguns homens especialmente dos mais vulgares, que parecem “identificar o bem, ou a felicidade, com o prazer. Consideramos bens aquelas atividades da alma, a felicidade identifica-se com a virtude, pois à virtude pertence à atividade virtuosa. No entanto, o Sumo Bem está colocado no ato, porque pode existir um estado de ânimo sem produzir bom resultado, pois a atividade virtuosa deve necessariamente agir, e agir bem. Pergunta-se se a felicidade é adquirida pela aprendizagem, pelo hábito ou adestramento; se é conferida pela providência divina ou se é produto do acaso. Se for a felicidade a melhor dentre as coisas humanas, seguramente é uma dádiva divina – mesmo que venha como um resultado da virtude, pela aprendizagem ou adestramento, ela está entre as coisas mais divinas. Logo, confiar ao acaso o que há de melhor e mais nobre, seria um arranjo muito imperfeito. A felicidade é uma atividade virtuosa da alma; os demais bens são a condição dela, ou são úteis como instrumentos para sua realização. As virtudes Força interior do caráter, consciência do bem e na conduta pela vontade guiada pela razão. Há duas espécies de virtudes: as intelectuais e as morais. As virtudes intelectuais são o resultado do ensino, e por isso precisam de experiência e tempo; as virtudes morais, também chamada de excelência moral, são adquiridas em resultado do hábito, da prática, elas não surgem em nós por natureza, mas as adquirimos pelo exercício, tornamo-nos justos praticando atos justos. Também pelas mesmas causas e pelos mesmos meios que se gera e se destrói toda a virtude, assim, como a arte: “de tocar o instrumento surgem os bons e os maus músicos”. A importância do desenvolvimento da excelência moral está relacionada com as ações e emoções, e estas relacionadas com o prazer ou sofrimento, é a capacidade que se desenvolve para lidar com as emoções e ações na relação direta com o prazer ou sofrimento, o bom uso da relação entre ambos. É pelos atos que praticamos, nas relações com os homens, que nos tornamos justos ou injustos. Por isso, faz-se necessário estar atento para as qualidades de nossos atos; tudo depende deles, desde a nossa juventude existe a necessidade de habituar-nos a praticar atos virtuosos. E em nossa natureza o excesso e a falta são destrutivos: Tanto a deficiência como o excesso de exercício destroem a força; e da mesma forma, o alimento e a bebida que ultrapassam determinados limites, tanto para mais como para menos, destroem a saúde. Também nas virtudes, o excesso ou a falta são destrutivos, porque a virtude é mais exata que qualquer arte, pois possui como atributo o meio-termo – mas é em relação à virtude moral; é ela que diz respeito a paixões e ações, nas quais existe excesso, carência e meio-termo. O excesso é uma forma de erro, mas, o meio termo é uma forma digna de louvor; logo, a virtude é uma espécie de mediana. É meio-termo entre dois vícios, um por excesso e outro por falta. Mas, nem toda ação e nem toda paixão admitem meio-termo, é absurdo procurar meio-termo em atos injustos; do excesso ou da falta, não há meio-termo. A prática da virtude não se confunde com um mero saber técnico, não basta só o conhecimento simples da virtude, exige-se a consciência do ato virtuoso, e tem como resultado a ação, é necessário frisar a prática dos atos, o homem considerado justo deve agir por força de sua vontade racional, e são três condições para que um ato seja virtuoso, a saber: primeiro, o homem deve ter consciência da justiça de seu ato; segundo, a vontade deve agir motivada pela própria ação; terceiro, deve-se agir com inabalável certeza da justeza do ato. As virtudes são disposições ou hábitos adquiridos ao longo da vida e se fundamentam na idéia de que o homem deve sempre realizar o melhor de si, “é o habito que torna o homem bom e lhe permite cumprir bem sua tarefa”. Para Aristóteles as virtudes morais como disposições ou atitudes para a ação, adquiridas mediante o exercício e aperfeiçoadas pela prática. Daí a importância do hábito no desenvolvimento desta excelência: as pessoas não nascem boas, mas nascem com a capacidade de tornarem-se boas se desenvolverem as disposições apropriadas mediante a prática reiterada de boas ações. É pela prática dos atos justos que se gera o homem justo, é pela prática de atos temperantes que se gera o homem temperante; é através da ação que existe a possibilidade de alguém tornar-se bom: “Mas a maioria dos homens não procede assim. Refugiam-se na teoria e pensam que estão sendo filósofos e se tornarão bons dessa maneira. Nisso se portam como enfermos que escutassem atentamente seus médicos, mas não fizessem nada do que estes lhe prescrevem” O homem bom, portanto, é aquele que exerce com sucesso suas funções se realizando, elevando sua vida até a mais alta excelência de que é capaz, vivendo bem e feliz: “o bem para o homem vem a ser o exercício ativo das faculdades da alma de conformidade com a excelência”. A definição é complementada logo a seguir com a adição da frase “deve estender-se por toda a vida” para reforçar a afirmação de que um momento de felicidade não constitui a bem-aventurança (felicidade), assim como uma andorinha só não faz o verão. A virtude está em nosso poder de escolha, e a escolha envolve um princípio racional, ela é aquilo que colocamos diante de outras coisas, o objeto da escolha é algo que está em nosso alcance e este é desejado após a deliberação, as ações devem concordar com a escolha e serem voluntárias, podemos escolher entre a virtude e o vício, porque se depende de nós o agir, também depende o não agir. Depende de nós praticarmos atos nobres ou vis, ou então, depende de nós sermos virtuosos ou viciosos. Fica esclarecido que as virtudes são voluntárias, porque somos senhores de nossos atos se conhecemos as circunstâncias, e estava em nosso poder o agir ou o não agir de tal maneira. E esse agir não é isolado, ou individual, é sempre agir em relação ao outro. Os vícios também são voluntários, porque o mesmo se aplica a eles. A virtude deve se mostrar nas ações “da mesma forma que nos jogos Olímpicos os coroados não são os homens mais fortes e belos, e sim os que competem (alguns destes serão vitoriosos), quem age conquista, e justamente, as coisas boas da vida”. As Virtudes Morais: Coragem – é meio-termo em relação ao sentimento de medo e de confiança, a bravura relaciona-se com as coisas mais nobres como a morte na guerra, e bravo é aquele que se mostra destemido em face a uma morte honrosa, os bravos, embora temam aquelas coisas que estão acima das forças humanas, caracterizam-se por enfrentá-las como se deve; e aquele que diz não ter medo, que é insensível ao que realmente é terrível, é o homem temerário, ele é um simulador de coragem, porque deseja parecer corajoso; e aquele que excede no medo é covarde, porque ele teme o que não deve temer, falta-lhe confiança e é dado ao desespero por temer certas coisas, a covardia e a temeridade são a carência e o excesso e a posição correta é a bravura. Temperança – é o meio-termo em relação aos prazeres e dores, as espécies dos prazeres com que se relaciona são os prazeres corporais, Ao intemperante somente interessa o gozo do objeto em si, no comer e beber e na união dos sexos. Por causa dos prazeres, a intemperança é, dentre os vícios, a mais difundida; e é motivo de censura porque nos domina, não como homens, mas como animais. O apetite é natural, mas o engano é o excesso. O excesso em relação aos prazeres é intemperança e é culpável, porque, nesse estado, somos levados pelo apetite. Os apetites devem ser poucos e moderados, e não podem opor-se, de modo algum, ao princípio racional. No homem temperante, o elemento apetitivo harmoniza-se ao racional, o que ambos tem em mira é o nobre. Liberalidade – é o meio-termo no dar e no receber dinheiro. O excesso é a prodigalidade e a deficiência é a avareza. Magnificência – é um meio-termo quanto ao dinheiro dado em grandes quantias; o excesso é a vulgaridade e o mau gosto, a deficiência é a mesquinhez. A deficiência a essa disposição de caráter é a mesquinhez; este fica aquém da medida em tudo, em tudo o que faz estuda a maneira de gastar menos e lamenta até o pouco que tem. O excesso é a vulgaridade, porque gasta além do que é justo. Por exemplo, dá um jantar de amigos na escala de um banquete de núpcias. Justo Orgulho – é o meio-termo em relação à honra e à desonra. O excesso é a ‘vaidade oca’ e a deficiência é a humildade indébita. Calma – é o meio-termo em relação à cólera; aquele que excede é o irascível, o que fica aquém é o pacato. Louva-se o homem que se encoleriza justificadamente, tal homem tende a não deixar-se perturbar nem guiar-se pela paixão, mas ira-se da maneira, com as coisas e no tempo prescrito. A deficiência é a pacatez, e essas pessoas não se encolerizam com coisas que deveriam excitar sua ira; também são chamados de tolos e insensíveis. O excesso é o homem irascível, que encoleriza-se com coisas indevidas e mais do que convém. Justiça – nela faz-se necessário distinguir as duas espécies e mostrar em que sentido cada uma delas é um meio-termo. A justiça é a disposição de caráter que torna as pessoas propensas a fazer o que é justo e a desejar o que é justo. Dessa forma, a justiça é uma virtude completa ou é muitas vezes considerada a maior das virtudes. É uma virtude completa por ser o exercício atual da virtude completa, isto é, aquele que a possui pode exercer sua virtude sobre si e sobre o próximo. Por isso se diz que somente a justiça, entre todas as virtudes, é o bem do outro, visto que é possível fazer o que é vantajoso a um outro. O melhor dos homens é aquele que exerce sua virtude para com o outro, pois essa tarefa é a mais difícil. A justiça política divide-se em natural e legal. A natural é aquela que tem a mesma força em toda parte; a legal é a justiça estabelecida, no tocante à justiça, cabe destacar que é o caráter voluntário ou involuntário que determina o justo. O homem somente é justo quando age de maneira voluntária, e se age involuntariamente não é justo nem injusto, a não ser por acidente. - See more at: http://www.formacaosolidaria.org.br/2013/06/03/etica-aristotelica/#sthash.mUWUXw9I.dpuf
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